domingo, 10 de novembro de 2013

Viva a sabedoria...

O materialismo na teoria do conhecimento de Thomas Hobbes
Para Hobbes, a mente humana é desprovida de qualquer sistema de representação anterior à experiência.

No período da história humana conhecido por idade moderna, que se inicia com o Renascimento, é muito comum a pesquisa e o desenvolvimento do termo “representação” em vários aspectos, tais como os epistemológicos, políticos e religiosos. Um dos primeiros a conceber um sistema de representação foi o inglês Thomas Hobbes.

Diferente de Maquiavel, Hobbes considera a mecânica (estudo do movimento na ciência natural ou física) como modelo para sua psicologia e também para sua sociologia. Ele parte do conceito de indivíduos isolados, como átomos (que são corpos inorgânicos imutáveis e eternos) e faz a analogia com os homens no estado real de natureza. É essa analogia que pode explicar as alterações sociais.

Assim, cada indivíduo reage a movimentos exteriores numa necessidade incondicional. Vistas do interior, as reações humanas apresentam-se como vivências, sentimentos e impulsos. Para Hobbes, todos os afetos que sentimos são efeitos de fenômenos mecânicos no nosso corpo e também no mundo exterior.

Seguindo uma tradição empirista que remonta a Aristóteles, Hobbes entende que a mente humana é totalmente desprovida de qualquer representação anterior à experiência. Ela ocorre da seguinte forma:

- Em primeiro lugar, temos a sensação, que é o pensamento isolado, uma aparência da qualidade dos objetos ou acidentes destes que são exteriores a nós e que atuam nos órgãos dos sentidos. A sensação é uma primeira concepção no espírito do homem e é causada pelo movimento que os objetos proporcionam ao pressionarem (interagirem) com nossos órgãos, sendo, então, ilusória e aparente, não estando nos objetos, mas provindo deles;

- Em segundo lugar temos a imaginação, que é uma sensação diminuída, ou seja, passada. É a ilusão que se guarda na memória. A diferença entre as duas é que a imaginação é presenciada e arquivada enquanto que a memória é apenas a lembrança da ilusão no presente;

- E por último, a experiência, isto é, muita memória ou a memória de muitas coisas. A imaginação é fruto da percepção da sensação e quando há muita repetição, forma-se a expectativa futura.

Podemos também compreender mais detalhadamente segundo o esquema abaixo:

Sensação: contrapressão do objeto aos nossos sentidos. É a impressão;
Percepção: compreensão ou entendimento da sensação;
Imaginação: sensação diminuída (simples ou compostas);
Memória: sobre a diminuição da sensação, ficção do espírito;
Experiência: conjunto das várias memórias.
Ainda segundo o autor, os sonhos são causados por perturbações de alguma parte do corpo (interna) que provocam sonhos diversos para perturbações diversas. Os sonhos são o reverso das imaginações despertas. Com isso, Hobbes critica as religiões e os costumes que estimulam imaginações fortes, tornando as pessoas supersticiosas e despreparadas para a obediência civil.

Devemos entender, portanto, que, para Hobbes, fora da nossa mente há apenas matéria em movimento, como se fossem feixes de luzes desorganizados. Quando captamos esses feixes, a mente organiza esses dados, isto é, cria um mundo artificialmente através da linguagem (que também é artificial). 

A imaginação se dá pelas palavras, sinais e entendimento. Da mesma forma que se cria um mundo ilusório pra si, os indivíduos coletivamente podem criar um mundo comum para si. É a common wealth, termo inglês usado pelos filósofos para designar uma comunidade, sociedade civil organizada ou Estado.

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