A política brasileira vive uma transição
curiosa. Os deuses do PSDB e do PT ficaram para trás. O cristo ainda não veio.
Num momento único, entre FHC e Lula, a plateia vê em Dilma Rousseff uma
oportunidade para emancipar-se das divindades. E parece animado com a
experiência.
Em dois anos de presidência, Dilma não
gravou na sua gestão nenhuma marca. Não tem um Plano Real, não dispõe de um
Bolsa Família. Mas sua taxa de aprovação pessoal é de 78%, diz o Ibope. Bem acima do
índice dos antecessores na mesma fase de seus governo –61% para FHC; 62% para
Lula.
Sob Dilma, a economia desliza para os
lados, a ineficiência viceja e a corrupção pulula. Mas o governo é aprovado por
62% dos brasileiros. Mais do que os 47% de aprovação atribuídos à gestão FHC
após o primeiro par de anos. Mais ainda do que os 41% amealhados pela
administração Lula.
Passada a fase dos gestores divinos, o
eleitor olha para Dilma como quem mira o espelho. Enxerga-se nela. E gosta do
que vê. O PIB não cresceu. Mas a presidente revela-se preocupada. Os serviços
públicos continuam uma droga. Mas Dilma distribui broncas. Segue a roubalheira.
Mas a chefona faz cara de nojo e demite.
Sem o verniz de intelectual da USP e sem
a biografia épica do retirante iluminado, Dilma traz a política do plano
metafísico de volta para um plano, por assim dizer, humano. Ela leva à vitrine
gestos e opiniões que coincidem com a vontade média dos outros mortais.
Como Aécio Neves e Eduardo Campos não se
parecem com um messias, esboça-se para 2014 uma disputa entre iguais. Em algum
momento o eleitor vai se perguntar: por que diabos devo trocar seis por meia
dúzia? Ou os rivais de Dilma providenciam uma resposta ou torcem por um
desastre.
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2012/12/14/brasileiro-aprova-dilma-porque-se-enxerga-nela/
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