segunda-feira, 25 de junho de 2012

Devanear...


O DESFECHO – MACHADO DE ASSIS
Prometeu sacudiu os braços manietados 
E súplice pediu a eterna compaixão, 
Ao ver o desfilar dos séculos que vão 
Pausadamente, como um dobre de finados. 
Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, 
Uns cingidos de luz, outros ensanguentados... 
Súbito, sacudindo as asas de tufão, 
Fita-lhe a água em cima os olhos espantados. 
Pela primeira vez a víscera do herói, 
Que a imensa ave do céu perpetuamente rói, 
Deixou de renascer às raivas que a consomem. 
Uma invisível mão as cadeias dilui; 
Frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui; 
Acabara o suplício e acabara o homem. 

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Mais uma etapa superada...