Menina
baleada que esperou mais de oito horas por cirurgia teve morte cerebral
Secretaria municipal de Saúde confirmou a
informação
Adrielly foi atingida na cabeça por disparo
na noite de Natal, em Piedade.
Pai de Adrielly diz que filha teve morte
cerebral.
RIO - Marco Antônio Vieira, pai da menina
Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, que foi atingida na cabeça por bala
perdida e ficou mais de oito horas aguardando para ser operada no Hospital
municipal Salgado Filho, no Méier, informou na noite deste domingo que a menina
não resistiu:
— Acabei de perder a minha filha — disse
Marco Antônio, acrescentando que ela teve morte cerebral:
— Ela está no aparelho, o coraçãozinho dela
ainda está batendo, mas... Infelizmente, ela faleceu. É questão de dias ou
horas para que o coração pare de bater. Tudo que podia ser feito para salvá-la
foi feito — lamentou, sob o efeito de medicamentos.
No início da noite, a cabeleireira Vanessa
dos Santos, de 25 anos, irmã da menina já havia informado sobre a morte
cerebral de Adrielly.
— O médico falou que ela está morta. Disse
que o coração ainda está batendo, mas o cérebro parou de funcionar — revelou a
cabeleireira ao Extra.
Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos,
estava internada em estado grave desde a noite de 24 de dezembro, quando foi
baleada na Rua Amália, em Piedade, em frente à casa da avó.
— Esperança, a gente ainda tinha. Mas a gente
sabia que a situação era muito grave. Vamos amanhã (segunda-feira) ao hospital,
para resolver as coisas. Os meus pais estão a base de medicamentos e não podem
falar — disse Vanessa.
A Secretaria municipal de Saúde confirmou a
informação, por volta das 22h deste domingo.
A menina ficou mais de oito horas aguardando
uma cirurgia devido à ausência do neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves
ao plantão de Natal no Hospital Salgado Filho. Depois de tanta espera, a menina
foi transferida para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. O médico que faltou ao
trabalho no Salgado Filho prestou depoimento na sexta-feira e revelou que já
não ia aos plantões há um mês. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, o
diretor-geral do Salgado Filho, Conrado Weber, informou que não tem
conhecimento sobre as faltas de Adão Orlando Crespo Gonçalves.
Ao delegado Luiz Archimedes, titular da 23 DP, o neurocirurgião disse que já havia comunicado ao seu chefe, identificado
por ele como José Renato Paixão, que não faria o plantão. O médico informou
ainda, segundo o delegado, que não concordava com a escala feita pelo hospital
e, por isso, há um mês vinha faltando os plantões. No depoimento, ele
acrescentou que o hospital não estaria cumprindo o que, segundo ele, é uma
determinação do Conselho Regional de Medicina: escalar dois neurocirurgiões por
plantão. Na escala estaria apenas ele.
Na sexta-feira, a Secretaria municipal de
Saúde informou que o nome do neurocirurgião foi retirado da lista de médicos
que vão trabalhar na noite desta segunda-feira, dia 31. Segundo a secretaria, o
nome de Gonçalves foi enviado à gráfica onde é impresso o Diário Oficial do
Município antes de o médico ter sido afastado de suas funções, o que ocorreu na
noite de quinta-feira após a abertura do inquérito administrativo. A secretaria
disse ainda que enviará um comunicado oficial à imprensa sobre a mudança e também
já está providenciando a correção em seu site.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/menina-baleada-que-esperou-mais-de-oito-horas-por-cirurgia-teve-morte-cerebral-7166060#ixzz2GdM1bqpr
© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
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