Entenda o que é pirâmide
financeira
Modelo
de negócio não se sustenta, explica especialista em matemática financeira; infográfico
mostra como o sistema funciona.
A
pirâmide financeira continua a atrair interessados em dinheiro fácil, mediante
o mínimo esforço e em muito pouco tempo. Com o mesmo poder de sedução do velho
golpe do bilhete premiado, atividades deste tipo guardam peculiaridades.
A duração é limitada, o produto oferecido tem pouca relevância ou é oferecido
fora de valor de mercado, a propaganda é feita por meio de grandes reuniões e
treinamentos servem para impressionar potenciais interessados. “Quem deve
ganhar são os primeiros e talvez uma meia dúzia vai tirar dos incautos”, diz
José Vieira Dutra Sobrinho, professor de matemática financeira e
vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil.
Mas
qual é a razão de a pirâmide não dar certo? “Esquema de pirâmide é sempre uma
fraude e nunca dá certo”, afirma Dutra. “A tendência natural, à medida que a
pirâmide caminha [sempre em projeção geométrica, por exemplo: 1, 2, 4, 8. 16],
é que um número muito maior de pessoas vai perder alguma coisa porque a
corrente sempre se rompe”, explica. Na opinião do professor, a falta de novos
integrantes para sustentar os ganhos do topo é mais danosa que a inadimplência
dos atuais participantes. “Tem algumas pirâmides que crescem e ficam quase do
tamanho da população de uma cidade. É só crescer mais um pouco e vai ser
devastador”, exemplifica.
A
prática de pirâmide é enquadrada como um crime contra a economia popular
tipificado no inciso IX, art. 2º, da Lei 1.521/51: "obter ou tentar obter
ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas
mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve",
"cadeias", "pichardismo" e quaisquer outros
equivalentes)".
Histórico
Em
plena crise de 2008, ruiu o esquema comandado pelo americano Bernard Madoff ,
que prometia rentabilidade muito acima do mercado. O megafraudador americano comandou
por 16 anos uma pirâmide que, quando desmanchada, deixou ao menos US$ 65
bilhões em prejuízo para clientes espalhados pelo mundo todo.
No
Brasil, também não faltam exemplos: o clube de investimento Alpha Clube, a
Avestruz Master, o grupo Boi Gordo e a rede Dinastia , que deu origem ao
“Madoff mineiro” . A implosão deste último caso fez duas mil vítimas, deixou
rombo estimado em R$ 100 milhões e empresário Thales Emanuelle, comandante do
esquema, acabou condenado pela Comissão de Valores Mobiliares (CVM).
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