Péricles, O
Inventor da Democracia, de Claude Mossé
Era, de fato, a uma família
um tanto excepcional que pertencia o pretendente ateniense de Agariste,
Mégacles, bisavô materno de Péricles. Definamos em primeiro lugar o que se
entende aqui por "família". No século V, para designar os
Alcmeônidas, emprega-se o termo genos*. Durante muito tempo, os antropólogos
consideraram esses géne como "clãs", que revelariam uma estrutura
gentílica das sociedades gregas arcaicas. Atualmente, abandonou-se essa
interpretação, privilegiando-se, no genos, o caráter aristocrático1. Sabe-se,
com efeito - e quanto a esse aspecto os arqueólogos trouxeram inúmeros
testemunhos -, que depois da destruição dos palácios micenianos, quando se
reconstituíram agrupamentos de onde viria a nascer a cidade, estes se
organizaram em torno de uma ou várias "famílias", atribuindo-se
freqüentemente, mas não necessariamente, um ancestral "heróico".2 No
caso dos Alcmeônidas, embora essa tradição só se encontre nos autores tardios,
o ancestral heróico teria sido Nestor, o rei de Pilos. Por outro lado, muitas
vezes essas famílias aristocráticas estavam ligadas a um culto, o culto do
herói fundador do genos ou de um herói local sobre a tumba do qual se reuniriam
os membros do genos. No que diz respeito aos Alcmeônidas, não se encontra o
menor sinal de tal culto. É, pois, a um Alcmêon, ancestral distante de quem
nada se sabe, que a família deve seu nome.
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