terça-feira, 29 de maio de 2012

Viva a sabedoria...


Sobre a filosofia universitária
Que se ensine filosofia nas universidades é claro de fato algo benéfico para ela sob vários aspectos. Ela ganha uma existência pública, e seu estandarte aparece estampado aos olhos dos homens, o que a traz sempre de novo à lembrança e faz com que seja notada. O principal ganho será, no entanto, que mentes jovens e capazes se familiarizarem com ela e despertem para o seu estudo. Todavia, é preciso admitir que quem tem aptidão para a filosofia, e por isso sente falta dela, também a encontrará e conhecerá por outras vias. Coisas que se amam e que nasceram umas para as outras relacionam-se facilmente: almas afins já de longe se saúdam. Qualquer livro de um filósofo autêntico que caia nas mãos de tal pessoa será para ela um estímulo mais forte e eficaz que a conferência de um filósofo de cátedra, tal como se apresenta hoje em dia. Platão também deveria ser lido aplicadamente nos ginásios, já que é o estímulo mais eficaz para o espírito filosófico. Acima de tudo, porém, fui levado pouco a pouco à opinião de que a mencionada utilidade da filosofia de cátedra é superada pela desvantagem que a filosofia como profissão traz à filosofia como livre investigação da verdade, ou que a filosofia a serviço do governo traz à filosofia a serviço da natureza e da humanidade.

Schopenhauer, Arthur. Sobre a filosofia universitária. Tradução: Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola, Márcio Suziki, 2ª Ed., São Paulo: Martins Fontes, 2001 (Clássicos), pág. 03


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