sábado, 23 de novembro de 2013
Que soninho gotoso...
Oito benefícios que o sono traz para a saúde.
Dormir bem pode prevenir obesidade, depressão e até doenças cardíacas
Nada melhor do que chegar em casa depois de um longo dia, dormir profundamente e acordar renovado no dia seguinte. Mas o sono não assume apenas esse papel revigorante - ele tem diversas outras funções essenciais para o nosso organismo. Dormir menos que o recomendado (6 a 8 horas em média) ou acordar diversas vezes durante a noite em decorrência de distúrbios como apneia e insônia pode causar mais malefícios ao organismo do que imaginamos.
A neurologista Rosa Hasan, responsável pelo Laboratório do Sono do Hospital São Luiz, explica que o sono de qualidade ruim desorganiza o metabolismo e prejudica a síntese de alguns hormônios, favorecendo diversas doenças como obesidade e depressão. Por isso listamos todos os benefícios que uma noite bem dormida pode fazer pela sua saúde. Confira:
Previne a obesidade
Durante o sono nosso organismo produz a leptina, um hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade - portanto, pessoas que tem dificuldades para dormir produzem menores quantidades desta substância. "A consequência disso é ingestão exagerada de calorias durante o dia, pois o corpo não se sente satisfeito", explica a neurologista Rosa Hasan. Além disso, o grupo dos insones produzem uma maior quantidade de um outro hormônio, a grelina, uma substância que está relacionada a fome e a redução do gasto de energia.
Outro fator é importante é a perda de gorduras - segundo um estudo feito na Universidade de Chicago, pessoas que dormem de seis a oito horas por dia queimam mais gorduras do que aquelas que dormem pouco ou tem o sono fragmentado. De acordo com o estudo, dormir pouco reduz em 55% a perda de gordura.
Combate à hipertensão
Um estudo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, comprovou que um sono profundo e ininterrupto está relacionado a bons níveis de pressão arterial. A neurologista Rosa Hasan explica que a dificuldade em descansar durante a noite é equivalente a um estado de estresse, aumentando a atividade da adrenalina no corpo. "Uma noite mal dormida deixa o organismo em estado de alerta, aumentando a pressão sanguínea durante a noite", explica a especialista. Ela afirma que com o tempo essa alteração na pressão sanguínea se torna permanente, gerando a hipertensão.
Fortalece a memória
Pressão que conseguem ter uma boa noite de sono absorvem melhor as informações do dia a dia do que aquelas que passam longos períodos sem dormir, diz um estudo feito pela Universidade de Lubeck, na Alemanha. Segundo os pesquisadores, isso acontece porque durante o descanso ocorre a síntese de proteínas responsáveis pelas conexões neurais, aprimorando habilidades como memória e aprendizado.
O especialista em apneia Fausto Ito, membro da Associação Brasileira do Sono, explica que, durante a noite, o cérebro faz uma varredura entre as informações acumuladas, guardando aquilo que considera primordial, descartando o supérfluo e fixando lições que aprendemos ao longo do dia. "Por esse motivo, quem dorme mal, geralmente, sofre para se lembrar de eventos simples, como episódios ocorridos no dia anterior ou nomes de pessoas muito próximas", diz.
Previne depressão
As chances de a depressão comprometer a qualidade de vida de uma pessoa pode ser menor se ela dormir entre seis e nove horas por dia. É o que indica um estudo feito no Cleveland Clinic Sleep Disorders Center, em Ohio, nos Estados Unidos, que analisou mais de dez mil pessoas.
Os resultados mostraram que pessoas com o sono considerado "normal" - de seis a oito horas por noite - tiveram índices mais altos de qualidade de vida e níveis mais baixos de depressão quando comparados aos que dormiam pouco ou muito. Também foi observado aqueles que dormem menos que seis e mais de nove horas por dia sofrem uma piora na qualidade de vida e índices de depressão mais altos.
Favorece o desempenho físico
Quando dormimos profundamente e sem interrupções, nosso corpo começa a produzir o hormônio GH, responsável pelo nosso crescimento. Essa substância só começa a ser produzida aproximadamente meia hora após uma pessoa dormir - por conta disso, pessoas que tem o sono fragmentado sofrem dificuldades de sintetizar esse hormônio. "O hormônio do crescimento tem como funções ajudar a manter o tônus muscular, evitar o acúmulo de gordura, melhorar o desempenho físico e combater a osteoporose", explica a endocrinologista Alessandra Rasovski, da Sociedade Brasileira e Endocrinologia e Metabologia.
Controla o diabetes
Pessoas com diabetes e tem um sono insuficiente desenvolvem uma maior resistência insulínica, tornando o controle da doença mais difícil. É o que afirma um estudo feito pela Northwestern University, dos Estados Unidos. Os pesquisadores monitoraram o sono de pessoas com diabetes por seis noites. Os participantes que tiveram o sono de má qualidade tiveram aumento de 23% nos níveis de glicose no sangue e 48% nos níveis de insulina. Usando esses números para estimar a resistência insulínica do indivíduo, os pesquisadores concluíram que portadores de diabetes que dormem mal tinham 82% mais resistência insulínica que os portadores com sono de qualidade.
De acordo com a endocrinologista Alessandra Rasovski, dormir mal em decorrência de distúrbios do sono não só dificulta o controle da doença como também pode favorecer o aparecimento de diabetes tipo 2. ?É durante o sono que o corpo estabiliza os índices glicêmicos. Quem não tem um sono de qualidade sofre com o descontrole do nível de glicose, podendo desenvolver diabetes?, explica.
Diminui o risco de doenças cardiovasculares
Uma pesquisa da Warwick Medical School, nos Estados Unidos, mostra que a privação prolongada do sono ou acordar várias vezes durante a noite pode estar relacionado a acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos e doenças cardiovasculares. Os autores do estudo conduziram uma investigação que acompanhou durante 25 anos mais de 470 mil pessoas em oito países, incluindo Japão, Estados Unidos, Suécia e Reino Unido.
De acordo com os pesquisadores, dormir pouco causa um desequilíbrio na produção de hormônios e substâncias químicas no organismo, condição que aumenta as chances de desenvolver colesterol alto, doenças cardiovasculares e derrames cerebrais. Dormindo cerca de sete horas por noite, você está protegendo a sua saúde futura e reduzindo o risco de desenvolver doenças crônicas.
Melhora o desempenho no trabalho
Pessoas que tem o sono constantemente interrompido ao longo da noite ou não dormem o suficiente não conseguem atingir os estágios mais profundos do sono, e por isso não descansam de forma adequada.
O especialista em medicina do sono Daniel Inoue, do Hospital Santa Cruz, conta que os principais sintomas sentidos por uma pessoa que não dorme são sonolência diurna, irritabilidade, fadiga, dificuldade para se concentrar ou absorver novas informações e maior facilidade de sofrer graves acidentes de trânsito e trabalho.
"O estresse no trabalho também pode aumentar os comportamentos de risco, como tabagismo e abuso de álcool e drogas, além de desencorajar hábitos saudáveis, como atividade física e a alimentação equilibrada", alerta Daniel.
http://yahoo.minhavida.com.br/bem-estar/galerias/14895-oito-beneficios-que-o-sono-traz-para-a-sua-saude
Boca limpa e saudável...
10 erros que prejudicam a saúde bucal
Utilize o fio dental da maneira correta.
Saiba o que você jamais pode fazer se quiser ter uma saúde bucal perfeita:
- Não escovar os dentes e não utilizar o fio ou fita dental. Esse é o erro número 1, pois é o principal cuidado que qualquer pessoa deve ter em relação a sua saúde bucal.
- Não visitar um dentista regularmente. Um erro que pode ter consequências, pois um problema que pode ser resolvido facilmente pode se tornar grave.
