'Não sei como
consegui fazer aquilo', diz idosa que matou invasor no RS
Apartamento
onde a mulher mora foi invadido no fim da tarde sábado.
Idosa sacou arma que tinha guardada e atingiu assaltante com três tiros.
Eram quase 17h
de sábado (9) quando a idosa de 87 anos acordou, abriu os olhos e percebeu que
havia alguém em seu quarto, em um apartamento localizado no Centro de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul. Ao se levantar, ela não
teve tempo de pegar os óculos e o aparelho de audição, que ficam sempre na
cabeceira da cama.
Com a visão
embaçada, só conseguia ver uma pessoa que lembrava seu neto. Somente depois de
ter sido ofendida diversas vezes e de quase ter sido estrangulada, é que a
mulher percebeu que se tratava de um assaltante.
"Não
sei como consegui fazer aquilo. Quando reconheci que aquele rapaz não era meu
neto, peguei uma arma que estava guardada há muito tempo aqui em casa. Ele não
viu e começou a me xingar e até tentou me estrangular. Foi quando eu
atirei", conta a idosa ao G1 na manhã desta segunda-feira (11).
Mesmo depois do incidente, ela preferiu ficar em casa. Religiosa, ela diz que
passa metade do dia rezando pela paz no mundo. "Olha, até que eu estou bem
tranquila. Elevei meu pensamento a Deus e espantei o medo", diz.
A moradora
disparou uma vez, mas como viu que o homem continuava se mexendo, atirou outras
vezes. "Parecia um pesadelo, eu não achei que fosse verdade", relata
a idosa.
Após os
disparos, a mulher tentou chamar a polícia. Como não teve sucesso, ligou para a
filha, que estava em uma chácara a 10km de distância do município. No entanto,
quando a filha chegou ao apartamento da mãe, a polícia já havia cercado o local
e acalmado a idosa. O homem foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência, mas não resistiu aos ferimentos.
Questionada se
iria se mudar depois do acontecido, ela descarta qualquer possibilidade de isso
acontecer. "Nunca. Não quero me mudar daqui. Aqui é meu convento",
explica. A filha dela comprova o espírito religioso da mãe. "Ela só não
vai na igreja porque não pode ir sozinha e também não quer companhia. Ela reza
muito durante o dia em casa por paz no mundo. Quanta ironia, não é?",
questiona.
O delegado
responsável pelo caso, Joigler Paduano, afirmou ao G1 que a ocorrência foi registrada
normalmente como homicídio. "Ela (idosa) se apresentou na delegacia,
respondeu aos nossos questionamentos e foi liberada. Tratamos isso como um
delito de homicídio. Ela alegou legítima defesa. Mas é uma situação inusitada.
Não há muito o que fazer". A idosa responderá ao processo em liberdade.
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