Maior facção do Rio fatura R$ 1 milhão por
semana redistribuindo cocaína a partir da Maré
O Complexo da
Maré: novo entreposto do tráfico
Das
fronteiras do país para o Complexo da Maré, na Zona Norte, e dali para todo o
estado. Investigações da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) apontam que as
comunidades Nova Holanda e Parque União transformaram-se no principal
entreposto de distribuição de cocaína da maior facção criminosa do Rio. A
estimativa é que a operação renda cerca de R$ 1 milhão à quadrilha por semana.
Um quilo de
pasta base, antes de entrar no Brasil, é comprado por cerca de R$ 14 mil.
Depois de “trabalhado” — o processo de misturar a droga a várias substâncias,
feito na própria Maré, em refinarias improvisadas —, são preenchidos até 6.400
pinos, vendidos a R$ 10 cada, rendendo R$ 64 mil. O lucro é de mais de 350%.
Da Nova
Holanda e do Parque União, pelas vias expressas no entorno, a cocaína segue
para diversas comunidades da capital, da Baixada Fluminense, de São Gonçalo e
até do interior. O controle do fluxo e dos pagamentos é minucioso, como mostram
anotações de contabilidade apreendidas pela DCOD no último dia 11, durante
incursão na Maré. Na ocasião, a especializada estourou uma das refinarias
utilizadas pelos traficantes.
Além de
centro de redistribuição de drogas, a Maré virou, também, um reduto para
bandidos que buscam refúgio. Foi assim com Nicolas Pereira de Jesus, o Fat
Family, morto em setembro, que passou uma temporada na Maré após ser resgatado
de um hospital. Numa operação para tentar capturar o criminoso, a polícia
trocou tiros por oito horas. No último dia 11, mais uma vez diante do poderio
bélico do bando, foram quatro.
Alemão e Chapadão
No passado,
os principais entrepostos da facção já foram o Alemão e, mais recentemente, o
Chapadão. O primeiro teve a operação prejudicada após a instalação da UPP. O
segundo, do mesmo modo, perdeu parte da relevância em virtude das constantes
incursões policiais.
300 mil pinos
A refinaria
encontrada pela DCOD no início do mês fica em um beco próximo à Rua Teixeira
Ribeiro, na Nova Holanda. No local, foram apreendidos 30 quilos de maconha, 500
frascos de lança-perfume e 780 sacolés de cocaína, além de 300 mil pinos ainda
vazios que seriam usados para embalar a droga.
Adrenalina
Na refinaria,
havia ainda centenas de ampolas de adrenalina, que potencializam os efeitos da
cocaína. Também é comum misturar a droga a fermento, entre outras substâncias.
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