- Maus hábitos alimentares, podendo influenciar na alteração do pH da boca, favorecendo o aparecimento de cáries. Como por exemplo, ingerir alimentos com açúcares à noite.
- Utilizar a escova dental errada, dura ou média de cabeça grande por exemplo. Dessa maneira dificulta a escovação e pode machucar a gengiva.
- Não cuidar da saúde em geral, pessoas portadoras de algumas doenças que podem influenciar na saúde bucal. Exemplo da diabete que pode alterar o fluxo salivar.
- Não praticar atividades físicas. Muitos não sabem, mas a prática constante alivia o estresse, que pode ser a causa do Bruxismo.
- Tratar os dentes com pessoas não habilitadas, que não sejam dentistas ou dentistas não credenciados no Conselho.
- Automedicação é um erro comum na medicina, que também pode ocorrer na odontologia. Um simples remédio pode aliviar a dor, mas não resolver o problema dentário, prolongando a procura pela solução correta.
- Parar de utilizar o fio ou fita dental quando a gengiva sangra, um erro comum. O correto é utilizar mais e da maneira correta, e se não resolver procurar o dentista.
- Não proteger os dentes quando praticar esportes radicais, artes marciais ou qualquer outra atividade que envolva risco de quebrar os dentes.
http://br.mulher.yahoo.com/blogs/sala-espera/10-erros-que-prejudicam-sa%C3%BAde-bucal-112851611.html
Assim está difícil...
Quase 80% das mulheres trocariam sexo por tempo para si mesmas
Maioria busca oportunidades para momentos de paz, longe das obrigações.
Quando podem ficar sozinhas, 44% das mulheres ficam na cama, enquanto 37% desfrutam do tempo no banheiro.
A falta de tempo para si mesma é a principal queixa das mulheres. Uma pesquisa feita pela empresa Wakefield Research, a pedido da marca de chás Celestial Seasonings, nos Estados Unidos, mostra que 42% delas têm apenas uma hora por dia para relaxar ou fazer o que quiser. Entre as mães, o porcentual das que reclamam de falta de tempo sobe para 54%.
Das 500 entrevistadas, todas com mais de 35 anos, 76% trocariam sexo por uma folga da rotina. Quando podem ficar sozinhas, 44% das mulheres ficam na cama, 37% desfrutam do tempo no banheiro e outras 6% afirmaram ficar na garagem. Vale lembrar que a maioria das casas americanas dispõe de amplas garagens que servem de depósito, entre outras coisas.
As informações, divulgadas pelo site Market Wire e pela revista Glamour americana, mostram ainda que 75% das mulheres inventam desculpas para conseguir ficar sozinhas, incluindo que estão ocupadas ou mesmo doentes.
http://mulher.terra.com.br/comportamento/quase-80-das-mulheres-trocariam-sexo-por-tempo-para-si-mesmas,2c36d259ec742410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html
Ai ai...
Estudo: 50% das mulheres acordam de mau humor ao sonhar com marido
Pesquisa de rede de hotéis conclui que 60% das pessoas ficam irritadas com amigos que aparecem em sonhos ruins.
Além de traição do marido, mulheres também sonham com ex-namorados e acordam de mau humor.
Às vezes você acorda com vontade de brigar com o marido que dorme ao lado porque sonhou que ele estava te traindo, enquanto tudo que ele estava fazendo era roncar embaixo do edredom? Bom, você não está sozinha. Mais da metade das mulheres acorda de mau humor com os parceiros porque tiveram um sonho ruim com ele.
Além disso, 44% das entrevistadas disseram sonhar com frequência com os ex-namorados, o que também ajuda para que a alegria não apareça logo ao despertar. As informações são do jornal inglês Daily Mail.
Mas, não são só maridos e namorados que sofrem com o mau humor matinal feminino, mas quase 60% das duas mil pessoas entrevistadas disseram ficar irritadas com amigos que estavam presentes em sonhos ruins.
Os chefes não ficam de fora e uma em cada 20 mulheres disse tratar o superior com frieza por ter sonhado com ele na noite anterior. Em geral, quatro em cada 10 adultos disseram que os sonhos ou pesadelos determinam o humor ao longo do dia.
"Quando acordamos confusos, cambaleantes, isto pode mostrar o mau humor que vai perseguir durante o dia. Por isso, é importante tentar relaxar depois de um dia de trabalho árduo para não ficar com ideias negativas na cabeça", disse o responsável pela pesquisa.
O estudo, feito por uma rede de hoteis, mostrou que quando estão estressadas com questões de trabalho, as pessoas tendem a ter mais sonhos ruins: 30% dos entrevistados disseram que um conflito com colegas de trabalho acaba aparecendo nos sonhos. Mas, nem tudo é sobre pesadelos, já que 30% disseram ter tido sonhos românticos com alguém do escritório.
A pesquisa mostrou ainda que 43% dos britânicos têm sonhos repetidos e que sonhar que está fugindo de alguma coisa, voando ou perdendo um dente são os mais comuns. Um quinto afirmou também que já acordou com a sensação de estar caindo.
Além do marido, do chefe e do colega de trabalho, algumas celebridades também ficam na cabeça e sonhar com a rainha Elizabeth II, com o presidente dos Estados Unidos Barack Obama e com a cantora e atriz Cheryl Cole são os mais comuns.
Não só o estresse determina o rumo dos sonhos, mas a alimentação e o lugar também contam no que se vive durante a noite. Um em cada cinco adultos afirmou que a refeição feita antes de ir para a cama influencia no sonho, enquanto 20% disseram que têm sonhos mais realistas quando dormem fora de casa.
"O que está na nossa mente antes de dormir interfere muito no sonho. Por isso, estresse com o trabalho ou preocupação com o casamento aparecem na madrugada", explicou Davina Mackall, expert em sonhos.
http://mulher.terra.com.br/comportamento/estudo-50-das-mulheres-acordam-de-mau-humor-ao-sonhar-com-marido,c165c0dbdbd52410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html
Falam muito...
Entenda por que mulheres falam 13 mil palavras por dia a mais que homens
Estudo mostrou que elas tem maior quantidade da proteína Foxp2, conhecida como a "proteína da linguagem".
Mulher tem fama de bater papo e conversar muito. Já foi comprovado que elas falam cerca de 20 mil palavras por dia, aproximadamente 13 mil a mais que os homens. Mas agora os cientistas descobriram a chave para explicar o comportamento feminino. As informações são do site Pandagon.
A teoria popular foi comprovada por um estudo realizado na Universidade de Maryland e publicado no Journal of Neuroscience, que mostra que elas têm níveis mais elevados da proteína Foxp2, conhecida como a “proteína da linguagem”, no cérebro.
O teste foi feito com roedores. Diferentemente dos humanos, os machos apresentam maior quantidade da proteína que as fêmeas. Separaram-se filhotes de quatro dias de idade de suas mães e contaram o número de vezes que eles gritavam.
Os dois demonstraram reações, mas os machos gritaram duas vezes mais. Como resultado, quando eles foram colocados de volta à gaiola, as mães se preocuparam mais com os filhotes do sexo masculino.
"Com base em nossas observações, encontramos níveis mais elevados de Foxp2 em meninas e em ratos machos. Isso é uma indicação de que os níveis de proteína Foxp2 estão associadas ao sexo mais comunicativo”, explicou a pesquisadora Margaret McCarthy.
http://mulher.terra.com.br/comportamento/entenda-por-que-mulheres-falam-13-mil-palavras-por-dia-a-mais-que-homens,0d2e724d53162410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html
Aquecimento genital...
Viagra feminino? Gel pode aumentar desejo sexual nas mulheres
Com resultados a partir de duas semanas, o produto pode ser aplicado na parte interna das coxas ou na parte superior dos braços.
Já não tem mais o desejo sexual de antes? E se a solução estivesse em aplicar um gel nas coxas ou braços, que aumenta o nível do hormônio testosterona ligado à libido? Segundo a ginecologista britânica Jeffrey Braithwaite, consultada pelo jornal Daily Mail, o produto funciona, mas apenas em casos de queda do hormônio, normalmente relacionado à menopausa.
“É razoável que as mulheres sejam verificadas até certificar-se de que o desejo baixo é um problema no nível de testosterona em vez de algo que precise de tratamento. Também é essencial verificar se não existem outras condições ou contraindicações que podem tornar o uso do gel perigoso. Mas o gel pode ser extremamente eficaz se os níveis de testosterona são baixos”, disse a ginecologista Jeffrey.
Adesivos de testosterona, que basicamente fazem o mesmo trabalho do gel, não são muito populares porque escorregam após o banho. No caso do gel, basta espalhá-lo na parte interna da coxa ou na parte superior dos braços, esperar cinco minutos para absorção e os resultados podem aparecer entre duas semanas e um mês. Algumas mulheres também podem precisar de um suplemento de estrogênio para que os dois hormônios trabalhem juntos na busca pela libido.
Deve-se perguntar ao médico sobre o uso do produto e a quantidade deve ser ajustada para evitar efeitos colaterais, como irritabilidade. “Notei que me sentia no limite e competitiva quando comecei a usá-lo. Mas acertei a dose e a irritabilidade desapareceu”, disse uma mulher que usa o gel há anos.
http://mulher.terra.com.br/vida-a-dois/viagra-feminino-gel-pode-aumentar-desejo-sexual-nas-mulheres,58218386e9a72410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html
O que se tem...
A candidata em busca da credibilidade perdida
O alarme tocou e a presidente Dilma Rousseff entrou em campanha para elevar sua credibilidade, encenando mais uma vez o compromisso, jamais cumprido, de boa administração das contas públicas. Não se trata, agora, de persuadir um eleitorado mais ou menos cativo e mais ou menos propenso a engolir as patranhas de uma governante populista.
O objetivo, bem menos simples, é reduzir a desconfiança de um público mais informado, menos vulnerável a truques contábeis e muito menos impressionável com jogadas de controle de preços. Não se trata só de economistas independentes e do pessoal do mercado financeiro, mas também - e neste momento principalmente - dos analistas com poder para baixar a nota de crédito do País.
O risco de rebaixamento ficou mais evidente nas últimas semanas, foi citado pelo ministro da Fazenda em reunião com líderes aliados e é compatível com as preocupações indicadas por entidades multilaterais, como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em seu novo relatório sobre perspectivas globais, economistas da OCDE sugerem, entre outras medidas para tornar mais claras as contas públicas, maior atenção à regra de superávit primário e limitação das operações "quase fiscais". Este é um nome delicado para a relação promíscua entre o Tesouro e os bancos federais. Tais medidas, acrescentam os autores do texto, "consolidariam a reputação duramente adquirida pelo Brasil de boa gestão fiscal".
A referência a essa reputação como ainda existente deve ser mais uma gentileza diplomática. Igualmente gentil é a referência à reputação da política de controle da inflação baseada no regime de metas. "Será importante continuar mostrando determinação diante da emergência de pressões inflacionárias", sustentam os economistas. Em outra passagem, o texto menciona diretamente a necessidade de mais aperto monetário para conduzir a inflação à meta de 4,5%.
Bem antes da presidente da República os dirigentes do Banco Central (BC) decidiram cuidar da própria credibilidade. Ao elevar em abril o juro básico da economia, a taxa Selic, tomaram a primeira medida séria, em 20 meses, para enfrentar a disparada dos preços. Foi também o primeiro lance para restabelecer a imagem de autonomia operacional da instituição.
Já esfrangalhada, essa imagem foi quase destruída quando a presidente Dilma Rousseff, na África do Sul, em março, fez um desastroso pronunciamento sobre como deveria ser o combate à inflação no Brasil. O presidente do BC, Alexandre Tombini, teve de se manifestar, pouco depois, para "esclarecer" as palavras de sua chefe e tentar conter os estragos.
No mês seguinte começou a nova série de aumentos da taxa Selic. Analistas do mercado financeiro e consultores privados dão como certa mais uma elevação ainda este ano e um retorno do juro básico dos atuais 9,5% aos dois dígitos. A decisão deverá ser conhecida na próxima quarta-feira, quando terminará a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) prevista para 2013.
A política de juros em vigor a partir de abril deve produzir resultados sensíveis, ou mais sensíveis, nos próximos meses. É cedo para dizer se haverá novos aumentos em 2014, embora o mercado financeiro projete uma Selic de 10% para dezembro de 2013 e uma taxa de 10,25% para o fim do próximo ano.
Por enquanto, a inflação continua vigorosa. O IPCA-15, prévia do índice oficial do mês, subiu 0,57% em novembro, 5,06% no ano e 5,78% em doze meses. Em outubro a variação havia chegado a 0,48%. A reaceleração iniciada em agosto continua e, se fosse necessária mais uma prova do desastre, bastaria examinar a contaminação dos preços - 70,7% itens com aumentos.
Se a tendência se mantiver, como tudo parece indicar, as escolhas do Copom serão muito restritas, até porque o governo se mostra disposto a continuar estimulando o consumo e a manter frouxas as suas contas. Com isto se volta ao problema da política fiscal e ao esforço da presidente Dilma Rousseff de encenar de novo um compromisso de seriedade. O espetáculo incluiu na semana a reunião com políticos aliados para convencê-los a abandonar projetos com elevados custos fiscais - uns R$ 60 bilhões por ano, se forem todos aprovados.
Líderes da base assinaram um documento de apoio ao imaginário Pacto de Responsabilidade Fiscal inventado, há alguns meses, como resposta às manifestações de junho. Um dia depois o Congresso aprovou, no entanto, uma lei para desobrigar o governo central de compensar as deficiências de Estados e municípios na produção do superávit primário.
Em seguida, a presidente pediu aos auxiliares a fixação de metas fiscais mais fáceis para o próximo ano. A quem ela espera convencer de sua conversão à austeridade? Além do mais, em 2014 eleições dominarão a política. A campanha da reeleição começou há muito tempo, como sabe qualquer pessoa razoavelmente informada.
A presidente festejará o ano-novo num país com inflação elevada e finanças públicas em mau estado, pressionada para manter estímulos setoriais ao consumo e com as contas externas em visível deterioração. O déficit em conta corrente acumulado nos 12 meses até outubro chegou a US$ 82,21 bilhões, 3,67% do PIB estimado.
A balança comercial, foco dos principais problemas do balanço de pagamentos, pode melhorar neste bimestre. Mas as perspectivas ainda serão ruins, porque a indústria continua com baixo poder de competição. A política do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atendeu nos últimos anos a prioridades erradas e foi insuficiente para promover a elevação do investimento privado.
Quanto ao investimento público, permaneceu emperrado por incompetência gerencial. Se o BC continuar sozinho no combate à inflação, a presidente ainda estará arriscada a enfrentar novas e inoportunas altas de juros. A batalha da credibilidade poderá ser muito complicada.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-candidata-em-busca--da-credibilidade-perdida-,1099693,0.htm
Cada povo tem o governo que a maioria escolheu...
A hegemonia imperfeita
O PT está há 11 anos no governo federal, é o principal e mais bem organizado partido do País, mas não fixou uma orientação de sentido que agregue os brasileiros, ou a maioria deles. Tem votos, mas não consensos. Sensibilizou a opinião pública para o tema da desigualdade social, mas fez isso por meio do assistencialismo, e não de uma imagem de vida coletiva.
