“nalgum
lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de
qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no
teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou
que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
“teu
mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora
eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me
abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando
sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
“ou
se quiseres me ver fechado, eu e
minha
vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim
como o coração desta flor imagina
a
neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
“nada
que eu possa perceber neste universo iguala
o
poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me
com a cor de seus continentes,
restituindo
a morte e o sempre cada vez que respira
“(não
sei dizer o que há em ti que fecha
e
abre; só uma parte de mim compreende que a
voz
dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém,
nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas” (e. e. cummings, tradução de Augusto
de Campos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário