Ideologia
A ideologia pode ser
definida como uma forma de mascarar ou ocultar as contradições sociais e a
dominação, invertendo o modo de processar o pensamento sobre algumas
realidades.
Para Karl Marx ideias
são valores que os homens criam segundo as suas condições materiais de
existência.
Durante a história da
Filosofia, muitos foram os autores que trabalharam com a noção de Ideia como
sendo a base do pensamento e do conhecimento. Assim, Platão pensava, como
Parmênides, que a ideia era o ser em si, a coisa mesma que mantém identidade
consigo mesma, não muda, não se altera e permanece no tempo como sendo sempre a
mesma. Mais tarde, já na Renascença, Descartes compreendeu as ideias como
fundamento inteligível que era a base de toda cognoscibilidade. Já Kant
entendia por ideia tudo aquilo que a Razão poderia pensar, mas jamais conhecer,
como Deus, Alma e Mundo. Hegel pensava a ideia como o infinito.
No entanto, para Karl
Marx, ideias são valores que os homens criam segundo as suas condições
materiais de existência. E esses valores são criados com um fim bem específico,
que não é o de explicar a realidade, mas manter o status da propriedade privada
e dos donos dos meios de produção. Daí deriva a noção de Ideologia.
Segundo essa forma de
pensar, a realidade é constituída por uma luta de classes, causada pela divisão
social do trabalho. As classes em conflito são as dos proprietários dos meios
de produção e dos proletários, desprovidos de propriedade. Assim, para amenizar
o conflito e manter o controle sobre a classe dominada, a classe dominante cria
instâncias psicológicas, valores e ideias que procuram manter o seu objetivo. O
capital, oriundo da propriedade privada, necessita de mão de obra para
continuar existindo, logo, os discursos são moldados segundo a visão daqueles
que percebem a necessidade de perpetuar o esquema de dominação. A ideologia é
uma forma de mascarar ou ocultar as contradições sociais e a dominação,
invertendo o modo de processar o pensamento sobre algumas realidades. Por
exemplo, tem-se no senso comum a crença de que a mulher é o sexo frágil, assim
se estabelece que sua estrutura física é mais sensitiva, intuitiva, do que a do
homem e que portanto ela foi feita para a vida doméstica, os cuidados com o
marido e os filhos. É um modo de explicar a feminilidade pela função social.
Ora, tal discurso foi elaborado em época em que os homens em guerra precisam de
filhos para suprir o pai, princípio de autoridade, bem como de mão de obra,
como dito acima. Assim, a sexualidade é explicada a partir de uma finalidade
historicamente determinada, por condições sociais bem localizadas no tempo e no
espaço.
Outro exemplo é a noção
de liberdade e cidadania quando se concede o direito ao voto a todos os
habitantes. Ora, liberdade implica em responsabilidade, fiscalização,
compromisso político, constante observância das regras sociais e não apenas o
direito de sair bonito na boca de urna. Ocorre algo semelhante quando se
confunde liberdade com consumo (basta ver as propagandas na TV em que a noção
de liberdade está atrelada ao fato de se comprar um produto que irá
proporcionar essa liberdade). E uma série de outras questões (homossexualismo
como doença, virgindade e casamento como valores que asseguram a transmissão da
propriedade, etc.).
A ideologia é,
portanto, uma forma de produção do imaginário social que corresponde aos
anseios da classe dominante como meio mais eficaz de controle social e de
amenizar os conflitos de classe, seja invertendo a noção de causa e efeito,
seja silenciando questões que por isso mesmo impedem a tomada de consciência do
trabalhador de sua condição histórica, “formando ideias falsas sobre si mesmo,
sobre o que é ou o que deveria ser”.
http://www.brasilescola.com/filosofia/ideologia.htm
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