Brasil
que Vergonha
“O
Brasil não é um país sério”, disse certa vez o General Charles De Gaulle, na
época presidente da França. Quando examinamos os fatos recentes da nossa
política, parece-nos que esta afirmação nunca chegou a, verdadeiramente,
incomodar as autoridades brasileiras e, é claro, o povo brasileiro, por sua
simplicidade e ignorância não merecia esta afronta.
Mas
nós - o povão - quase nunca tomamos conhecimento dos assuntos políticos que
circulam nos bastidores ou são debatidos nos meios diplomáticos. Examinemos,
porém, alguns episódios recentes.
A
gigantesca hidrelétrica de Itaipu é resultado de um consórcio entre Brasil e
Paraguai, construída na fronteira entre os dois países. Pelo acordo a energia
produzida é dividida entre as duas nações; e o Brasil compra do Paraguai a
parte de energia que aquele país não consome. Mas o Brasil paga pela aquisição
apenas um terço do preço de mercado e o governo paraguaio se ressente,
julgando-se prejudicado pelo acordo.
No
caso do gás boliviano o processo é semelhante: o Brasil paga apenas um quarto
do preço internacional por metro cúbico do produto. Tudo o que deseja o
presidente boliviano Evo Moralez é que o nosso país pague um preço mais justo,
o que é compreensível, afinal Bolívia e Paraguai são países pobres, com poucas
possibilidades de desenvolvimento econômico, mas são explorados pela nação que
é a maior Economia da América do Sul e uma das maiores do mundo (apesar da
miséria em que vive a maior parte da nossa população). E essa vergonhosa
exploração é praticada em nome do povo brasileiro - em meu nome, no seu, em
nome de todos nós. As autoridades paraguaias nunca perdem uma oportunidade de
lembrar ao Brasil uma velha dívida que contraímos com aquele país. Recordemos,
pois.
O
povo paraguaio ainda sente sangrar a ferida causada pelo genocídio que foi a
guerra empreendida por Brasil, Uruguai e Argentina (1865 a 1870) contra o
ditador Francisco Solano Lopes, que governava aquele país e tinha pretensões
imperialistas. No início da guerra a população paraguaia era estimada em um
milhão e quinhentos mil habitantes, e no final estava reduzida a menos da
metade. Historiadores paraguaios reconhecem a grandeza do nosso ilustre Duque
de Caxias, mas odeiam o Conde D´EU, marido da princesa Isabel, que comandou a
entrada das tropas brasileiras em Assunção, a capital paraguaia. É que o ditador
Solano Lopes, sabendo-se derrotado, tinha abandonado a frente de luta e partido
para o interior; e a capital estava na ocasião defendida apenas por crianças e
meninos que foram massacrados pelas forças invasoras, sob comando do Conde
D´EU.
Esses
fatos históricos a Educação Brasileira não transmite aos nossos filhos. A
cidadania ainda engatinha...
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