quarta-feira, 20 de junho de 2012

Devanear...


SONETO DE NATAL – MACHADO DE ASSIS
Um homem, - era aquela noite amiga, 
Noite cristã, berço do Nazareno, - 
Ao relembrar os dias de pequeno, 
E a viva dança, e a lépida cantiga, 

Quis transportar ao verso doce e ameno 
As sensações da sua idade antiga, 
Naquela mesma velha noite amiga, 
Noite cristã, berço do Nazareno. 

Escolheu o soneto... A folha branca 
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca, 
A pena não acode ao gesto seu. 

E, em vão lutando contra o metro adverso, 
Só lhe saiu este pequeno verso: 
"Mudaria o Natal ou mudei eu?" 

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