Passou-se o mesmo nos oito anos de FHC. Sua política de combate à inflação trouxe a cultura da responsabilidade fiscal para a gestão pública, mas não uma ideia de sociedade. Introduziu a linguagem da reforma do Estado e com ela pautou os governos que lhe sucederam, mas não conseguiu valorizar o Estado perante os cidadãos. E o que dizer das décadas seguidas de PSDB em São Paulo? Vitórias eleitorais sucessivas conseguiram atiçar algum sentimento antipetista, mas não anunciaram uma comunidade política. O legado tucano resume-se a obras e providências administrativas, como, aliás, ocorre em todos os lugares. Não contempla valores.
Há o "poder da mídia". Estrutura-se em imagens, informações, narrativas. A ilusão de que faz o que quer com a cabeça das pessoas tem levado a que se fale em "mídia golpista", expressão tão provocativa quanto equivocada num contexto em que os grandes órgãos de comunicação têm suas "orientações" desmentidas no instante mesmo em que são emitidas. As redes sociais comprometem sua eficácia. Mas tais mídias alternativas são o espaço de todos e de ninguém. Não podem ser articuladas por uma ordem de comando ou por um sujeito unificador revestido de poder de agenda e capacidade de direção intelectual e moral.
Há muito poder econômico no mundo. A concentração de riqueza é assustadora. O capital não cabe em si e regurgita com frequência. A crise global é, na verdade, uma situação de conflitos incessantes que não conseguem ser coordenados e superados. É uma crise de direção política no sistema e no interior de cada Estado. A hegemonia do capital financeiro é real, mas não traz consigo uma fantasia organizada: é uma supremacia que não seduz nem convence, em que pese o investimento pesado em propaganda. A própria hegemonia dos EUA se faz hoje com muitos vácuos e oscilações.
O quadro é de crise de hegemonia. Não há mais, a rigor, uma "hegemonia neoliberal". Nem nenhuma outra. Cada sujeito, cada polo ou bloco tem limites (econômicos, corporativos, ideológicos) que o impedem de se tornar hegemônico, quer dizer, de dirigir em nome de um "projeto existencial".
No Brasil, as oposições não avançam porque não têm empatia ou discurso que as qualifiquem como artífices de mudanças. A presidente Dilma, por sua vez, é beneficiada pela posse dos instrumentos de governo e mantém posições mesmo sem dispor de propostas que empolguem.
Falar em hegemonia é falar em poder das ideias, componente decisivo de qualquer operação que tencione magnetizar pessoas ou mudar o mundo. Pode-se governar com recursos político-administrativos e com dinheiro, mas não se muda a disposição cívica nem se deslocam estruturas sem ideias articuladas. A luta ideológica é mais decisiva que a eleitoral.
Fala-se de "hegemonia" sem muito rigor. Há os que a confundem com supremacia política. E há os que dizem que ela é a porta de entrada de uma visão totalitária do mundo. Não se valoriza o fundamental: hegemônico não é quem manda ou ganha eleições, mas quem consegue apresentar uma proposição crítico-racional para a sociedade. A busca de hegemonia é um exercício cultural interativo e dialógico. Não se resolve de uma vez por todas, com uma camisa de força, mas mediante discussão permanente. É uma construção sem prazo para terminar.
Privilegiada pelo marxista italiano Antonio Gramsci, a hegemonia é o dado que falta nos dias correntes. Há poder e poderes, mas não direção intelectual e moral, ou melhor, há muitas direções e nenhuma delas consegue prevalecer incontrastável. Há domínio e coerção, mas poucos consensos. O desentendimento dificulta a modelagem coletiva da experiência social.
Hegemonias existem, mas são imperfeitas. Carecem de base material e condições para que se unifique a vida social em torno de projetos coletivos.
Gramsci queria, com o conceito, mostrar que não era preciso chegar ao poder político para ter influência no Estado e na sociedade. Que os subalternos e seus representantes políticos poderiam disputar posições importantes e fixar seus valores no arcabouço cultural das sociedades. Em suma, que dava para dirigir sem dominar, ocupar espaços a partir dos quais direcionar a ação dos poderes estatais.
Não há como dizer que esse projeto não deu certo. As classes subalternas, ao longo do século 20, conquistaram muita coisa e imprimiram a marca de seus interesses, valores e projetos na comunidade política moderna. Mas essa hegemonia não foi suficiente para mudar com radicalidade a estrutura do poder. Houve maior compartilhamento de posições, mas o poder permaneceu concentrado e voltado para defender os interesses economicamente dominantes.
Quando Gramsci idealizou seu conceito, a hegemonia nascia da fábrica e podia ser pensada como estando enraizada no universo da produção. Hoje esse universo não referencia a sociedade. A fábrica está-se robotizando, alterou suas plantas, espalha suas unidades longe do controle dos Estados. A classe operária perdeu densidade e não pode mais ser vista como o sujeito político por excelência, levando consigo os partidos de massa e as utopias que desenhavam o futuro.
Vivemos cercados de poderes, mas eles coordenam pouco a vida social. Nem sequer regulam pressões e interesses. Fazem-nos mal, mas não são donos de nossa mente nem de nossos movimentos. São negativos mais pelo que deixam de fazer do que pelo que fazem. São pouco amados e muito difamados, agredidos e contestados, mas não conseguem ser responsabilizados. Desabam sobre as pessoas mas não as orientam.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-hegemonia--imperfeita-,1099698,0.htm
Extermínio racial e social...
Taxa de homicídio de negros é o dobro do resto da população
Segundo estudo do Ipea sobre o racismo no Brasil, a cada assassinato de um não negro, 2,4 negros são mortos no país
Homens negros são os que apresentam a maior perda de expectativa de vida: são 3,5 anos de vida contra 2,57 anos dos outros homens
São Paulo - A cada homicídio de um não negro (brancos, indígenas e indivíduos de cor/raça amarela, de acordo com a classificação do IBGE), 2,4 negros são assassinados no Brasil.
Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e fazem parte de um estudo, publicado este mês, sobre os efeitos do racismo no país.
De acordo com informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS) e do IBGE, apresentadas pelo Ipea, enquanto a taxa de assassinatos de negros no Brasil é de 36 mortes por 100 mil negros, entre não negros, esta taxa é de 15,2.
Em alguns estados do país, a diferença entre os dois grupos é ainda mais impressionante. Em Alagoas, a diferença entre as taxas de homicídio é de 76 casos por 100 mil habitantes.
Herança
Segundo o Ipea, o negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele e essas discriminações combinadas podem explicar a maior ocorrência de homicídios de negros em relação ao resto da população. "A escravidão legou à nação um contingente populacional com baixíssimos níveis educacionais, além de uma ideologia racista", diz o estudo.
Os baixos níveis educacionais deixam a população negra entre os mais pobres do país: enquanto 64,42% dos não negros estão entre os 50% mais ricos do Brasil, a maior parte dos negros (55,28%) está entre os 50% mais pobres do país.
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/taxa-de-homicidio-de-negros-e-o-dobro-do-resto-da-populacao
Pra mim, ao ponto. Obrigado...
Mensaleiros seguem com regalias em presídio no DF
Apesar da recomendação do Ministério Público do DF, petistas encarcerados na Papuda continuam a receber visitas de parlamentares livremente. Familiares de outros presos reclamam dos benefícios
Marcela Mattos, de Brasília
Um grupo de 26 deputados do PT visitam os condenados no processo do mensalão que estão cumprindo pena em regime semiaberto no Complexo da Papuda, em Brasília
Um grupo de 26 deputados do PT visitam os condenados no processo do mensalão que estão cumprindo pena em regime semiaberto no Complexo da Papuda, em Brasília (Marcello Casal Jr/ABr)
Apesar da recomendação do Ministério Público feita à diretoria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal para que seja seguido o princípio da isonomia no tratamento de detentos, os petistas encarcerados no Complexo Penintenciário da Papuda, em Brasília, continuaram a receber livremente a visita de parlamentares e familiares.
Nesta sexta-feira, um dia vetado a visitações na Papuda, o deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA) esteve no local no início da tarde para encontrar José Dirceu, Delúbio Soares, Romeu Queiroz e Jacinto Lamas. Mais cedo, o ex-deputado Carlos Abicalil também visitou alguns dos presos do processo do mensalão. Pelo entendimento do juiz da Vara de Execuções Penais, parlamentares têm livre acesso ao complexo penitenciário.
Ao cobrar o fim das regalias aos petistas, o Ministério Público anexou reportagens sobre o entra e sai de visitantes na Papuda. A entrada indiscriminada na penitenciária tem causado desconforto em familiares de presos comuns, que têm de esperar em uma fila durante horas para conseguirem acesso ao interior da penitenciária. Os petistas desrespeitam a ordem de chegada e não precisam ficar sob o sol para ter a entrada liberada.
Leia também: Radar: Mensaleiros não têm queixas sobre Papuda
A Promotoria argumenta que o horário de visitação do presídio é restrito às quartas e quintas-feiras, das 9h às 15h, além de destacar que os visitantes devem passar por revista, estar com roupa apropriada e deixar aparelhos eletrônicos na entrada. O acesso irrestrito aos parlamentares, fora dos horários estabelecidos, é um entendimento do juiz da Vara de Execuções Penais, que pode ser suspenso a qualquer momento.
Dirceu e Delúbio desistiram de pedir transferência para uma unidade em São Paulo e permanecerão em Brasília, onde o sistema prisional é administrado pelo governador do Distrito Federal e colega de partido, Agnelo Queiroz. O governador, aliás, fez questão de visitar os detentos petistas ontem ao lado de 26 deputados.
As reclamações dos demais visitantes e a recomendação do Ministério Público foram mais uma vez ignoradas nesta sexta. Ao site de VEJA, o coordenador-geral da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) no DF, João Feitosa, afirmou que sequer sabia das visitas e alegou que a entrada às sextas-feiras não é proibida: “Na sexta-feira há exceções por motivos particulares. São casos excepcionais, como um familiar cadeirante ou que precise levar alguma medicação”, explicou. Esses, porém, não são os casos aplicados aos detentos do mensalão.
Para o coordenador, não há privilégios aos mensaleiros: “Isso não acontece. Os outros presos, inclusive, não estão reclamando. O sistema está calmo e as visitas têm ocorrido com normalidade”.
O coordenador da Sesipe ainda apontou benefícios na maior rotatividade com a presença dos mensaleiros: “Os presos têm consciência de que com a visita de representantes do poder público há uma tendência de haver melhorias. Eles [os condenados no mensalão] podem trazer mais atenção ao sistema prisional”.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/apos-pedido-do-mp-mensaleiros-seguem-com-regalias
Mais silêncio...
Silveirinha está prestes a reaver os milhões que desviou
O principal condenado por um escândalo de corrupção de dez anos atrás pode estar perto de conseguir os quase US$ 9 milhões que enviou à Suíça
Ele acumulou US$ 8,7 milhões. No escândalo como um todo, foram desviados US$ 34 milhões.
Rodrigo Silveirinha Corrêa, ou simplesmente Silveirinha, foi o símbolo de um dos maiores escândalos políticos do Rio de Janeiro, conhecido como escândalo do propinoduto. Subsecretário adjunto de Administração Tributária durante o governo de Anthony Garotinho, entre 1999 e 2002, Silveirinha montou, com um grupo de fiscais da Fazenda do Rio, um esquema de extorsão a empresas fluminenses.
A quadrilha arrecadou e mandou para a Suíça US$ 34 milhões, o equivalente a R$ 77 milhões. O caso veio a público em 2003. Logo em seguida, Silveirinha e seus comparsas foram demitidos, condenados e chegaram a ser presos. O dinheiro na Suíça foi bloqueado em 2008. Alguns anos depois de deixar a cadeia, Silveirinha dizia que passara a dirigir um táxi para ganhar a vida, após uma tentativa fracassada de administrar um posto de gasolina.
A história parecia um exemplo de sucesso das instituições brasileiras no combate à corrupção. Na semana passada, o governo do Rio de Janeiro recebeu uma notícia triste para o cidadão honesto – e alegre para ele, o próprio, o Silveirinha, condenado por desviar o dinheiro dos impostos.
A Justiça da Suíça decidiu em última instância que não repatriará o dinheiro para o Brasil. As autoridades suíças cogitam até mesmo devolver o dinheiro para Silveirinha e seus companheiros. Por que isso ocorreu? Uma das principais razões é que, em dez anos, a Justiça brasileira não conseguiu concluir o processo. Ou, na linguagem jurídica, a sentença dos acusados do propinoduto não “transitou em julgado”.
Em outubro de 2003, 22 pessoas foram condenadas pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio, entre fiscais estaduais da Fazenda, auditores da Receita Federal e os doleiros que enviaram ilegalmente dinheiro ao exterior. Em 2007, as sentenças foram confirmadas pelo Tribunal Regional Federal.
Os condenados recorreram, e o caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde 2009, as 22 mil folhas, distribuídas por 66 volumes do processo original, repousam, em segredo de Justiça, à espera de julgamento no STJ. Dez anos após a primeira condenação, a ação está no gabinete da ministra Assusete Magalhães, a sexta relatora do caso, ainda sem decisão. Existem sete recursos ativos sobre o caso no STJ e dois no Supremo Tribunal Federal. Segundo o STJ, o lapso de tempo se deve ao excesso de processos; à grande rotatividade de ministros das turmas penais; e a seis substituições desde 2012, agravadas pela demora nas nomeações.
“O julgamento sobre o qual a República Federativa do Brasil se apoiava para fundar suas pretensões civis não era definitivo. Assim, a natureza da lesão potencialmente sofrida pelo Estado do Rio de Janeiro não pode ser estabelecida definitivamente”, afirma a decisão do Tribunal Penal Federal da Suíça, de novembro de 2011, que nega o repatriamento dos recursos ao Brasil.
Em janeiro deste ano, a Suprema Corte suíça ratificou a decisão do Tribunal Penal, concluindo o processo. Não cabe mais recurso, pela via jurídica, para trazer o dinheiro de volta ao Brasil.Apesar de a decisão ser do começo do ano, somente na semana passada a Advocacia-Geral da União, responsável pelo processo judicial, informou o resultado ao governo do Rio, segundo ÉPOCA apurou. Além da demora da Justiça brasileira, as autoridades suíças entenderam que a União não era parte legítima para pedir o repatriamento do dinheiro, porque o dano direto da corrupção fora causado ao Rio de Janeiro, não ao governo federal.
O governo brasileiro ainda não desistiu de recuperar os recursos, que continuam congelados na Suíça. Segundo o Departamento Internacional da Advocacia-Geral da União, a decisão encoraja uma “solução negociada” entre os dois países para a devolução do dinheiro, com base nos princípios da legislação federal suíça sobre o compartilhamento de ativos patrimoniais confiscados.
O Ministério da Justiça capitaneia essa negociação e coordena as ações brasileiras. Se essa solução diplomática não prosperar, as autoridades suíças terão dois cenários: liberar o dinheiro aos correntistas ou incorporá-lo ao tesouro do país.
Silveirinha foi o nome mais conhecido do propinoduto, mas não foi quem mais mandou dinheiro para a Suíça. Em sua conta no Union Bancaire Privée, ele acumulou US$ 8,7 milhões. Outro auditor, Carlos Eduardo Pereira Ramos, juntou ainda mais: US$ 18,1 milhões.
Como subsecretário adjunto de Administração Tributária, Silveirinha era o superior hierárquico de Carlos Eduardo, chefe da Inspetoria de Grande Porte – responsável pelas 400 maiores empresas do Estado e três quartos da arrecadação de ICMS. Juntos, os dois obtiveram 79% dos recursos desviados pelo grupo. Em 2012, o caso entrou na lista do Banco de Dados de Grandes Casos de Corrupção, do Banco Mundial. Por esse recorde nefasto, Silveirinha e Carlos Eduardo deveriam ser punidos – e não premiados, como pode acontecer.
Idas e vindas da Justiça.
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/11/silveirinha-esta-prestes-reaver-os-bmilhoes-que-desvioub.html
Que calor....
O que fazer quando a timidez vira doença
Você morre de vergonha de levantar a mão e fazer uma pergunta em sala de aula? Odeia ter de apresentar os resultados da empresa numa reunião da diretoria? Quando vai a uma festa, fica num canto e evita falar com desconhecidos? Na rua, abaixa os olhos ao passar por estranhos? Será que você é apenas tímido ou tem uma tremenda dificuldade de se relacionar e de se expor na frente dos outros? Como saber quando a timidez passa do ponto?
Um dos limites claros da timidez excessiva é uma condição conhecida como fobia social. Em casos extremos, a pessoa pode até passar mal numa situação em que se sente exposta ou avaliada publicamente. Para ela, dar uma aula, se manifestar numa reunião e até mesmo assinar um simples talão de cheque ou teclar a senha do cartão na frente de desconhecidos pode ser um verdadeiro martírio.
Sensações e sintomas como medo de errar, perda de controle, taquicardia, tremores, transpiração excessiva, tosse, falta de ar, tontura, enjoo, vômitos e até desmaios podem acontecer. Tudo isso é resultado de uma crise de ansiedade, desencadeada por uma resposta desproporcional diante de uma ameaça imaginária. É como se alguém se sentisse julgado ou criticado o tempo todo. Uma espécie de fantasia de que é uma farsa que será descoberta a qualquer momento. Como resultado, o fóbico social pode passar a evitar situações em que sabe que se sentirá exposto.
Não é incomum que seu desempenho na escola, na faculdade ou no emprego fique prejudicado, que ele evite festas e confraternizações e que deixe de fazer compras quando não está acompanhado. Essas são algumas de muitas outras limitações de que o fóbico social sofre.
Na tentativa de controlar ou reduzir a ansiedade, esse tipo de fobia pode levar ao abuso de álcool, maconha, cigarro ou calmantes. Sintomas depressivos e outros distúrbios de ansiedade podem, também, estar mais presentes na vida dos fóbicos sociais.
Em tempos de internet, muitos deles (como também os tímidos) podem passar horas na frente do computador, usando redes sociais para mediar seus contatos com os outros. O risco é a vida on-line ganhar o lugar dos contatos reais, já que a sensação de ser avaliado tende a diminuir do outro lado da tela.
É importante que pessoas que enfrentam as limitações que a fobia social impõe à vida procurem a ajuda de psiquiatras ou psicólogos. No tratamento, pode ser necessário o uso de medicamentos como antidepressivos, para o controle da ansiedade e de outros sintomas. A terapia pode modular a resposta à ansiedade, dar maior segurança e garantir um cotidiano mais tranquilo.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/jairo-bouer/noticia/2013/11/o-que-fazer-quando-btimidez-vira-doencab.html
Silêncio...
Lula revela: a imprensa faz mal à democracia
As palavras de Lula põem gasolina no fogo dos vândalos que atacam carros da imprensa nas ruas
Discursando no Senado, em comemoração aos 25 anos de promulgação da Constituição, Lula disse que a imprensa “avacalha a política”. E explicou que quem agride a política propõe a ditadura. Parem as máquinas: para o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, a imprensa brasileira atenta contra a democracia. É uma acusação grave.
O Brasil não tinha se dado conta de que os jornais, as rádios, a internet e as televisões punham em risco sua vida democrática. Felizmente o país tem um líder atento como Lula, capaz de perceber que os jornalistas brasileiros estão tramando uma ditadura. Espera-se que a denúncia do filho do Brasil e pai do PT tenha acontecido a tempo de evitar o pior.
No mesmo discurso, Lula cobriu José Sarney de elogios. Disse que o senador maranhense, então presidente da República, foi tão importante na Constituinte quanto Ulysses Guimarães. Para Lula, Sarney sim é, ao contrário da imprensa, um herói da democracia.
É compreensível essa afinidade entre os dois ex-presidentes. Sarney e seu filho Fernando armaram a mordaça contra O Estado de S. Paulo. Proibiram o jornal de publicar notícias sobre a investigação da família Sarney por tráfico de influência no Senado, durante o governo do PT. Isso é que é democracia.
A imprensa é mesmo um perigo para a política nacional. Ela acaba de espalhar mais uma coisa horrenda sobre o governo popular – divulgou um relatório do FMI que denuncia a “contabilidade criativa” na tesouraria de Dilma.
Contabilidade criativa é uma expressão macia para roubo, já que se trata de fraudar números para esconder dívidas e gastar mais o dinheiro do contribuinte. Assim, a imprensa avacalha a política petista, cassando-lhe o direito democrático de avacalhar as contas públicas.
Lula faz essa declaração no momento em que manifestantes em São Paulo e no Rio de Janeiro, numa epidemia fascista, depredam e incendeiam carros da imprensa, além de agredir jornalistas.
Luiz Inácio sabe o que faz. Sabe que suas palavras são gasolina nesse fogo. E não há nada mais democrático do que insuflar vândalos contra a imprensa – já que o método Sarney de mordaça é muito trabalhoso, além de caro.
Do fundo do mar, onde desapareceu há 21 anos, Ulysses Guimarães deve estar quase vindo à tona para tentar entender como Lula conseguiu exaltar a Constituição cidadã e condenar a imprensa num mesmo discurso.
Ulysses morreu vendo a imprensa expor os podres de um presidente que seria posto na rua. Ulysses viu a imprensa ressurgir depois do massacre militar contra a liberdade de expressão. Ele mesmo doou parte de sua vida nessa batalha contra o silêncio de chumbo. Ao promulgar a Constituição cidadã, jamais imaginaria que, um quarto de século depois, um ex-oprimido descobriria que o mal da democracia é a imprensa. E estimularia jovens boçais a fazer o que os tanques faziam contra essa praga do jornalismo.
Lula saiu de seu discurso no Senado e foi almoçar com Collor – cujo governo democraticamente conduzido pelo esquema PC também foi avacalhado pelos jornalistas.
A união entre Lula e Collor é uma das garantias do Brasil contra a ditadura da imprensa, essa entidade truculenta e abelhuda. E o país se tranquiliza ainda mais ao saber que Lula e Collor estão unidos a Sarney. Com esse trio, a democracia brasileira está a salvo.
Chegará o dia em que a televisão e o rádio servirão apenas aos pronunciamentos de Dilma Rousseff em nome de seus padrinhos, poupando os brasileiros de assuntos ditatoriais como mensalão, contabilidade criativa, tráfico de influência, Rosemary Noronha e outras avacalhações.
Infelizmente Collor se atrasou e não pôde comparecer ao almoço. Lula pôde celebrar seu discurso com outros democratas, como o seu anfitrião, o senador Gim Argello (PTB-DF) – a quem a imprensa golpista também vive avacalhando, só porque ele responde a vários processos e a inquérito no STF por apropriação indébita, peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Com a mídia avacalhando a política desse jeito, não dá nem para almoçar em paz com um amigo do peito.
A Argentina e a Venezuela, que Lula e o PT exaltam como exemplos de democracia, já conseguiram domesticar boa parte da imprensa. Com a reeleição de Dilma, o Brasil chega lá.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/guilherme-fiuza/noticia/2013/11/lula-revela-bimprensa-faz-malb-democracia.html
Alerta aos incautos...
Vendedores e seus truques
Calço 38, mas vendedores já me convenceram a levar até sapato 40. Fica uma lancha no meu pé!
Entro numa livraria. Uma jovem se aproxima, desfilando os dentes, tal o tamanho do sorriso.
– Parabéns. Hoje quem vier de preto, como o senhor, ganha um prêmio. É a cor da elegância.
Estou de preto porque emagrece. Mas, se vou ganhar um prêmio, ótimo! Sorrio e mostro meus dentes, também quase pretos, porque estou com provisórios, até ficarem prontos os definitivos. A jovem continua, insinuante:
– Diga, que revista o senhor prefere?
Minha vaidade sofre um golpe. A abordagem não tinha a ver com meu charme. Era para vender assinatura! Mas não faço assinaturas de revistas. Até gosto de recebê-las em casa. Só que vivo entre Rio e São Paulo. Prefiro usar meu iPad. Respondi com a sinceridade rude que me caracteriza:
– Sinto muito, não vou comprar assinatura.
– Mas não estou vendendo, vou oferecer todos os benefícios sem o senhor ter de pagar.
Continuo com o mantra: “Não vou comprar. Não vou comprar”. É malho de vendas, eu sei. Ela insiste. Corro para fora da loja. É o único jeito de me livrar de vendedores insistentes. Em loja de grife, é um susto. Boto um paletó. Não fecha. Peço um número maior. Não tem. O vendedor começa:
– Você faz questão de fechar o paletó?
– Para que comprar um paletó que não consigo fechar?
– Muita gente hoje em dia usa assim, aberto. É fashion.
Observo minha barriga se projetando para fora. Fashion?
– E você fica muito bem de paletó aberto – diz o vendedor.
Minha vontade é atirar o paletó na sua cara.
Respondo:
– É muito ruim comprar com vendedor que não é sincero.
Ele age como se não fosse com ele. No momento, está interessado em me mostrar a loja toda, queira eu ou não.
– Tenho também umas camisetas.
Experimento. Ele diz:
– Está ótima! Salienta os ombros.
– De tão justa, parece que engoli uma melancia.
Vou fugindo, mas ele me acompanha.
– Precisa de carteira? Relógio? Chapéu?
Em restaurantes, a gente é muito enganado. Sempre desconfio quando o maître aconselha:
– A sugestão do chef hoje é linguado.
Se é um domingo, isso significa que o linguado chegou na sexta-feira. É um peixe delicado, que estraga depressa. Obviamente, as geladeiras e os freezers estão abarrotados de linguados.
O maître tem de empurrar o peixe. Experimente observar a expressão quando você diz que prefere um espaguete à bolonhesa.
O maître tem vontade de atirar o linguado na sua cara. Mas se vira para a acompanhante e pergunta, gentilmente:
– E a senhora, já escolheu? O linguado está ótimo!
Da mesma forma, os vinhos. Enólogos em restaurantes são, na prática, vendedores especializados. Claro, sabem o que combina com quê. Mas também há estoques a desovar, como aquele vinho que ninguém pede e mofa na adega.
Ele sugere: “Tem um tinto que combina muito bem com carne e peixe ao mesmo tempo”. Até com jiló, se eu perguntar!
Vendedores de feirinhas de antiguidades mostram um prato rachado e pedem uma fortuna:
– É Companhia das Índias, raríssimo.
– Mas está rachado.
– São as marcas do tempo que acentuam a beleza do objeto!
Com essa conversa de “marcas do tempo”, no passado forrei minha casa com quinquilharias inúteis. Hoje, pratos, taças e toda uma parafernália estão escondidos numa prateleira do alto. Motivo: a empregada pode quebrar. Então, para não quebrar, não uso. Se não uso, para que preciso deles? – eu me pergunto. Tente vender um prato rachado a sua vizinha. Você vai ouvir!
Se entro numa joalheria, sempre há uma bela dama para me atender, oferece café e champanhe. Mostra brincos delicados, se pretendo presentear uma jovem. Quando me interesso, elogia minha sofisticação: “Você tem muito bom gosto, é nosso último lançamento internacional”.
Eu me sinto gratificado. Sem lembrar que a regra de quem vende é elogiar o cliente. E se você precisa vender uma joia? Um amigo ganhou várias da mãe para comprar um carro. O comprador só pagava pelas pedras e pelo peso em ouro. Design, grife não tinham valor nenhum.
Um truque nunca falha comigo: sapatos. Calço 38. Quase nunca encontro a numeração do modelo que quero. O vendedor me convence: “Nossa fôrma é diferente, experimente o 39”. Papo! Fica uma lancha nos meus pés, mas ele me convence de que tudo bem. Já comprei até o 40. E depois, para usar? Se eu estiver andando torto, você já sabe. Mais uma vez, caí em conversa de vendedor. Como todos nós, algum dia.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/walcyr-carrasco/noticia/2013/11/vendedores-e-bseus-truques-b.html
Vai encarar?
Vale a pena morrer por uma onda?
Maya Gabeira quase morreu, derrubada por uma onda gigante. As emoções valem mais que a vida
Por pouco, uma onda de 20 metros de altura não matou a surfista carioca Maya Gabeira. Foi no mar de Portugal, em Nazaré, no fim de outubro. A imprensa noticiou tudo em profusão, aos borbotões. Num dos sólidos solavancos líquidos do oceano bravio, Maya quebrou o tornozelo, caiu n’água, perdeu o fôlego, perdeu o ar dos pulmões, perdeu a consciência e quase perdeu a vida. Só sobreviveu porque o amigo Carlos Burle saltou do jet ski, conseguiu puxá-la para fora da espuma e levou-a até a praia, onde fez com que ela respirasse de novo graças a uma massagem cardíaca. Logo depois do susto, a maior estrela dos sete mares em matéria de ondas gigantes sorria: “Morri... mas voltei”.
Que bom. Que ótimo. Ufa! Maya, na crista de seus 26 anos, só espera o tornozelo ficar em forma para retomar sua rotina de “viver a vida sobre as ondas”, como na velha canção de Lulu Santos e Nelson Motta. Aí, voltará a deslizar sobre riscos tão altos quanto os vagalhões que desafia.
A pergunta é: vale a pena?
A resposta é: mas é lógico que sim.
Mas dizer isso é dizer pouco. Vamos mais fundo: vale a pena por quê? Sabemos, até aqui, que parece existir mais plenitude numa aventura emocionante e incerta do que numa existência segura e modorrenta. Mas por quê? Por que as emoções sublimes podem valer mais que a vida?
Se pensarmos sobre quem são e o que fazem os heróis da nossa era, talvez possamos começar a entender um pouco mais sobre isso. Os heróis de agora parecem querer morrer de overdose de adrenalina. Não precisam de drogas artificiais. Comem frutas e fazem meditação. Não falam mais de revoluções armadas. Estão dispostos a sacrificar a própria vida, é claro, mas não por uma causa política, não por uma palavra de ordem ou por uma bandeira universal – basta-lhes uma intensa carga de prazer.
Além dos surfistas, os alpinistas, os velejadores e os pilotos de Fórmula 1 são nossos heróis. São caçadores de fortes emoções. Enfrentam dragões invencíveis, como furiosas ondas gigantescas ou montanhas hostis, geladas e íngremes. Cavalgam automóveis que zunem sobre o asfalto ou pranchas que trepidam a 80 quilômetros por hora sobre uma pedreira de água salgada. Não querem salvar princesa alguma. A princesa, eles deixam de gorjeta para o dragão nocauteado. O fragor da batalha vale mais que a administração da vitória.
