Clube Paris - conto de Amor e Sexo
Clube Paris conta a
história de Vanusa, uma mulher que ao fugir do pai abusivo foi parar em um
bordel. Após muito resistir ela se torna prostituta.
Cansada dos maus tratos
do pai, Vanusa sai de casa e começa a se prostituir.
Meu maior tesouro na
vida eram aqueles oito vidros intactos de perfume, dados por um caminhoneiro
goiano. Eu sabia que eram falsos, mas não ligava: todas as noites, olhava para
eles e me imaginava bonita e elegante, como as mulheres dos comerciais e das
revistas. "Vanusa, você nunca vai usar essas colônias aí, não?",
perguntava Dalva, minha amiga de quarto. E eu respondia: "Vou, sim. No dia
em que me casar com um homem que mereça uma mulher bem perfumada!"
Sempre fui ligada a
cheiros. "Essa aí tem nariz de bicho!", falou meu pai, certo dia, ao
chegar bêbado como sempre. Aquele odor de pinga era o aroma que eu mais odiava,
pois sinalizava que algo muito ruimpoderia acontecer: ou ele bateria na mamãe
ou tentaria fazer coisa nojenta com uma das quatro filhas que haviam vingado na
vida dura do sertão.
Todos os homens daquela
roça buscavam na cachaça o consolo para suas misérias. As famílias vizinhas
viviam uma realidade muito parecida com a minha. Para evitar que meu futuro
fosse como o delas, fugi. Nem a noite escura nem o medo dos bichos do sertão me
impediram de chegar à estrada que me levaria para um destino melhor.
"Mãinha, te amo!", repetia, enquanto caminhava para longe da única
pessoa de quem sentiria saudades.
Consegui carona num
caminhão pau de arara. Mas o alívio de partir durou pouco: "Moça, daqui eu
volto para a roça!", disse o motorista, ao estacionar o veículo num posto
de gasolina quase deserto. "Mas onde estou?", perguntei, assustada.
Ele apenas me deu as costas.
Um sol forte e poderoso
surgia no horizonte, contrastando com a escuridão da minha angústia. Estava
confusa: "Não posso voltar!", murmurava eu, aos prantos. Então,
comecei a andar pela beira da estrada de asfalto. Vez ou outra, um caminhoneiro
buzinava para mim. Cansada, com fome e sede, finalmente, vi uma casinha com a
janela aberta.
"Ó de casa, pode
me dar algo para comer?", perguntei cabisbaixa. Uma velha abriu a porta.
Ela sorriu, exibindo lábios com um batom vermelho borrado. "Aqui você pode
ter muito mais do que só comida! Bem-vinda ao Clube Paris", respondeu, me
botando para dentro. Enquanto eu devorava um prato de carne-seca e farinha,
notei o cheiro gostoso que aquela mulher exalava. "É perfume francês.
Logo, logo, você começará a ganhar uns vidrinhos também...".
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