Èmile Durkheim e a
crítica às perspectivas sociológicas de Comte e Spencer
Durkheim,
um dos pais da sociologia moderna, criticou as perspectivas sociológicas de
Auguste Comte e Herbert Spencer, porque, entre outros motivos, este sintetizou
os fatos sociais; e aquele generalizou o termo “sociedade”.
Comte
queria explicar o movimento social consolidado, colocando os fatos sociais como
idênticos em todos os lugares, variando apenas sua intensidade.
Durkheim
criticou a perspectiva comteana pela sua generalização do termo “sociedade”,
proposto como objeto de estudo para as ciências sociais, que deveriam utilizar
como método a observação dos fatos sociais.
Ao
propor a sociedade como um organismo social, Comte a elevou à condição de SER,
com uma natureza e leis próprias, mas não levou em consideração os diferentes
tipos de sociedades existentes, colocando essas diferenças como etapas
distintas de uma mesma evolução. Ele pretendia explicar o movimento social
consolidado, colocando os fatos sociais como idênticos em todos os lugares,
variando apenas na sua intensidade.
Durkheim,
em contrapartida, sugeriu a observação das várias sociedades, não como
pertencentes a uma evolução que desemboca no mesmo lugar, mas como espécies
distintas de um organismo cujas observações e comparações nos levariam a
conhecer tal organismo. Além disso, Comte não atribuiu ao termo “organismo” seu
devido valor, pois não conseguiu explicar de onde veio ou como se consolidou
esse novo ser que ele sugere, já que este não é uma evolução do indivíduo
(continuidade).
Spencer,
por sua vez, percebeu e estudou as várias sociedades, classificando-as,
procurando leis gerais da evolução social (as quais todas as sociedades
deveriam enfrentar e utilizar), encontrando na analogia entre ser social e ser
vivo (indivíduo) o modo de conhecer o organismo social, uma vez que a vida
social deriva da vida individual e, portanto, guarda semelhanças para com ela.
A crítica que Durkheim dispensa a Spencer é por ele não ter estudado os fatos
sociais para conhecê-los, mas para deduzir deles leis gerais que pretendem
explicar toda a realidade pelas leis da evolução. Desse modo, sintetizou e
generalizou os fatos sociais, submetendo-os a uma mesma lei geral, quando cada
fato social deveria ser estudado particularmente, com o objetivo de conhecê-lo
e de estabelecer regras para aquele tipo determinado de sociedade, sem
generalizações abstratas que de nada servem para o desenvolvimento dessa nova
ciência.
Após
uma breve análise do caminho percorrido pela sociologia desde o seu nascimento,
Durkheim propôs para essa nova ciência um objeto determinado, a saber: os fatos
sociais. Para estudá-los, ele propôs o método da observação e experimentação
indireta, ou seja, o método comparativo, o único pelo qual a sociologia pode se
tornar uma ciência positiva e chegar a resultados sólidos, livres das
abstrações metafísicas.
Desse
modo, a própria ciência nascente, à medida que se constitui, produz suas
próprias divisões essenciais a fim de uma maior compreensão do tema abordado. A
primeira delas é a psicologia social encarregada de estudar fenômenos de ordem
psicológica que ultrapassam a esfera do indivíduo, tais como tradições
religiosas, crenças políticas e linguagem. A segunda divisão é a moral que deve
estudar as máximas e crenças morais como fenômenos naturais dos quais se buscam
as causas e as leis. A terceira divisão se estende para a ciência jurídica e
criminologia que ficam responsáveis pelo estudo das leis morais que não devem
ser infringidas. A quarta e última divisão diz respeito à economia política,
que estuda os fenômenos econômicos.
Assim,
as ciências sociais propõem explicar ao indivíduo o que é a sociedade, de
maneira que ele se reconheça nela como um órgão em um organismo, ou seja, como
uma parte essencial, mas não a única para o bom funcionamento do todo social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário