A queda e enforcamento de Saddam
Hussein
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Saddam
Hussein caiu em Abril de 2003, após a invasão comandada pelos Estados Unidos
da América. O seu julgamento, por crimes contra a humanidade e pela morte de
148 xiitas em Dujail, terminou em Novembro de 2006, por um tribunal que ele
nunca reconheceu.
Cumpriu-se
a intenção do chamado «Alto Tribunal Penal» iraquiano: Saddam Hussein foi
dependurado e enforcado por volta das 06h00 (locais) de Sábado, (03h00 em
Lisboa) de 30.12.2006. Foram também executados o seu meio-irmão Bazza al
Tikriti e o ex-juís Awad al-Bandar. Hussein teria que ser julgado, ainda, por
muitos outros crimes que cometeu ou consentiu. Mas não foi. Havia que fazer
desaparecer, de entre os vivos, rapidamente, o homem que nas últimas três
décadas mais amores e ódios provocou. Basta recordar o apoio que o poder
americano lhe deu na guerra contra o Irão nos anos 80 (de 80 a 88) e, depois,
no início dos anos 90, como sofreu os ódios da administração americana,
quando atacou o Koweit. Contradições.
Momentos
antes da aplicação da pena capital, Saddam recusa que lhe cubram a cabeça,
encarando de frente os seus carrascos que, com cuidado, lhe colocaram um pano
negro em torno do pescoço, onde assentaram suavemente o garrote, com um
ajuste final, para que o laço não ficasse largo. O condenado tinha em mãos o
Corão e leu as frases da profissão de fé muçulmana: «não há outro Deus para
além de Alá e Maomé é o seu profeta».
Quem
pensou que, com o desaparecimento físico do antigo senhor de Bagdade, as
coisas acalmariam, enganou-se. A violência aumentou. Especialmente, a
administração americana deve estar com muitas insónias, tendo tempo para
encontrar uma fórmula airosa para fugir do Iraque. É que, ao invés da
calmaria tão desejada, poucas horas após a execução do tirano, ocorreram
várias explosões que, no Iraque, fizeram mais de 70 mortes, em zonas de
maioria xiita (Bagdade, Kufa).
Enquanto
o Irão, o Koweit, Israel e outros países, a quem Saddam causou dano,
rejubilavam, outros países e pessoas choravam e condenavam a sua morte.
Havendo mesmo um país, a Líbia, que decretou três dias de luto oficial em
todo o país, pela morte do «prisioneiro de guerra Saddam Hussein».
Os
governos europeus e o Vaticano condenaram, como era de esperar, a execução de
Sadddam. A União Europeia fala de um erro político grave e condena a pena de
morte em qualquer país. Enquanto que a maioria dos governos do mundo rejeita
a execução por razões que se prendem com os direitos humanos. Mas os Estados
Unidos aplaudiram, como era de esperar, dizendo George W. Bush que acredita
que a morte de Saddam vai ajudar a construir a democracia no Iraque. Santa
Ignorância!
Notícias,
das muitas que circulavam pelas diversas agencias noticiosas internacionais,
on-line, no decorrer do dia seguinte ao da sua execução, diziam que os
responsáveis iraquianos garantiram que as formalidades legais para a execução
de Saddam foram todas cumpridas! Como assim?
Saddam
tinha que ser julgado e condenado pelos crimes que cometeu ou consentiu. Toda
a gente, de bom senso, assim pensará. Mas o que se passou não foi um
julgamento! Que independência tinha aquele tribunal, relativamente ao governo,
a gosto de Bush, o invasor americano, quando os advogados de defesa não
tinham acesso livre ao seu constituinte e ao processo?
Dado
o melindre da situação, crimes contra a humanidade e assassinatos políticos,
não teriam que ser julgados por um Tribunal Internacional, onde todas as
partes estivessem em igualdade de circunstâncias e com observadores
independentes?
Haverão,
ainda, que ser julgados outros ditadores. Talvez se tenha aprendido alguma
coisa com esta enormidade.
Portugal
foi pioneiro, no mundo, na abolição da pena de morte. Assinala a efeméride a
Lei de 1 de Julho de 1867. Eu, por formação e convicção, sou contra a pena de
morte.
Saddam
Hussein jaz em Tikrit, a sua terra Natal. Paz à sua alma. (António Pinela, Reflexões,
Dezembro de 2006).
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terça-feira, 23 de outubro de 2012
Viva a sabedoria...
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