Falta de
habilitação e consumo de álcool são principais causas de acidentes com
motociclistas
A maioria das vítimas era de homens (92%), com uma idade média
de 29,7 anos, ensino médio completo ou incompleto (58%) e renda de até três
salários mínimos (62%)
A maioria das vítimas era de homens (92%), com uma idade média
de 29,7 anos, ensino médio completo ou incompleto (58%) e renda de até três salários
mínimos (62%)
Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (15) revela que 67% dos
acidentes com motos na cidade de São Paulo que resultaram em lesões graves
aconteceram com motoristas que não possuíam carteira de habilitação. Entre os
devidamente habilitados, 43% dos acidentes com motos resultaram em lesões
graves. Além disso, 21% dos motociclistas acidentados haviam consumido álcool
ou drogas antes de dirigir --7,1% haviam bebido e 14,2%, usado droga ilícita
(cocaína e maconha foram as mais comuns).
O projeto, coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, contou com a participação do Hospital das Clínicas e de órgãos
públicos, como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Polícia Militar e
o Corpo de Bombeiros, e privados, como a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas,
Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
A coleta de dados hospitalares foi feita com motociclistas
atendidos no Pronto-Socorro Municipal Bandeirantes (Dr. Caetano Virgílio Neto),
no Hospital Universitário (HU) da USP e no Hospital das Clínicas e nos locais
dos acidentes registrados na zona oeste da capital, que engloba as duas
marginais (do Pinheiros e do Tietê), parte do corredor Norte-Sul e a avenida
Rebouças.
Foram 326 vítimas registradas entre fevereiro e maio. Destas, a
maioria era de homens (92%), com uma idade média de 29,7 anos, ensino médio
completo ou incompleto (58%) e renda de até três salários mínimos (62%). Apenas
23% das vítimas usavam a moto para o trabalho, contra 73% que a usavam como
transporte.
Sete dos
acidentados morreram no hospital e dez no local do acidente.
- Convocados pelo MPL (Movimento Passe Livre), manifestantes
ocupam as ruas do centro de São Paulo em protesto contra a corrupção e por um
transporte público de qualidade.
Mais da metade dos motociclistas (55%) sofreram acidentes
anteriores e 44% deles tiveram lesões consideradas graves -- 17%, fraturas de
membros inferiores; 12%, fraturas de membros superiores; 9%, politraumatismos e
5%, trauma crânio-encefálico.
Quase todos os acidentados usavam capacete, mas apenas 17,8%
deles vestiam também bota e jaqueta.
"O fato de 21,3% não terem habilitação é um problema gravíssimo,
especialmente considerando o tamanho da frota de motos da cidade. O alto
consumo de álcool e drogas também surpreende, pois isso interfere diretamente
no sistema nervoso central do condutor, comprometendo as funções cognitivas de
atenção e concentração", diz o chefe do Departamento de Medicina de
Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet),
Dirceu Rodrigues Alves Junior.
"É assustadora a quantidade de álcool entre as vítimas.
Também chama a atenção o uso de cocaína como agente estimulante. Isso ajuda a
explicar a epidemia de acidentes com motos na cidade", completou a
fisiatra Júlia Greve, professora da Faculdade de Medicina da USP e responsável
pela pesquisa. "Os condutores confirmavam o uso de álcool ou droga, o que
demonstra que eles não veem isso como um fator de risco para acidente."
O professor Creso de Franco Peixoto, da Fundação Educacional
Inaciana (FEI), diz que, em geral, o motociclista dirige mais com prazer do que
com segurança, o que o expõe mais ao risco de acidente. "Eles não
acreditam no risco de beber e dirigir e também não têm medo de serem flagrados,
já que a fiscalização é precária. O dado sobre uso de drogas é
assustador."
Dados da CET mostram que a frota de motos na cidade praticamente
dobrou nos últimos sete anos: cresceu de 490.754 em 2005 para 962.239 em 2012.
No mesmo período, o número de acidentes com motos cresceu 35% e a quantidade de
motociclistas mortos aumentou 27%. "A moto é um veículo de transporte
rápido e barato. O problema é que nem a cidade nem os condutores estão
preparados", diz Júlia. (Com Estadão Conteúdo)
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