Os heróis de agora não fazem longos discursos. São protagonistas de guerras sem conteúdo, guerras belas simplesmente porque são belas, muito embora sejam perfeitamente vazias. Qual o significado de uma onda gigante? Nenhum. Ela simplesmente é uma onda gigante, e esse é seu significado. Qual o sentido político de morrer com o crânio espatifado dentro de um carro de corrida? Nenhum, mas ali está a marca de alguém que se superou e que merece ser idolatrado. Os heróis de agora não são portadores de ideias. São apenas exemplos de destemor e determinação. São heróis da atitude, não da finalidade.
O sentido do heroísmo não foi sempre assim, vazio. Há poucas décadas, as coisas eram diferentes. Antes, os heróis não eram famosos pelas proezas físicas, mas pelas causas que defendiam. Che Guevara, por exemplo. É certo que ele gostava de viajar de motocicleta e tinha predileção por enveredar-se nas matas e dar tiro de espingarda, mas sua aura vinha da mística revolucionária. Ele era bom porque, aos olhos dos pais dos que hoje são jovens, dera a vida pelos pobres, mais ou menos como Jesus Cristo – o suprassumo do modelo do herói que dá a vida pelo irmão.
Sabemos que Che é idolatrado ainda hoje, mas é bem possível que as novas gerações vejam nele um herói por outros motivos. Che não é um ídolo por ter professado o credo socialista, mas pela trilha aventurosa que seguiu. Aos olhos da juventude presente, a guerrilha não é bem uma tática, mas um esporte radical. O que faz de Che Guevara um ídolo contemporâneo, portanto, é menos a teoria da luta de classes e mais, muito mais, o gosto por embrenhar-se nas montanhas e fazer trekking, a boina surrada, o cabelo comprido, a aversão ao escritório, aos fichários e à gravata.
Nos anos 1970, os pais dos jovens de hoje idolatraram Che pelo que viam nele de conteúdo marxista. Hoje, os filhos dos jovens dos anos 1970 idolatram o mesmo personagem pelo que veem nele de performático (o socialismo não passou de um pretexto para a aventura). Num tempo em que as ideias foram esquecidas, o gesto radical sobrevive.
Maya Gabeira continuará no vigor do gesto. E nós continuaremos a amá-la por isso, porque nossa vida sem ideias ficou chata demais.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/eugenio-bucci/noticia/2013/11/bvale-pena-bmorrer-por-uma-onda.html
Instintos selvagens...
O que as gatas me ensinam
Uma é tímida, a outra, impetuosa. Ambas são adoráveis e, à sua maneira, imprescindíveis
Carlota e Elisabeth.
Há dois meses ando apaixonado por um par de gatas. Carlota e Elisabeth. Elas entraram em casa por insistência da minha mulher e viraram parte da rotina. E da vida. Miam quando eu chego, sobem na cama e cheiram a minha cara quando acordo, sentam no meu colo quando estou lendo ou quando escrevo no computador. Eu falo com elas, brinco com elas, ralho com elas, dou comida e troco a areia da caixinha. Elas me fazem agradável companhia quando estou sozinho. Em troca, compro religiosamente a ração cheirosa que elas tanto apreciam.
O fato de ter um par de gatas não me torna um ser humano melhor, não me faz sentir uma espécie de ativista e nem desconta a minha culpa – enorme - por não fazer o que é preciso para melhorar a vida das pessoas desprotegidas do meu país. Não acho, evidentemente, que minhas gatas são tão importantes quanto as criaturas humanas que me cercam. Mas tê-las em casa me deixa contente. Cuidar delas e conviver com elas são atos de prazer egoísta que me fazem bem, e que talvez façam bem a elas.
Também aprendo coisas com as gatas.
A primeira, óbvia, é que é bom cuidar delas. Pequenos rituais, como o de alimentar e tratar os bichos, são imensamente gratificantes. Não tomam tempo demais e nos fazem sentir necessários e úteis. Talvez algo em nós precise dessa responsabilidade sobre outra vida. Seres humanos necessitam de nós, claro, mas eles são complicados e imprevisíveis. Podem nos criticar, podem exigir demais de nós ou (infinitamente pior) podem virar as costas e ir embora. Gatos jamais. Eles não nos abandonam e não nos desapontam. À maneira deles, vivendo uma vidinha paralela em sua bolha felina, passam a vida conosco. É improvável que retribuam nossos ternos sentimentos, mas certamente precisam de nós. E isso basta.
Observando os gatos, sou tentado a fazer comparações e analogias com os humanos.
Minhas gatas têm personalidades opostas entre si. Elisabeth, de oito meses, é uma dama elegante e delicada. Minha mulher a chama de bailarina. Ela se move com leveza pela casa e mantém distância emocional e física dos humanos. Gosta de tomar banho de sol na janela sem ser importunada.
Quando se aproxima, é nos termos dela. Elisabeth canta. Ou melhor, mia desconsoladamente e sem razão aparente. De início, achei que era o intestino. Agora eu percebi que Elisabeth é melancólica. A veterinária disse que ela tem todos os ossos do rabo quebrado e uma calcificação óssea na espinha. Parece ter sido maltratada antes de chegar ao abrigo onde a recolhemos. Isso explica o jeito esquivo e desconfiado, assim como a tristeza dela. Elisabeth tem medo. Ou teve.
Carlota, dois meses mais nova, é um turbilhão. Sobe em todas as mesas, entra no guarda-roupa, brinca com as plantas do vaso até destruí-las. É impertinente e destemida, assim como curiosa.
Quando se tenta tirá-la à força de algum lugar, ela reage com arranhões. Nasceu na obra do novo estádio do Corinthians, eu imagino. Se eu grito com ela, ou tento fazer gestos para assustá-la, me encara com total indiferença. Como não teme as pessoas, se aproxima com facilidade. Permite que a gente a pegue no colo e brinque com ela. Outro dia, meio bebum, eu a segurei no chão pelas patinhas da frente e fiz barulho com a boca na barriga dela, como se faz com as crianças. Ela ficou perplexa.
Carlota me faz pensar como são felizes as pessoas destemidas. Elas estão mais relaxadas. Desfrutam melhor do mundo ao redor delas. Se alguém tentar incomodá-las ou feri-las, reagem e vão embora. É mais simples, não é? Elisabeth, que tem medo de tudo, sugere que a vida deixa marcas.
Não sei se o tempo fará com que ela se sinta segura na companhia de gente. Talvez não. Talvez ela seja naturalmente tímida. Mas isso faz que seja mais gostoso quando ela, num rompante, escala o sofá, supera suas reservas e decide, autonomamente, que vai dormir na minha barriga. Nestas horas, minha gata delicada faz com que eu me sinta alguém especial.
Fico tentado a imaginar que a mulher ideal seria a mistura das duas. A meiguice de uma com a impetuosidade da outra. A melancolia da Elisabeth com a vivacidade da Carlota. Mas isso não existe, certo? A personalidade das pessoas não é construída para nos agradar ou para fazê-las mais desejáveis. Elas são como são. Imprescindíveis, adoráveis ou detestáveis à sua maneira. E alternadamente.
Neste exato instante, escrevendo com Carlota no colo, enquanto Elisabeth nos observa deitada na estante do escritório, eu não sei de qual delas gosto mais. À sua maneira, as duas enchem a minha manhã. Uma mia, anda pela casa e observa. A outra escala a mesa, deita no teclado e termina por se ajeitar no meu colo. Se fossem duas mulheres, eu não saberia qual escolher. Estaria apaixonado pelas duas. Na verdade, pelas três gatas aqui de casa.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2013/11/o-que-bgatasb-me-ensinam.html
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