Mulher é presa no DF após agredir e
insultar vendedores negros
Ela chamou dois funcionários de
'neguinhos' e bateu em outros dois.
Cliente fez imagens com celular;
crime ocorreu em padaria da 113 Sul.
Uma mulher de 48 anos foi presa na
tarde deste domingo (3) suspeita de chamar dois vendedores de “neguinhos” e de
bater e arranhar outros dois funcionários de uma padaria da 113 Sul, em
Brasília, por discordar do preço cobrado pelo suco e pelo salgado que ela comeu
no estabelecimento – R$ 8,14. A mulher foi indicada por por injúria racial e
agressão.
O estabelecimento disse estar
adotando os procedimentos legais que cabem ao caso. A Polícia Civil informou
que ela já foi transferida para o Presídio Feminino do DF.
Fachada da padaria de Brasília onde
funcionários foram agredidos por uma cliente (Foto: Raquel Morais/G1)
A ocorrência foi denunciada por uma
cliente, que fez imagens das agressões pelo celular e as divulgou em redes
sociais. Segundo a assessoria da padaria, ainda durante a discussão, a mulher
disse à vendedora que já havia trabalhado com negros e que sabia que eles eram
"acostumados a roubar". O estabelecimento disse ainda não ter tido
acesso à filmagem.
Ela deu tipo um escândalo, perguntando
que valores eram aqueles. Nosso gerente, que é negro, se aproximou para saber o
que estava acontecendo. É o trabalho dele, inclusive, agir assim nessas
situações. Aí começaram os insultos. Depois nossa técnica de nutrição também se
aproximou e ela ficou gritando ‘agora vem mais outra negra para tentar me
roubar’"
Luiz Guilherme Carvalho, um dos
sócios da padaria que funciona há 13 anos na 113 Sul
Um dos sócios, Luiz Guilherme
Carvalho disse que a cliente havia consultado o cardápio antes de pedir o
lanche, mas que só na hora de pagar a conta questionou o preço. “Ela deu tipo
um escândalo, perguntando que valores eram aqueles. Nosso gerente, que é negro,
se aproximou para saber o que estava acontecendo. É o trabalho dele, inclusive,
agir assim nessas situações. Aí começaram os insultos. Depois nossa técnica de
nutrição também se aproximou e ela ficou gritando ‘agora vem mais outra negra
para tentar me roubar’.”
A padaria, que funciona há 13 anos
no local e tem outra unidade em Brasília, falou em nota que os funcionários
continuam trabalhando normalmente e que repudia todo tipo de preconceito.
Carvalho destacou o estranhamento dele e dos outros sócios diante da situação.
"A gente ficou muito surpreso.
No mundo de hoje ainda ter gente com essa cabeça, é lamentável. Eles querem
levar para frente isso e nós vamos dar todo o amparo jurídico e legal para essa
situação."
A suspeita foi indiciada por injúria
racial e lesão corporal. A Polícia Civil
não informou por quanto tempo ela pode ficar presa, caso seja condenada. No ano
de 2012, a Secretaria de Segurança Pública registrou 409 casos de injúria
racial.
Dados da Companhia de Planejamento
indicam que 53,5% da população no DF são de negros e pardos. A maior
concentração de negros por região se encontra na Estrutural (76%) e as menores,
nos lagos Sul e Norte (19%). "Essa diferença social por si só já é uma
expressão do racismo existente na sociedade brasiliense", afirma a
empresa.
O GDF lançou em março um serviço
telefônico para receber denúncias de racismo contra índios, negros, ciganos e
quilombolas. Entre 20 de abril e 17 de maio, o serviço recebeu 3.034 ligações –
28 casos foram caracterizados como caso de discriminação (injúria e racismo).
Para fazer a denúncia, é preciso
ligar para o telefone 156, opção 7. As denúncias são tratadas de forma
sigilosa.
Outros casos
Em março deste ano, a empregada
doméstica Márcia Pereira do Nascimento afirmou a filha dela de 12 anos foi
espancada perto de uma parada de ônibus da avenida Potiguar, no Recanto das
Emas, no Distrito Federal, por ser negra.
"As meninas disseram que não
aceitavam negras no beco delas. Minha filha falou que tudo bem, que já estava
indo embora, mas elas responderam que, como ela estava lá, ela teria que pagar
pelo que fez", disse, na época.
No mês anterior, a mãe de um menino
de 8 anos registrou boletim de ocorrência alegando que o filho sofreu
preconceito racial dentro da escola, no Núcleo Bandeirante. Uma colega de turma
teria dito ao garoto que ele nunca arrumaria namorada por ser "preto, sujo,
feio e fedido".
A coordenação do colégio afirmou ter
conhecimento sobre o caso e disse não tolerar nenhum tipo de preconceito. O
caso foi encaminhado para o Conselho Tutelar.
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/06/mulher-e-presa-no-df-apos-agredir-e-insultar-vendedores-negros.html
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