Morte no RS: meninas entre 14 e 18
anos estão mais propensas a desenvolver anorexia
Especialistas alertam que uso
indiscriminado da internet pode ser um sinal do distúrbio
Nesta semana, foi divulgada nas redes
sociais a morte da jovem Daiane Dornellas, de 21 anos, em decorrência de uma
hepatite viral. Segundo as postagens dos amigos, o quadro da gaúcha teria sido
agravado por anorexia nervosa.
Pesando 48 kg em 1,65 m de altura, a
jovem dizia se alimentar apenas duas vezes ao dia e enaltecia sua magreza por
meio das redes sociais, o que fez dela uma “webcelebridade”.
Em uma de suas fotos no Instagram, ao
mostrar sua barriga, lisa, com os ossos aparentes, ela escreveu: “Saudades
gordura”.
Cheia de fãs na internet, anoréxica
de 21 anos morre no Rio Grande do Sul
Para o psiquiatra Renato Mancini, do
hospital São Luiz, em São Paulo, pessoas que sofrem de anorexia nervosa têm a
necessidade de definir-se pela aparência, anulando outros fatores como
personalidade, saúde e bem-estar.
— O que define essas pessoas é uma
coleção de fotos no Instagram. A percepção de identidade corpórea delas fica
muito complicada e quanto mais imagem, quanto mais magra, mais o medo de não
ser aceita é aliviado. Isso acontece através de uma busca, como, por exemplo,
da chamada “barriga negativa”.
O pensamento comum de quem sofre
anorexia é o de que quanto mais peso perder, melhor será. Segundo Mancini, o
risco de morte é grande e tanto pode acontecer pela desnutrição como por
complicações clínicas, a exemplo do caso de Daiane.
— O paciente que sofre de anorexia começa
a ficar debilitado e a chance de morte é grande quando o peso está muito mais
abaixo do que o normal. Ficam com a saúde tão frágil quanto a de um idoso. O
corpo fragilizado não funciona direito e está suscetível a muitas doenças.
Identifique os sintomas
A anorexia é um distúrbio alimentar
que se caracteriza como um emagrecimento exagerado, causado pela desnutrição e
distorção da própria imagem corporal, conforme explica o endocrinologista João
César de Castro Soares, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
— O paciente se acha acima do peso,
quando, na realidade, está abaixo. O importante para identificar a doença é
tentar intervir o quanto antes. Assim que o emagrecimento excessivo for
percebido, procure ajuda.
O tratamento de distúrbios
alimentares como a anorexia é multidisciplinar. Psiquiatras, nutricionistas,
endocrinologistas e terapeutas dão o suporte adequado para diminuir os quadros
associados à doença: depressão, distorção da imagem e desnutrição.
— A família deve participar. É uma
doença crônica, atinge a todos. Não é fácil tratar.
Mas como identificar? Comum em
mulheres, o médico explica que, atitudes como esconder o emagrecimento, tomar
laxantes e induzir o vômito após a refeição são alguns sintomas da doença.
— É uma escolha da paciente. Ela
esconde que está emagrecendo, coloca duas calças, duas blusas. Come na rua, não
janta com os pais, recusa convites para comer fora, e quando sai, ingere muita
bebida alcoólica e tem um quadro depressivo paralelo a todos esses sintomas.
O endocrinologista da Unifesp
acrescenta que também é preciso ficar atento ao uso indiscriminado da internet
por adolescentes entre 14 e 18 anos, faixa etária em que a doença é mais
prevalente. Segundo ele, de cada 10 casos, nove são de meninas e um de menino.
— Existem sites que fazem apologia à
anorexia. Já internei uma menina de 12 anos, com anorexia, obcecada por
emagrecer desde os nove anos e que aprendeu a maioria dos comportamentos que a
levou à doença pela internet. É preciso cuidado e atenção.
http://noticias.r7.com/saude/morte-no-rs-meninas-entre-14-e-18-anos-estao-mais-propensas-a-desenvolver-anorexia-24082013
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