PRF aponta queda de 18% em mortes nas estradas no carnaval
Em seis dias foram registrados
3.149 acidentes, com 157 mortes e 1.793 feridos
O ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, falou sobre os índices da PRF sobre a Operação Carnaval
BRASÍLIA – Acidentes de trânsito
nas estradas federais de todo o país mataram 157 pessoas durante o carnaval
deste ano, o primeiro com as novas regras da Lei Seca em vigor. O número
representa uma queda de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, quando
o número de óbitos foi de 192. Houve queda também no total de acidentes (- 10%)
e de feridos (-19%): foram registradas 3.149 colisões, que deixaram 1.793
feridos.
O balanço da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) foi divulgado nesta quinta-feira pelo ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo. Ele citou o endurecimento da Lei Seca como um dos fatores
responsáveis pela diminuição da violência no trânsito das rodovias federais. O
dados dizem respeito ao período de seis dias entre a 0h da última sexta-feira e
a meia-noite da quarta-feira de cinzas, nos 70 mil quilômetros de estradas da
União.
- Menos famílias choram depois do
carnaval por causa dos acidentes de trânsito - comemorou o ministro.
A PRF divulgou também um outro
índice que compara o número de mortes com o tamanho da frota de veículos. Neste
carnaval, o resultado foi de 2,1 óbitos para cada 1 milhão de veículos, a menor
taxa dos últimos dez anos. Segundo Cardozo, esse é o indicador mais apropriado
para medir a violência no trânsito, uma vez que a quantidade de carros, motos,
caminhões e ônibus aumenta com o passar do tempo.
A diretora-geral da PRF, Maria
Alice Nascimento Souza, disse que, em média, a frota brasileira cresce de 10% a
12% ao ano. No carnaval de 2012, a taxa tinha sido de 2,7, ante 3,3, em 2011;
2,4 em 2010; e 4, em 2004, o índice mais alto do período.
Na comparação de índices do
carnaval de 2013 com o de 2012, houve diminuição de 24% na taxa de mortes, 25%
na de feridos e 17% na de acidentes.
Das 157 mortes registradas neste
ano, 70 ocorreram em colisões frontais, o tipo de acidente mais comum dentre os
que tiram a vida de motoristas e passageiros. As batidas transversais mataram
17 pessoas, os atropelamentos, 14, e os capotamentos, 13.
Embora a lei seca seja apontada
como um dos fatores de redução de vítimas fatais, o balanço da PRF revela que a
ingestão de bebidas alcoólicas foi responsável por 7 das 157 mortes ocorridas
durante o último carnaval. Assim, o consumo de bebidas alcoólicas ocupa a sexta
posição entre as principais causas de acidentes.
A principal, de acordo com o
balanço, foi a falta de atenção, apontada como a responsável por 32 das 157
mortes. Em segundo lugar, aparecem as ultrapassagens indevidas (25 óbitos),
seguidas por velocidade incompatível (16 óbitos), motorista dormindo ao volante
(13 óbitos) e desobediência à sinalização.
O coordenador-geral de Operações da
PRF, José Roberto Soares, disse que o percentual dos acidentes com vítimas
fatais resultantes do consumo de álcool ficou abaixo da média nacional, que é de
20%. No carnaval deste ano, os 7 óbitos correspondem a 4,4% do total. Soares
ressalvou, contudo, que essa média nacional de 20% inclui estradas e vias
urbanas, o que interfere na estatística, uma vez que a ingestão de bebidas
costuma ser um fator causador de maior número de acidentes nas cidades do que
nas rodovias.
Um dos fatores apontados pela PRF
como responsável pela queda de acidentes foi o maior número de agentes nas
estradas. Segundo Soares, foram 1.100 agentes a mais, o que representou um
incremento de 50% em relação a dias normais e 20% a mais do que o efetivo
empregado no carnaval de 2012.
O ministro Cardozo destacou também
o trabalho de inteligência da PRF, que mapeou 100 trechos, cada um com 10
quilômetros de extensão, onde ocorria o maior número de acidentes. Esses
trechos foram alvo de maior fiscalização.
Cardozo disse que o governo estuda
propor mudanças na legislação de trânsito, especialmente no que envolve
ultrapassagens e motos. Ele não adiantou o teor das propostas que poderão ser
enviadas ao Congresso.
Foco da ação da PRF foi motoristas
embriagados
A PRF informou que o foco principal
da fiscalização nas estradas federais foram os motoristas embriagados. Nos seis
dias de carnaval, a polícia rodoviária prendeu 607 pessoas de um total de 1.932
autuadas por consumo de álcool. A quantidade de álcool ingerida é o que
determina se o motorista será detido ou não. Em qualquer situação, porém, quem
é flagrado dirigindo alcoolizado recebe multa de R$ 1.915,40 e tem a carteira
de habilitação apreendida, com abertura de processo administrativo que pode
suspender o direito de dirigir por um ano.
De acordo com a PRF, foram
realizados, 86.224 testes com bafômetros, uma média de 14 mil por dia, o que
representa aumento de 183% em relação ao carnaval de 2012. O percentual de
motoristas reprovados no teste, ou seja, os casos em que o equipamento acusou a
ingestão de álcool, corresponderam a 2,24% do total, sendo que 0,07% resultaram
em prisão.
No ano passado, o Congresso alterou
a Lei Seca, incluindo outros elementos de prova que não o bafômetro ou o teste
de sangue para indicar que um motorista está embriagado. Para isso, a própria
observação do policial pode embasar uma autuação por consumo de bebida
alcoólica. Cardozo classificou a mudança com um importante avanço:
- A lei vinha se tornando inócua.
As pessoas sabiam que bastava não soprar o bafômetro para não serem penalizadas
- disse o ministro.
O número de mortos em estradas
federais do Rio de Janeiro, no carnaval, caiu de 17, em 2012, para 5, em 2013,
uma redução de 70,5%.
Minas Gerais, por sua vez, voltou a
ser o estado com maior número de vítimas fatais no carnaval: 29. No ano
passado, tinham morrido 24 pessoas nas estradas mineiras, no carnaval, uma a
menos do que o registrado na Bahia, naquele ano, quando 25 pessoas perderam a
vida em estradas federais em território baiano.
No carnaval de 2013, a Bahia ficou
em segundo lugar, com 18 óbitos, seguida por Rio Grande do Sul, com 14; Goiás,
com 12; Paraná, com 11; Mato Grosso, com 10; Santa Catarina e Alagoas, com 7; e
Rio de Janeiro, com 5, juntamente com Espírito Santo, Maranhão e Paraíba. O Rio
ficou na nona posição do ranking de mortes no trânsito em estradas federais
durante o carnaval.
- Existem acidentes que são uma
fatalidade, mas existem outros que é como se fossem um suicídio - disse a
diretora-geral da PRF, Maria Alice Nascimento Souza.
Ela destacou o aumento da frota
nacional: em 2004, havia no Brasil 36,6 milhões de veículos. Esse número mais
do que dobrou até 2013, quando a PRF informou haver no país 76,1 milhões de
veículos.
Em números absolutos, o total de
óbitos registrados no carnaval de 2013 é o menor desde 2011, quando perderam a
vida 216 pessoas. No carnaval de 2010, porém, morreram 144 pessoas nas estradas
federais. Nesse período dos últimos dez anos, o número mais baixo de mortes
ocorreu no carnaval de 2009, com 127 óbitos.
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