Invernáculo - Paulo Leminski
Esta língua não é
minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo
mentiras,
vai ver que só minto
verdades.
Assim me falo, eu,
mínima,
quem sabe, eu sinto,
mal sabe.
Esta não é minha
língua.
A língua que eu falo
trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem
palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da
frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro,
eu, quase.
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