Poema Sujo - Ferreira Gullar
Turvo turvo a turva mão do sopro
contra o muro escuro menos menos menos
que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo escuro
mais que escuro: claro como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa
alguma e tudo (ou quase) um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde
as entranhas azul era o gato azul era o galo azul o cavalo azul teu cu tua
gengiva igual a tua bocetinha que parecia sorrir entre as folhas de banana
entre os cheiros de flor e bosta de porco aberta como uma boca do corpo (não
como a tua boca de palavras) como uma entrada para eu não sabia tu não sabias
fazer girar a vida com seu montão de estrelas e oceano entrando-nos em ti bela mais
que bela mas como era o nome dela? Não era Helena nem Vera nem Nara nem
Gabriela nem Tereza nem Maria Seu nome seu nome era… Perdeu-se na carne fria
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia.
http://www.mensagenscomamor.com/poemas-e-poesias/melhores_poemas.htm
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