Redes sociais: revolução democrática e fascismo
eletrônico
“A internet é neutra
do ponto de vista ético. A questão é o seu uso. A internet serve para aproximar
pessoas, patrocina campanhas humanitárias, viabiliza a democracia eletrônica.
Mas pode também servir ao crime organizado e à pedofilia”
O desenvolvimento
das sociedades modernas é marcado pela introdução contínua de inovações
tecnológicas. As grandes navegações, a máquina a vapor, as ferrovias, a energia
elétrica, o aço, o motor a combustão, a química produziram saltos no
capitalismo.
A inovação tecnológica
não carrega, em si, conteúdo ético. Einstein não pensou na bomba atômica quando
produziu verdadeira revolução na física. Santos Dumont se abateu quando
assistiu aviões servindo aos bombardeios na 1ª Grande Guerra Mundial.
O desenvolvimento da
computação e o surgimento da rede mundial de computadores patrocinaram a
transição para o mundo contemporâneo pós-moderno.
A internet é, sem
dúvida, um enorme avanço, uma revolução. A globalização financeira, o
e-commerce, a transmissão de dados, a comunicação on-line transformaram de
forma definitiva e radical a sociedade.
A internet é neutra
do ponto de vista ético. A questão é o seu uso. A internet serve para aproximar
pessoas, patrocina campanhas humanitárias, viabiliza a democracia eletrônica.
Mas pode também servir ao crime organizado e à pedofilia.
As redes sociais são
filhas da internet e vieram para ficar. Geram uma mudança qualitativa nas
relações humanas e abrem possibilidades enormes para a radicalização da
democracia. A eleição de Zapatero na Espanha, em 2004, a primavera árabe e as
mobilizações de junho no Brasil são demonstrações vivas da força das redes
sociais na democracia.
As redes sociais são
instrumento importante para trabalharmos a transparência na vida pública,
democratizarmos as informações, ativarmos discussões coletivas e ouvirmos a
sociedade. Mas, é fundamental estarmos atentos ao nascimento de um
autoritarismo cibernético, um “fascismo eletrônico”, no qual impera a
irracionalidade, a agressão gratuita, o desrespeito, a mentira, a calúnia.
Escondidos no biombo de perfis fakes ou no anonimato inconsequente do mundo
virtual, a suposta coragem traduz a covardia de quem não quer se expor à luz do
dia e disputar democraticamente posições.
Recentemente sofri
“assédio moral” pelas redes em dois episódios. Na discussão interna da Câmara,
que antieticamente foi vazada, sobre a questão do ECAD e dos direitos autorais,
quando traduzia argumentos alternativos vindos de artistas como Fernando Brant,
Danilo Caymmi, João Bosco, Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Joyce, entre outros.
Também na votação da cassação não consumada do deputado Donadon, condenado e
preso – obviamente apoiaria a perda de seu mandato. Na ocasião, me ausentei em
função da trágica morte de meu cunhado, exigindo minha presença ao lado de
minha família.
Debate livre e
aberto, troca de opiniões, exercício de cidadania e participação: essa é a face
positiva das redes sociais. Intimidação, grosseria, mentira, calúnia,
irresponsabilidade, xingamento despropositado é o que a nossa experiência
democrática tem que arquivar na “lata do lixo da História”.
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