Artes plásticas
No início da década de 1830, um grupo
de pintores, entre os quais Théodore Rousseau, Charles-François Daubigny e
Jean-François Millet, se estabeleceu no povoado francês de Barbizon com a
intenção de reproduzir as características da paisagem local. Cada um com seu
estilo, enfatizaram em seus trabalhos o simples e ordinário, ao invés dos
aspectos grandiosos da natureza. Millet foi um dos primeiros artistas a pintar
camponeses, dando-lhes um destaque até então reservado a figuras de alto nível
social. Outro importante artista francês frequentemente associado ao realismo
foi Honoré Daumier, ardente democrata que usou a habilidade como caricaturista
a favor de suas posições políticas.
O primeiro pintor a enunciar e
praticar deliberadamente a estética realista foi Gustave Courbet. Como a enorme
tela "O estúdio" foi rejeitada pela Exposition Universelle de 1855, o
artista decidiu expor esse e outros trabalhos num pavilhão especialmente montado
e deu à mostra o nome de "Realismo, G. Courbet". Adversário da arte
idealista, incitou outros artistas a fazer da vida comum e contemporânea motivo
de suas obras, no que considerava uma arte verdadeiramente democrática. Courbet
chocou o público e a crítica com a rude franqueza de seus retratos de operários
e camponeses em cenas da vida diária.
O realismo tornou-se uma corrente
definida na arte do século XX. A ela se integram as cenas quase jornalísticas
do lado mais desagradável da vida urbana produzidas pelo grupo americano
conhecido como Os Oito, e a expressão do cinismo e da desilusão do período após
a Primeira Guerra Mundial na Alemanha, presente nas obras do movimento
conhecido como Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade).
O realismo socialista, adotado como
estética oficial na União Soviética a partir dos primeiros anos da década de
1930, foi pouco fiel às características originais do movimento. Embora se
propusesse também a ser um espelho da vida, sua veracidade deveria estar de
acordo com a ideologia marxista e as necessidades da construção do socialismo.
O maior teórico do realismo
socialista foi o húngaro György Lukács, para quem o realismo não se limita à
descrição do que existe, mas se estende à participação ativa do artista na
representação das novas formas da realidade. Essa doutrina foi implementada na
União Soviética por Andrei Jdanov. Em pintura, destacou-se entre os soviéticos
Aleksandr Gherassimov. Os retratos de intrépidos trabalhadores produzidos
dentro da linha do realismo socialista, no entanto, deixam transparecer um
positivismo heroico, mas a ambição realista perde-se na idealização de uma
organização social perfeita. Grande número de artistas soviéticos, partidários
de uma sociedade de justiça social mas cerceados em sua liberdade essencial de
criar, abandonaram o realismo socialista, deixaram a União Soviética e se
integraram aos movimentos artísticos do Ocidente.
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