Salvador - A Primeira Capital do Brasil
Um
antigo mapa da Bahia de Todos os Santos, região da primeira capital do Brasil.
Assim
que passou a colonizar o Brasil de forma definitiva, o governo de Portugal se
viu obrigado a tomar uma série de medidas. Afinal de contas, para que a colônia
desse retorno financeiro, era de fundamental importância que as atividades aqui
desenvolvidas fossem fiscalizadas e tributadas. Além disso, era importante promover
a criação de leis que garantissem os interesses dos portugueses junto à
população colonial.
Nos
primeiros cinquenta anos da colonização do Brasil, observamos uma série de
problemas a serem resolvidos. Os colonos estavam espalhados de forma
desordenada pelo território brasileiro, a resistência de certas comunidades
indígenas impedia a dominação de vários territórios e havia uma série de
relatos da ação pirata promovida por embarcações estrangeiras.
Entre
os anos de 1530 e 1549, o Brasil foi administrado pela ação de particulares que
controlavam as chamadas capitanias hereditárias. Muitas vezes, a administração
exercida por essas pessoas não era muito eficiente e acabava exigindo que o
governo português tomasse providências mais sérias para que não perdesse o
controle da situação.
A
primeira ação tomada foi designar o português Tomé de Souza como governador-geral
do Brasil. Com ele chegou um grupo de aproximadamente quinhentas pessoas que
iriam auxiliá-lo a representar a Coroa Portuguesa no Brasil. Chegando ao
litoral da Bahia, o primeiro governador-geral do Brasil fez com que a cidade de
Salvador fosse criada como primeira capital do território colonial.
Essa
opção foi, na verdade, o cumprimento de uma das várias ordens entregues pelo
rei de Portugal, através de um documento chamado “regimento real”. Para alguns
historiadores, esse documento, que determinou a fundação da capital Salvador,
pode ser visto como a primeira “constituição” feita para o Brasil. Ao anunciar
a ordem do rei, Tomé de Souza teve uma enorme tarefa para cumprir.
Chegando
à região da capital, planejou o traçado da cidade com base no modelo de algumas
cidades italianas daquele mesmo período. Além disso, ordenou a construção de
uma muralha para realizar a proteção do espaço reservado à cidade. Mas não
pense numa muralha de tijolos. Com os poucos recursos do local, Tomé de Souza
encomendou uma muralha de taipa – uma mistura de barro, com palha e estacas de
madeira.
Dali
para frente, outras obras e ações seriam realizadas em Salvador. Na condição de
capital, essa cidade foi o centro das mais importantes decisões que vinham de
Portugal e deveriam ser aqui cumpridas. Além disso, várias questões políticas e
jurídicas a serem resolvidas passavam pelo olhar das autoridades que ali
ficavam.
A
escolha de Salvador como capital tinha também uma relação com a economia
açucareira. O Nordeste era o maior centro produtor de açúcar, que durante muito
tempo foi uma das mais importantes e mais rentáveis riquezas exploradas pelos
colonizadores. Desse modo, Salvador tinha uma posição estratégica para que a
comunicação com os grandes polos produtores de açúcar fosse facilitada.
Contudo,
no século XVIII, a crise do açúcar no mercado internacional – com a queda dos
preços e a concorrência de outros produtores – e a descoberta de metais
preciosos ao centro-sul do território brasileiro mudaram as coisas. No ano de
1763, a capital do Brasil foi repassada para o Rio de Janeiro. Desde então, a
importância econômica e política de Salvador nunca mais foi a mesma. Contudo,
ainda hoje, a cidade é um dos mais belos patrimônios arquitetônicos do nosso
país.
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