Música de
Protesto
Green Day: Grupo que protesta a invasão norte-americana no
Iraque.
A música para a maioria das pessoas é uma forma de expressar
sentimentos, desejos, frustrações, conceito que não está muito longe da
realidade, pois durante muito tempo a música foi utilizada como forma de “abrir
os olhos da humanidade” para as questões que afligiam o mundo, como a guerra, a
discriminação, a opressão etc.
Para muitos músicos, a canção não deve falar de coisas banais,
mas sim, explorar letras na tentativa de mudar a realidade cruel em que grande
parte do mundo vive, é buscar através da música a liberdade para a humanidade.
A música com referência ideológica existe há muito tempo, mas foi a partir da
década de 1960 que a música, como forma de protesto, ganhou popularidade, em
especial com as bandas britânicas Beatles e Rolling Stones, com a
expressividade do rock. Levantando diversas questões como, por exemplo,
discussões em favor da liberdade de expressão, pelo fim das guerras e do
desarmamento nuclear, idealizando um mundo de “paz e amor”, com músicas como;
“Revolution” (Beatles) e “We Love You” (Rolling Stones). Durante a Guerra do
Vietnã, outras bandas entraram na onda de protestos. Em 1964, no Brasil, a
repressão e a censura instauradas pelo regime militar deram origem a movimentos
musicais que viam na música uma forma de criticar o governo e de chamar a
população para lutar contra a ditadura. Os grandes nomes desse período foram Gilberto
Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, entre outros. Usando na
letra de suas músicas metáforas e ambiguidades, títulos como: “É Proibido
Proibir”, “Que as Crianças Cantem Livres” e “Para Não Dizer que Não Falei das
Flores” fizeram sucesso na época e até hoje ainda fazem.
Foram diversas as canções que falavam da maneira insana que o
regime controlava e tratava a população. Já nos anos 70, surgiu o famoso
movimento punk rock, representados por bandas como o The Ramones, Sex Pistols e
The Clash, esses faziam criticas à Guerra Fria, ao nacionalismo e à monarquia
britânica.
Nesse mesmo período surgiu o reggae, na Jamaica, que trazia em
suas letras mensagens de protesto e conscientização quanto aos problemas da
época. Nos anos 80 e 90, surgiram as principais referências musicais da
atualidade. Uma das principais bandas foi a irlandesesa U2, fazendo sucesso com
a música “Sunday Bloody Sunday”, letra que trazia o desabafo e a indignação dos
cantores contra a intolerância religiosa entre protestantes e católicos que
resultou na morte de dezenas de pessoas, fato ocorrido em 1972, em Derry, na
Irlanda do Norte. Além do U2, muitas outras bandas se engajaram em causas
humanitárias e ambientalistas como, por exemplo, a banda australiana Midnight
Oil. Já no Brasil os anos 80 marcaram o surgimento dos principais nomes do rock
nacional, em especial as bandas nascidas em Brasília e São Paulo como Legião
Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Titãs. Cada uma
trazendo seu próprio estilo e suas indignações contra os problemas e a
enganação da sociedade. Na música “Geração Coca-Cola” do grupo Legião Urbana, é
possível ver a indignação contra a soberania norte-americana sobre o Brasil e
os demais países:
(Composição: Renato Russo/ Fê Lemos)
“Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola”
E foi com esse tipo de letra que essas bandas fizeram e ainda
fazem sucesso entre os jovens. Onde todos têm o sonho de fazer a revolução, de
mudar a realidade do mundo. Hoje, existem muitos grupos de referência mundial,
que fazem sucesso com suas letras de protesto, como a estadunidense Green Day
com a música “American Idiot” (Idiota Americano) que manifesta sua oposição à
presença militar dos EUA no Iraque:
“Não quero ser um idiota americano.
Uma nação governada pela mídia.
Informações da idade da histeria.
Está chamando um idiota americano.
Bem-vindo a um novo tipo de tensão.
Por toda a “alien-nação”,
Onde tudo não é feito para ser certo.
A televisão sonha com amanhã.
Nós não somos o que pretendemos seguir.
E isso é o suficiente para discutir.”
Essas bandas atuais e de caráter revolucionário demonstram o
quanto a música ainda é um forte instrumento de manifestação contra o avanço do
desenvolvimento desordenado no planeta, autoritarismo e intolerância. A música
de protesto há muito tempo deixou de ser exclusiva de alguns grupos,
ultrapassando a esfera do rock e atingindo outros estilos, hoje o Rap é um dos
ritmos mais conceituados da atualidade, apresentando letras de protesto contra
as desigualdades sociais, raciais e religiosas.
http://www.brasilescola.com/artes/musica-protesto.htm
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