Bebê e chupeta: uma relação de acalanto ou uma espécie
de dependência?
Não
esqueça a higienização da chupeta e a sua frequente substituição.
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Brasil/Getty Images - Não esqueça a higienização da chupeta e a sua frequente
substituição.
Até
hoje especialistas discutem os prós e contras do uso da chupeta. Apesar de ser
hábito aculturado na sociedade, a boa e velha chupeta ainda gera dúvidas.
O que
dizem os pediatras
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP, é importante os pais
verificarem com atenção os benefícios e os prejuízos que o uso da chupeta pode
acarretar. "Nunca existiu um consenso entre os pediatras com relação a
esse tema. Por isso, é importante avaliar cada caso individualmente",
comenta a pediatra Fernanda Freire. "Na minha opinião, proibir totalmente
o uso é muito radical", acrescenta.
O poder calmante
Fernanda
Freire explica a razão científica do poder calmante da chupeta: "A sucção
permite a liberação da endorfina, hormônio capaz de produzir um efeito que
modula sensações, como as de dor, ansiedade, humor etc. E isso causa uma
sensação prazerosa, promovendo o bem-estar do bebê". Mas a pediatra também
alerta que é preciso observar algumas recomendações, para evitar ou limitar
malefícios.
Chupeta x amamentação?
Afinal,
a chupeta atrapalha ou não o processo de aleitamento? Embora alguns especialistas
inocentem o objeto quanto a isso, a pediatra Fernanda Freire sugere: "É
aconselhável que o uso da chupeta seja adiado até que a amamentação esteja bem
estabelecida, ou seja, por volta da terceira ou quarta semana. Se introduzida
antes, pode dificultar a adesão ao aleitamento materno. E é este que supre
todas as necessidades da fase oral. Portanto, a mamãe só deve introduzir o uso
da chupeta se realmente for preciso".
A palavra dos dentistas
A
odontopediatra Rosana Dutra esclarece que a odontopediatria atual preconiza o
não-uso da chupeta, mas que isso também depende da escolha da família.
Rosana
informa que uma utilização inadequada pode ocasionar alterações na arcada
dentária, como a chamada "mordida aberta", na arcada superior. Ela
esclarece ainda que, do mesmo modo, o uso prolongado poderá provocar uma
projeção da língua.
Outros problemas
Alguns
especialistas também destacam outros possíveis problemas decorrentes:
dificuldades na mastigação, prejuízos respiratórios e consequências emocionais.
Além de maior chance de desenvolvimento de cáries e de otites de repetição, por
exemplo. Porém, somente o pediatra e/ou odontopediatra de seu filho poderão
avaliar os resultados do uso da chupeta.
Chupeta x sucção digital
Com a
remoção da chupeta, pode surgir a indesejável mania infantil de "chupar o
dedinho". Sobre isso, Rosana Dutra relatou: "A sucção digital projeta
os dentes para vestibular (para fora), provocando um palato ('céu da boca')
profundo, o que deforma toda a arcada superior, bem como a inferior".
Contudo, a odontopediatra esclarece que quando há o acompanhamento constante da
família, junto ao consultório do dentista e do pediatra, são raros os casos de
substituição da chupeta pelo dedo.
O
momento certo para a chupeta sair de cena
Para a
interrupção do hábito, a pediatra Fernanda Freire aconselha: "Deixe de
utilizá-la até os 18 meses, a fim de evitar maiores problemas". Segundo
ela, após essa idade fica cada vez mais difícil (para a mamãe) se livrar do
objeto, pois as crianças já estão acostumadas ao "mimo" e têm suas
artimanhas para conseguirem o que desejam.
Leia
agora o depoimento de três mamães a respeito do método que adotaram em casa:
Jackeline
Cardoso é mãe da pequena Isadora, de 2 anos e 8 meses. Ela conta a tática que
usou para eliminar o "mimo" da rotina da filha: "Eu tirei a
chupeta da Isa quando ela tinha 1 ano e 10 meses. Sempre soube que não é muito
saudável o uso. Então, comecei a esconder todas as chupetinhas dela. Assim, ela
foi se esquecendo aos poucos, pois não via mais as chupetas espalhadas pela
casa".
Já a
gaúcha Natália Grazziotin - mãe de Gabriel, 11, e Valentina, 1 ano e 7 meses -
apostou por mais tempo no objeto mirim: "Manter a chupeta é algo delicado.
O Gabriel usou até os quatro anos! Chega um momento em que não é fácil
tirar". Natália contou que ela e o marido tiveram que fazer muitas
"negociações" com o menino. Mas a mamãe porto-alegrense não deixa de
ressaltar a vantagem que vê no uso: "Com tudo isso, agora com a Valentina
- quase 10 anos depois -, continuo achando que a chupeta conforta muito o
bebê".
Layla
Brizola é uma mamãe-entrevistada de ampla experiência. Com quatro filhos -
Túlio, Breno, Marina e Miguel -, não lhe faltam boas histórias para contar. Ela
diz: "Não existe uma fórmula mágica para se tirar a chupeta. Aqui em casa,
foi a Marina (hoje com 11) quem usou por mais tempo: até os 5 anos! Perdi a
conta de quantas vezes ofertamos 'o presente' para o Papai Noel ou o Coelhinho
da Páscoa. Até que um dia ela simplesmente concluiu que 'já era grande' e
largou".
Hoje,
Layla deixa que as coisas se resolvam por si só: "Com o meu caçula, que
fará 4 anos em agosto, já não tenho estresse; ele ama a 'pepetinha', e eu o
deixo usar o quanto queira. Existem algumas regras, como a de não poder levar
para a escola, e ele respeita numa boa. Sei que ele não estará usando chupeta
na faculdade (risos)".
Cuidados recomendados pelos especialistas
- Evite
o uso da chupeta na rotina;
- Não
utilize fitas nem outras coisas para prendê-la à roupa da criança. Além de
aumentar o número de vezes do uso, isso representa um risco de acidentes
graves, como asfixia;
- Uma
vez que o bebê cair no sono e largar a chupeta, não volte a colocá-la;
- Não
esqueça a higienização da chupeta e a sua frequente substituição;
- Dê
preferência às chupetas ortodônticas.
Dicas
para a criança "abandonar" a chupeta
Veja as
recomendações da odontopediatra Rosana Dutra:
-
Ofereça a chupeta à criança cada vez menos durante o dia;
- Não
deixe (sempre) a chupeta ao alcance dos pequenos;
-
Distraia as crianças durante o dia com brincadeiras, filmes, passeios etc;
- Faça
a tal permuta de presentinhos: na "festinha da troca da chupeta",
geralmente muito eficaz em datas comemorativas (Natal, aniversário etc.), ou em
encontros lúdicos com "ícones infantis" (personificados) prediletos
da criança.
No fim
das contas, a regra de ouro é uma só: use amor com a sua criança que tudo dará
certo!
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