Traição:
como superar o trauma e dar a volta por cima
Chifre é uma das verdades inexoráveis da
vida. Disse isso algumas vezes e não me canso de repetir: todo mundo, em algum
momento da vida, carregará um belo par de galhadas. Já abordei o assunto em
alguns posts, sob o ponto de vista de quem pula a cerca. Mas e o sujeito que
está do outro lado do balcão, como fica? Como se sente a pessoa que teve a
testa enfeitada? A resposta, minha cara, é simples: fica mal, muito mal.
Para os que ficaram surpresos com o que acabaram
de ler, uma explicação simples: eu não defendo o adultério, não acho legal
pular a cerca. Só encaro a questão de forma realista e sem falsos moralismos.
Eu já fui traído e sei muito bem o quanto dói ser enganado. Sei como é
complicado se reerguer depois de um tombo desses e o quanto é difícil não se
tornar uma pessoa amarga que não consegue confiar de novo. Mas também sei que o
esforço vale a pena. Mesmo.
Penso que a primeira coisa a fazer é
parar de fingir que está tudo bem. Ignorar a dor não faz com que ela
desapareça. A negação adia. A compreensão liberta e para entender é preciso
encarar o sofrimento de frente, mergulhar nele e experimentar em sua totalidade
os sentimentos que ele traz consigo. Sofrer tudo de uma vez te impede de sofrer
para sempre. É preciso assumir a dor, não se acostumar com ela. Perceba que o
ponto baixo em que você se encontra carrega lições a serem aprendidas, mas é um
estado de exceção. Então faça a faxina que tiver que fazer, mas livre-se do
lixo assim que possível.
Pare agora mesmo com o papinho de que
todo os homens são iguais. Esse é o reducionismo mais simplista que existe. Não
é porque um, ou mais caras, não foram legais com você que todo o gênero
masculino deva ser relegado à condição de canalhas. Cobrar as dívidas dos seus
antigos relacionamentos de alguém que você acaba de conhecer, além de injusto,
é inútil. Não se trata de ignorar sua bagagem emocional, mas de não tornar-se vítima
dela. Mantenha o que já foi no passado e esteja verdadeiramente disposta a
viver algo novo. No começo vai ser difícil, porque somos seres condicionados e
costumamos responder da mesma forma aos estímulos. Mas se você esteve mesmo
disposta a aprender algo com a experiência ruim que teve, certamente tem
ferramentas para agir diferentemente.
Aceitar o que houve é outra dica
importante. É comum ficar remoendo o que houve. Faz parte revisitar lembranças,
conversas e brigas na tentativa de entender o que aconteceu e como as coisas
poderiam ser diferentes. O problema é que geralmente elas não poderiam. Aposto
qualquer coisa que você deu tudo de si para que o relacionamento funcionasse.
Diante disso, é perda de tempo imaginar que ter dito tal coisa ou se comportado
de tal forma poderia ter evitado a traição e o sofrimento. A frustação por não
poder voltar no tempo não vale nada. Melhor se concentrar no aprendizado que
você teve esse sim é real e valiosíssimo; e como ele pode te ajudar a construir
um próximo relacionamento mais saudável.
Esqueça a ideia de se vingar. Causar
sofrimento no outro é duplamente ruim. Primeiro porque não vai aplacar todas as
coisas ruins que você sentiu e ainda sente. Segundo, o cara não vale o esforço.
Sem falar no risco do "plano" dar errado e
o sujeito não estar nem aí. Aí, olha você pagando o maior mico e ficando com
fama de ex-namorada maluca. Melhor não, né?
Também é importante sair da zona de
conforto e dar a cara para bater. Ser feliz, assim como todas as coisas
importantes, tem alguns riscos implícitos. Se você não está disposta a
corrê-los, não pode reclamar que nada de bom acontece. Manter-se em segurança é
uma opção tão válida quanto qualquer outra e como qualquer outra tem prós e
contras. Antes de amaldiçoar o mundo pela sua falta de sorte, pense bem se não
é você que tem constantemente escolhido se manter na sombra ao invés de sair
para brincar.
Algumas feridas são eternas. Por mais
que elas parem de sangrar, fica sempre a cicatriz e isso muda a gente para
sempre. Não que seja algo ruim. Só temos que aprender a transformar essas
marcas em pontos turísticos do nosso corpo. Deixar ir a mágoa, o medo e a raiva
e ficar apenas com os aprendizados, porque eles sempre existem (com meu
primeiro relacionamento eu aprendi a nunca namorar um vendedor da C&A, por
exemplo). Demora um tempo para sacudir toda a poeira e estar realmente pronto
para outra. Mas não há medo de sofrer que se compare à sensação de se apaixonar
de novo ou as possibilidades que uma nova história traz. É nisso que temos que
nos concentrar.
http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/trai%C3%A7%C3%A3o-como-superar-o-trauma-e-dar-volta-025616783.html
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