Capital,
Trabalho e Alienação, segundo Karl Marx
Segundo Marx, a relação capital, trabalho e alienação promovem a
coisificação ou reificação do mundo, tornando-o objetivo, sendo que suas regras
devem ser seguidas passivamente pelos seus componentes.
De acordo com Marx, capital e trabalho apresentam um movimento
constituído de três momentos fundamentais:
Primeiro,
“a unidade imediata e mediata de ambos”; significa que num primeiro momento
estão unidos, separam-se depois e tornam-se estranhos um ao outro, mas
sustentando-se reciprocamente e promovendo-se um ao outro como condições
positivas;
Em
segundo lugar, “a oposição de ambos”, já que se excluem reciprocamente e o
operário conhece o capitalista como a negação da sua existência e vice-versa;
Em
terceiro e último lugar, “a oposição de cada um contra si mesmo”, já que o
capital é simultaneamente ele próprio e o seu oposto contraditório, sendo
trabalho (acumulado); e o trabalho, por sua vez, é ele próprio e o seu oposto
contraditório, sendo mercadoria, isto é, capital.
Já a alienação ou
estranhamento é descrita por Marx sob quatro aspectos:
1. O trabalhador é estranho ao produto da atividade, que
pertence a outro. Isto tem como consequência que o produto se consolida,
perante o trabalhador, como um “poder independente”, e que, “quanto mais o
operário se esgota no trabalho, tanto mais poderoso se torna o mundo estranho,
objetivo, que ele cria perante si, mais ele se torna pobre e menos o mundo
interior lhe pertence”;
2. A alienação do trabalhador relativamente ao produto da sua
atividade surge, ao mesmo tempo, vista do lado da atividade do trabalhador,
como alienação da atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação
essencial do homem, para ser um “trabalho forçado”, não voluntário, mas
determinado pela necessidade externa. Por isso, o trabalho deixa de ser a
“satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer necessidades
externas a ele”. O trabalho não é uma feliz confirmação de si e desenvolvimento
de uma livre energia física e espiritual, mas antes sacrifício de si e
mortificação. A consequência é uma profunda degeneração dos modos do
comportamento humano;
3. Com a alienação da atividade produtiva, o trabalhador
aliena-se também do gênero humano. A perversão que separa as funções animais do
resto da atividade humana e faz delas a finalidade da vida, implica a perda
completa da humanidade. A livre atividade consciente é o caráter específico do
homem; a vida produtiva é vida “genérica”. Mas a própria vida surge no trabalho
alienado apenas como meio de vida. Além disso, a vantagem do homem sobre o
animal – isto é, o fato de o homem poder fazer de toda natureza extra-humana o
seu “corpo inorgânico” – transforma-se, devido a esta alienação, numa
desvantagem, uma vez que escapa cada vez mais ao homem, ao operário, o seu
“corpo inorgânico”, quer como alimento do trabalho, quer como alimento
imediato, físico;
4. A consequência imediata desta alienação do trabalhador da
vida genérica, da humanidade, é a alienação do homem pelo homem. “Em geral, a
proposição de que o homem se tornou estranho ao seu ser, enquanto pertencente a
um gênero, significa que um homem permaneceu estranho a outro homem e que,
igualmente, cada um deles se tornou estranho ao ser do homem”. Esta alienação
recíproca dos homens tem a manifestação mais tangível na relação
operário-capitalista.
É dessa forma, portanto, que se relacionam capital, trabalho e
alienação, promovendo a coisificação ou reificação do mundo, isto é, tornando-o
objetivo, sendo que suas regras devem ser seguidas passivamente pelos seus
componentes. A tomada de consciência de classe e a revolução são as únicas
formas para a transformação social.
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