Do que se trata a aculturação?
A aculturação se dá através do
contato e interação de duas ou mais culturas, de forma impositiva ou natural,
dando origem a uma nova cultura.
O contato de duas ou mais matrizes
culturais causa o processo de aculturação
O processo de aculturação se dá pelo
contato de duas ou mais matrizes culturais diferentes, isto é, pela interação
social entre grupos de culturas diferentes, sendo que todos, ou um deles,
sofrem mudanças, tendo como resultado uma nova cultura. Esta, por sua vez, terá
como base elementos de suas matrizes culturais iniciais como no caso da
formação da sociedade brasileira. Como se sabe, são indiscutíveis as
influências que as culturas africana, europeia (principalmente ibérica) e
indígena deram para a constituição da cultura nacional.
É possível afirmar que a aculturação
seria uma forma de transformação cultural promovida por fatores externos
(contato entre padrões culturais diversos) – oposta daquele processo permanente
que ocorre no interior da própria cultura, isto é, dentro da própria sociedade
ao longo da história. É importante que se diga que os valores e os costumes de
um determinado povo podem se transformar segundo uma “dinâmica do próprio
sistema cultural” (LARAIA, 2008, p. 96), embora de uma forma mais lenta e
gradual.
O processo de aculturação pode
ocorrer de forma menos branda, e de maneira mais impositiva, mais rápida,
quando comparada ao outro processo mencionado, embora isso não caracterize uma
regra. Numa relação de poder entre grupos (entre dominadores e dominados), como
se viu nas formas de colonização das Américas portuguesa e espanhola, a aculturação
pode ocasionar alguns traumas quando assume um caráter violento, principalmente
quando o grupo dominado tem sua cultura vilipendiada pelo grupo dominador. Para
ilustrar isso, basta pensar na forma como os europeus lidavam com índios e
negros, bem como na maneira com que tentaram incutir nestes alguns costumes e
valores, como o catolicismo enquanto religião.
Por outro lado, o processo de
aculturação não tem apenas esse aspecto negativo ou radical, mas pode ocorrer
de outra forma, o que significa a existência de uma assimilação de aspectos
culturais entre os povos não de forma impositiva, mas sim natural. Mesmo
porque, como aponta Roque Laraia (2008), não existe um sistema cultural que
seja afetado apenas pelo que aqui se convencionou chamar de mudanças internas à
cultura, principalmente ao se considerar a remota possibilidade do isolamento
total de uma sociedade.
A forte presença de imigrantes
(italianos, alemães, japoneses, poloneses, árabes, entre outros) no Brasil,
principalmente a partir do século XIX, é um exemplo muito significativo,
bastando considerar a influência dada por suas culturas em aspectos como a
culinária e a linguagem hoje presentes na cultura brasileira. Da mesma forma,
ao se avaliar e refletir a respeito dos desdobramentos da globalização
econômica, nota-se que paralelamente a ela ocorre o que se entende por uma
globalização cultural. Essa última, promovida por este avanço do capitalismo e
pelo desenvolvimento dos meios de comunicação como a internet, representa
também o que se pode chamar de ocidentalização do mundo, uma vez que os valores
e costumes ocidentais estão cada vez mais presentes em todas as sociedades, em
todos os continentes. Um cantor pop nos dias de hoje, por exemplo, pode ter uma
legião de fãs nos quatro cantos do mundo, uma vez que os gêneros musicais que
agradam os jovens brasileiros também agradam jovens japoneses, americanos,
mexicanos, ingleses, entre outros. Da mesma forma, isso se dá com relação às
tendências da moda, com os modelos da programação de TV (como as versões de
reality show), e com as produções de cinema.
Isso não significa que as identidades
nacionais ou culturais irão se perder, nem que podem ser extintas, mas que é
importante, porém, pensar-se nos limites de uma massificação cultural. Dessa
forma, se a assimilação de expressões em inglês pode facilitar no
desenvolvimento cotidiano do trabalho, considerando-se as inúmeras expressões e
jargões técnicos existentes, é preciso refletir sobre o que está por trás dessa
invasão de termos de uma língua estrangeira. Assim, fica a pergunta: haveria
apenas a dominação de forma truculenta, pela força e pela violência, ou pode
haver uma que se dê de maneira velada, implícita? Se refletir sobre essa
questão parece algo interessante, não se pode perder de vista a dominação
ideológica que grupos ou países podem exercer sobre outros.
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