Girafas estão à beira de uma extinção silenciosa
As pescoçudas acabam de entrar
para a lista de animais vulneráveis que podem sumir nos próximos anos.
Se você estava acompanhando o
Twitter nas últimas semanas, sabe que os usuários passaram um tempão discutindo
em que parte dos enormes pescoços as girafas usariam gravatas, se quisessem se
vestir formalmente. Mas, segundo a União Internacional para a Conservação da
Natureza, elas têm um problema mais urgente.
Isso porque, só nas últimas três
décadas, a população de girafas espalhadas pelo mundo diminuiu quase pela
metade: uma queda de 40%, que passou praticamente despercebida pelas
organizações internacionais e a mídia.
Segundo a UICN, as principais ameaças às
fofuras pescoçudas são a perda do habitat, causada pela expansão urbana e da
agricultura no continente africano, além da caçada ilegal e dos conflitos nos
locais onde elas vivem. Em um país em guerra civil, é fácil imaginar que a
fauna não seja uma prioridade – e que qualquer carne passe a ser vista como
comida e não como um patrimônio da biodiversidade.
Esse cenário fez com que as
girafas aparecessem pela primeira vez na “Lista Vermelha” da UICN, que traz as
espécies mais ameaçadas monitoradas pela organização. Cada espécie tem sua
classificação, e as girafas eram relativamente bem estabilizadas na categoria
“Menos Preocupante”.
Elas caíram dois níveis desde então, indo parar no grupo
“Vulnerável”. Ainda é o primeiro grau de risco de extinção, mas os critérios já
são bastante assustadores. Para um animal ser considerado vulnerável, existe um
risco razoável de que sua população livre na savana esteja sumindo, talvez de
forma irreparável.
Um dos grandes problemas das
girafas em seu habitat natural é que a intervenção humana está separando a
espécie em várias comunidades pequenas isoladas geograficamente. Se elas ficam
separadas por muito tempo, os fatores ambientais vão afetando as gerações,
criando cada vez mais diferenças entre os grupos.
A princípio, essas mudanças
geram subespécies, mas podem afetar o DNA a ponto de formar novas espécies
completamente diversas no longo prazo. Se isso acontecer, as girafas de
comunidades diferentes já não vão mais ser capazes de se reproduzir entre si.
Neste caso, a vulnerabilidade se
torna absurdamente maior. Hoje, temos 97 mil girafas, divididas em 9
subespécies. Já é bem menos do que as 150 mil girafas que viviam no planeta 30
anos atrás.
Mas se considerarmos que, várias gerações para frente, essas
subespécies podem virar espécies muito diferentes entre si, cada grupo de
girafas vai ter só 10 mil indivíduos na natureza. E quanto menor o tamanho das
comunidades, mais ameaçadas elas ficam.
Felizmente, porém, os países na
região que forma o habitat dessas girafas têm um bom exemplo de conservação a
seguir. O Níger, nos anos 1990, conseguiu reverter a queda da população das
pescoçudas, de 49 para 450 girafas.
O projeto mostra que, com um esforço
internacional, dá para melhorar a convivência entre seres humanos e os
mamíferos terrestres mais altos do mundo. Caso contrário, não vão sobrar
pescoções para o Twitter planejar vestuários de mentirinha.
http://super.abril.com.br/ciencia/girafas-estao-a-beira-de-uma-extincao-silenciosa/
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