Namoro ou
amizade?
Amor e amizade nem sempre são etapas de um
mesmo processo.
Quem nunca se apaixonou por um amigo que
atire a primeira pedra. Quem nunca confundiu todo aquele companheirismo, bem
querer e proximidade com algo que ia muito além da broderagem que dê
um passo a frente e deixe a sala imediatamente. Gente, na boa, tem coisa mais
fácil do que se deixar levar por aquela sensação de confiança e intimidade e
acabar imaginando que existe algo mais do que fraternidade em todos aqueles
gestos e boa vontade? Não tem. É aí que mora o perigo.
Veja bem, amizade é um dos tipos mais
poderosos de afeto que existem. Amigos vivem e morrem uns pelos outros, ouvem
histórias, ajudam sem julgar e estão sempre lá para dar uma mão quando a barra
pesa demais, seja com um conselho de última hora ou uma dose de tequila. Sem
falar nos gostos parecidos, nas piadas internas e nas milhares de coisas
vividas juntas que trazem uma sensação de aconchego que nem colo de mãe supera.
Fala sério, essa é ou não é a receita de um relacionamento perfeito? Até seria,
se não fosse por um pequeno detalhe: não há amor entre amigos. Pelo menos não
do tipo romântico em que as pessoas se beijam, e se casam e vivem felizes para
sempre em casas com cerquinha branca. E isso, minha amiga, muda tudo.
Porque amigos, ao contrário de namorados, não
exigem exlcusividade, o que dá uma baita leveza para a história. Então pense
bem antes de enfiar, a força, a carapaça de "homem da sua vida"
naquele cara que você conhece há anos e que nunca deu sinais de querer levar o
relacionamento de vocês para outro nível. Porque ele pode, simplesmente, não
ser a melhor escolha para o papel.
Concordo que a gente não controla o que sente
e muitas vezes somos pegos de surpresa por esse sentimento que tomou um rumo
inesperado. No entanto, é preciso estar atento para não confundir os canais e
colcoar na prateleira o amor o que deveria ser jogado no cesto da carência.
Porque eu aposto como esse amor repentino surgiu, justamente, em um momento em
que a vida te deu uma rasteira e você, sem muitas perspectivas, se voltou para
o ombro amigo mais próximo.
O lance da projeção também pode levar as
pessoas a pensar que o sentimento pelo outro deixou de ser amizade. Porque, as
vezes, a gente gosta tanto do outro, admira tanto o outro, se diverte tanto com
o outro que acaba querendo ser o outro. Só que não dá, né? Então a gente enfia
na cabeça que quer ter o outro só para gente na tentativa de absorver por
osmose um bocadinho daquilo tudo que faz dele um ser tão especial. Precisa
dizer que isso não vai dar certo? Acho que não.
Não estou dizendo que amigos não podem ser
amantes e vice-versa. De vez em quando o afeto se transforma e ganha outros
significados. Sorte dos pombinhos se conseguirem manter seu relacionamento leve
e profundo como as grandes amizades sãos. O problema é pensar que amor e
amizade são etapas de um mesmo processo. Porque geralmente não são.
Longe de mim desencorajar quem quer que seja
a viver suas paixões por mais improváveis que elas pareçam. Só acho que não
custa nada conferir se tem água na piscina antes de pular. Ou melhor, convém
ver se a tal piscina existe mesmo ou se não é uma miragem criada pela sede
extrema de afeto da qual sofremos vez ou outra na vida.
http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/namoro-ou-amizade-164019742.html
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