Os estranhos líquidos bebidos como álcool
na Rússia e que causam milhares de mortes por ano
Pelo menos 58
pessoas morreram na Rússia esta semana depois de beber, como se fosse licor,
uma loção para banho que contém metanol ou álcool metílico, uma substância
tóxica utilizada normalmente como solvente na indústria química.
O incidente
ocorreu na cidade siberiana de Irkutsk, no leste da Rússia, onde as autoridades
declararam estado de emergência.
As vítimas eram
homens e mulheres com idades entre 35 e 50 anos.
Um dos
sobreviventes disse que só bebeu um pouco da loção e acordou cego no dia
seguinte.
As mortes
causadas pelo consumo do líquido - que se chama Boyaryshnik e tem no rótulo a
advertência de que não deve ser ingerido - traz à tona novamente o problema do
consumo de produtos com álcool que não foram feitos para serem bebidos, que
segundo dados oficiais, causa a morte de 14 mil pessoas por ano no país.
Alcoolismo
O alcoolismo é
um problema sério na Rússia, onde calcula-se que um adulto beba em média 20
litros de vodca por ano. No Reino Unido, por exemplo, o consumo de bebidas
destiladas gira em torno de três litros por pessoa por ano.
De acordo com um
estudo feito há dois anos, 25% dos homens russos morrem antes dos 55 anos por
doenças ligadas ao consumo de álcool.
Mas para os mais
pobres, isso não é um impedimento para beber: líquidos que contêm álcool, como
perfumes, colônias, loções pós-barba e produtos de limpeza são uma alternativa
barata.
Segundo
especialistas, cerca de 12 milhões de russos bebem produtos que custam o
equivalente a menos de US$ 1 (R$ 3,3) o litro. Um litro de vodca custa
aproximadamente US$ 3 (R$ 9,84).
"É muito
fácil consegui-los", explicou Olga Ivshina, correspondente do serviço
russo da BBC.
"Como não
são bebidas, eles estão à venda nas farmácias que funcionam 24 horas, enquanto
as lojas de bebidas não podem vender álcool depois das 22 horas ou 23
horas".
"Também há
máquinas onde é possível consegui-los a qualquer hora. Assim, menores de 18
anos podem comprar bebidas alcoólicas sem ter que mostrar documento de
identidade", acrescentou.
"Também não
se pode proibi-los como não se poderia proibir a venda do perfume Chanel
Nº5", diz ela.
A cada ano os
russos consomem entre 170 e 250 milhões de litros de loções, segundo o Serviço
Federal para a Regulação do Mercado de Álcool. Especialistas calculam que a
demanda destes produtos tem crescido 20% ao ano.
O problema não é
novo no país: agravou-se nos anos 1990, durante o governo de Mikhail Gorbachev,
que por um breve período tentou proibir o consumo de álcool na antiga União
Soviética.
Atualmente, o
problema vem sendo agravado pela crise econômica e pelo aumento do preço da
vodca e de outras bebidas alcoólicas.
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