Brasil tem
5,5 milhões de crianças sem pai no registro
O estado do Rio de Janeiro lidera o ranking, com 677 676
crianças sem filiação completa, seguido por São Paulo, com 663 375 crianças com
pai desconhecido.
Bebê com chupeta.
Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo
Escolar de 2011, apontam que há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome
do pai na certidão de nascimento. O estado do Rio de Janeiro lidera o ranking,
com 677 676 crianças sem filiação completa, seguido por São Paulo, com 663 375
crianças com pai desconhecido. O estado que apresentou menos crianças sem o
nome do pai na certidão foi Roraima, com 19 203 registros.
"É um número assustador, um indício de irresponsabilidade
social. Em São Paulo, quase 700 000 crianças não terem o nome do pai na
certidão é um absurdo", diz Álvaro Villaça Azevedo, professor de direito
civil da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e diretor da
Faculdade de Direito da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Segundo o
professor, ter o nome do pai na certidão de nascimento é um direito à
personalidade e à identidade de toda criança. "Além disso, é uma questão
legal para que essa pessoa possa ter direito a receber herança, por
exemplo", afirma.
Para o juiz Ricardo Pereira Júnior, titular da 12ª Vara de
Família de São Paulo, ter tanta criança sem registro paterno é preocupante.
"Isso significa que haverá a necessidade de regularizar essa situação mais
para a frente. Uma criança sem pai pode sofrer constrangimentos, além de estar
em uma situação de maior vulnerabilidade, pois não tem a figura paterna",
afirma. Nelson Susumu, presidente da Comissão de Direito de Família da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB-SP), também considera o número preocupante, e
ressalta que há ações para diminui-lo. "O programa Pai Presente do CNJ foi
criado para tentar reduzir esse número."
Aumento - Um ano e meio após a edição de uma resolução da
Corregedoria Nacional de Justiça que autoriza os cartórios de todo o país a
realizar o reconhecimento tardio de paternidade, o número de registros nas
repartições do estado de São Paulo aumentou 71% de 2011 para o ano passado.
Foram 6 503 registros em 2011, ante 11 120 em 2012. Só neste ano, já foram
feitos 6 650 procedimentos, dos quais 4 089 em cartórios.
O fenômeno é diretamente associado à agilidade e à desburocratização
do processo, uma vez que as famílias que pretendem fazer o reconhecimento
tardio não precisam mais recorrer à Justiça, como acontecia. Antes, mesmo que o
reconhecimento fosse voluntário, era preciso um advogado para dar entrada em
uma ação judicial e passar por parecer do Ministério Público Estadual, até
receber o aval do juiz, que emitia um mandado de averbação para o
reconhecimento no cartório.
Mais ágil, agora a certidão do reconhecimento tardio de
paternidade pode ser emitida no mesmo dia ou, no máximo, em uma semana - caso o
pedido seja feito em outra cidade ou em outro estado. No Judiciário, um
processo consensual chega a demorar meses, enquanto um litigioso dura até três
anos. No Estado, o procedimento custa 58,15 reais, mas a certidão pode sair de
graça se a família não tiver condições de pagar por ela.
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