BBC
Brasil relembra os principais fatos de 2016
Depois de "dois mil e
treta" (2013) veio "dois mil e catarse" (2014), que abriu espaço
para "dois mil e crise" (2015). Agora, "dois mil e
desespero" (2016) está chegando ao fim.
Antes que mais uma
"bomba" apareça, a BBC Brasil decidiu recapitular alguns dos fatos
mais importantes deste ano difícil, cheio de reviravoltas - mas também de
coisas boas.
Relembre neste vídeo os
principais fatos do ano, do Nobel de Bob Dylan à maior crise política da
história recente do Brasil, passando pelos altos e baixos da Olimpíada, pela
febre do "Pokemon Go" e pelas perdas de vários ícones importantes.
O ano começou em meio ao pânico
pelo surto do zika vírus associado à microcefalia. Em Brasília, o aborto em
caso de contaminação pelo vírus entrou na discussão. A tese defendida por
muitas mulheres era a de que o Estado seria "o responsável pela epidemia
de zika", por não ter erradicado o mosquito, portanto as mulheres grávidas
não poderiam ser penalizadas.
Mas nenhuma decisão a respeito
foi tomada - o julgamento aconteceria no início deste mês, mas acabou sendo
cancelado.
No mesmo mês de janeiro foi
registrada a primeira grande perda deste ano: David Bowie, o lendário cantor e
compositor britânico.
Mulher deposita flores em mural
em homenagem a David Bowie em Londres.
Morto em janeiro, Bowie foi
celebrado o ano todo.
Depois de Bowie, foi-se muita
gente: o escritor Umberto Eco, em fevereiro, o cantor Prince, em abril, Cauby Peixoto,
em maio, o ex-lutador Mohammad Ali, em junho, Elke Maravilha, em agosto, o
líder da revolução cubana Fidel Castro, em novembro e o cardeal Dom Paulo
Evaristo Arns em dezembro.
Após a gravação deste vídeo,
também partiram o cantor George Michael e a atriz Carrie Fisher, a eterna
Princesa Leia de Star Wars.
Protestos
Como acontece desde pelo menos
2013, este foi um ano repleto de protestos nas ruas de todo o país. O maior
deles aconteceu em 13 de março, em mais de 300 cidades. Segundo números da
Polícia Militar, 3,5 milhões de pessoas teriam ido as ruas do país - para os
organizadores, foram quase 7 milhões.
Organizados por movimentos com
forte atuação na internet, eles se concentravam principalmente no impeachment
da então presidente Dilma Rousseff e foram citados por parlamentares durante o
ano inteiro como propulsores do processo de afastamento.
Por outro lado, desde que Michel
Temer assumiu a Presidência, mais protestos ocuparam cidades Brasil afora.
Os manifestantes criticavam
medidas de austeridade, como mudanças trabalhistas e em programas sociais.
Mesmo com o impeachment, Dilma
não foi a única grande personagem política deste ano.
Luiz
Inácio Lula da Silva
Escalada de denúncias contra
Lula também marcou 2016.
Um deles foi Eduardo Cunha. De
todo poderoso presidente da Câmara e responsável pela aceitação do processo de
impeachment no Congresso, ele primeiro foi afastado do mandado, depois teve os
direitos políticos cassados e, por fim, foi preso, em outubro deste ano,
acusado de desvios, dinheiro ilegal no exterior e obstrução de investigações.
Cunha nega as acusações.
E também o ex-presidente Lula.
Em março, ele foi alvo de uma condução coercitiva para depor a Policia Federal.
No mesmo mês, chegou a ser nomeado ministro da casa civil da então presidente
Dilma. A decisão foi revogada no mesmo dia.
Em setembro, o procurador Deltan
Dallagnol afirmou que Lula seria o "comandante máximo do esquema de
corrupção identificado pela Lava Jato" e teria recebido R$ 3 milhões em
benefícios da empreiteira OAS.
Hoje, ele é réu em cinco
processos diferentes - três deles na Lava Jato. O petista nega todas as
acusações.
Olimpíada
2016 também foi ano de Olimpíada
e Paralimpíada.
Cercados de muita polêmica -
desde o numero recorde de remoções até as obras, muitas tocadas por empresas
investigadas na operação lava jato - os jogos acabaram caindo no gosto do povo
e agradando à maioria dos visitantes.
Com 19 medalhas sete ouros, seis
pratas e seis bronzes, o Brasil encerrou a Rio 2016 no 13º lugar, e não cumpriu
a meta de ficar no top 10.
Usain Bolt em uma das provas que
venceu na Rio 2016.
Astros como Bolt saíram da Rio
2016 com uma coleção de medalhas.
Na Paralimpíada o resultado foi
melhor: 8º lugar no quadro geral e 72 medalhas, sendo 14 de ouro, 29 de prata e
29 de bronze.
Os jogos disputaram atenção com
uma invençãozinha tecnológica que se espalhou mundo afora: a febre do Pókemon
Go, aquele joguinho de realidade aumentada para celulares.
Internacional
No exterior, a pauta
predominante na imprensa foi o terror. Uma série de atentados marcou o ano de
2016 e deixou centenas - ou milhares de mortos - em países como Bélgica,
Nigéria, Franca, Turquia, Afeganistão, Alemanha e Síria.
Um dos principais conflitos
ocorre na Síria, onde mais de 400 mil pessoas já morreram e milhares se
transformaram em refugiadas.
A eleição de Donald Trump nos
Estados Unidos também foi uma das principais notícias. Apesar de ter perdido
para a rival Hillary Clinton na contagem total de votos, ele ganhou na votação
proporcional e toma posse ainda em janeiro.
Eleição de Trump surpreendeu a
muitos - a outros, nem tanto.
Depois de uma campanha repleta
de ofensas pessoais, muita baixaria e nem tantas propostas, o milionário
republicano continua causando polêmica com a nomeação de seus braços direitos
para os próximos quatro anos.
E
agora?
Por aqui, Temer completa quase
sete meses de mandato, sob forte rejeição popular.
Entre suas principais bandeiras
está a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) dos gastos, que congela os
gastos do governo federal com saúde, educação, infraestrutura e programas
sociais pelos próximos 20 anos. Sob protestos, ela foi aprovada em definitivo
no Senado há algumas semanas.
A outra é a Reforma da
Previdência - se aprovada como quer o governo, os brasileiros precisarão
trabalhar por 49 anos ininterruptos para garantir a aposentadoria completa. A
idade mínima passa a ser 65 anos, tanto para homens, quando para mulheres. A
exclusão de políticos e militares desta regra tem gerado desconforto entre
muitas pessoas.
A reforma vai passar ou não? E a
crise política, quais desdobramentos vai ganhar? Depois de mais de 60 presos,
quais serão os rumos da Lava Jato?
Essas são algumas das várias
perguntas em aberto para 2017, que já está batendo na porta.
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