segunda-feira, 8 de julho de 2013

História...

Período Homérico na Grécia Antiga

Aquiles jogando dados com Ajax. Os poemas de Homero que retratavam os heróis gregos serviram de fonte de estudo do período homérico.*
O período homérico da civilização grega, entre os séculos XII a.C. e VIII a.C., foi assim denominado pela falta de fontes históricas de seus estudos além dos poemas Ilíada e Odisseia, escritos pelo poeta grego Homero. Os dois poemas, escritos provavelmente no século VI a.C., narram o último ano da Guerra de Troia (Ílion, para os gregos) e o retorno de Odisseu (conhecido também como Ulisses) para seu reino após a guerra. Os poemas foram escritos por Homero a partir de histórias orais transmitidas durante séculos pelos povos que habitavam a Hélade (como era conhecida a Grécia).

A importância destes poemas está relacionada ao fato deles expressarem os modos de vida da civilização grega daquela época, bem como seus costumes, uso da terra e formação social. Apesar de serem as únicas fontes escritas sobre o período, há elementos materiais encontrados por arqueólogos que permitem ver que durante o período homérico a civilização grega regressou aos campos, abandonando inúmeras cidades e se afastando da abundância material encontrada nos vestígios das civilizações cretense e micênica.

Possivelmente as invasões dóricas foram responsáveis por esse regresso aos campos e pelo fim do domínio do comércio marítimo da região da Hélade. Durante o período homérico, os povos gregos se organizavam predominantemente em genos, grandes famílias lideradas por um chefe, o páter, o que caracterizou as comunidades gentílicas como patriarcais. Ao contrário da civilização cretense, em que a mulher tinha um papel preponderante, nos genos eram os homens que exerciam a principal influência sobre a sociedade.

O páter era a autoridade máxima e exercia as funções de juiz, além de ser chefe religioso e militar. Os genos eram ainda unidades econômicas, políticas, religiosas e sociais que asseguravam sua subsistência, vivendo muitas vezes em isolamento. O cultivo de terras e o uso dos instrumentos agrícolas se davam de forma coletiva, não havendo propriedade privada.

Porém, com o passar do tempo, o aumento populacional e do consumo levaram os genos a se desintegrarem, já que as terras férteis disponíveis e os instrumentos de produção não acompanharam o aumento do consumo.

Esta situação levou a ocorrência de diversas guerras entre os genos, proporcionando a união de alguns deles para lutarem contra outros. Este processo lento, ao longo do tempo, provocou algumas mudanças na organização da sociedade grega da época. A aproximação entre os genos gerou as fátrias, uma união para combater inimigos comuns. A união das fátrias resultou na formação de tribos, submetidas a um chefe militar conhecido como filobasileu. As tribos também passaram a se unir, dando origem ao demos, ou o povo, cuja autoridade residia no basileu.

Todo este processo de união resultou em mudanças internas aos genos, já que os parentes mais próximos ao páter passaram a ter privilégios na escolha das terras a serem cultivadas. Dessa forma, o caráter de uso coletivo da terra foi se perdendo. Surgiram deste novo processo histórico os eupátridas, os “bem-nascidos”, que detinham as melhores parcelas de terra. Os parentes mais distantes ficaram com o resto das terras, sendo chamados de georgóis (agricultores). Por fim, sobraram os thetis, que ficaram marginalizados nesta sociedade.

As guerras entre várias tribos levaram ainda à formação das pólis, cidades-estado formadas da união de vários demos que se constituíram enquanto comunidades independentes.

Outra consequência da mudança dos genos e dos conflitos bélicos decorrentes foi a ocorrência da segunda diáspora grega, quando parte do povo grego se dispersou pelo Mar Mediterrâneo, formando colônias em vários pontos da costa mediterrânea, principalmente na Península Itálica.

O fortalecimento das cidades-estado e da aristocracia dos eupátridas levaria ao fim das comunidades gentílicas, inaugurando um novo período da história da Grécia Antiga.

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