quarta-feira, 30 de maio de 2012

Viva a sabedoria...


Péricles, O Inventor da Democracia, de Claude Mossé
Era, de fato, a uma família um tanto excepcional que pertencia o pretendente ateniense de Agariste, Mégacles, bisavô materno de Péricles. Definamos em primeiro lugar o que se entende aqui por "família". No século V, para designar os Alcmeônidas, emprega-se o termo genos*. Durante muito tempo, os antropólogos consideraram esses géne como "clãs", que revelariam uma estrutura gentílica das sociedades gregas arcaicas. Atualmente, abandonou-se essa interpretação, privilegiando-se, no genos, o caráter aristocrático1. Sabe-se, com efeito - e quanto a esse aspecto os arqueólogos trouxeram inúmeros testemunhos -, que depois da destruição dos palácios micenianos, quando se reconstituíram agrupamentos de onde viria a nascer a cidade, estes se organizaram em torno de uma ou várias "famílias", atribuindo-se freqüentemente, mas não necessariamente, um ancestral "heróico".2 No caso dos Alcmeônidas, embora essa tradição só se encontre nos autores tardios, o ancestral heróico teria sido Nestor, o rei de Pilos. Por outro lado, muitas vezes essas famílias aristocráticas estavam ligadas a um culto, o culto do herói fundador do genos ou de um herói local sobre a tumba do qual se reuniriam os membros do genos. No que diz respeito aos Alcmeônidas, não se encontra o menor sinal de tal culto. É, pois, a um Alcmêon, ancestral distante de quem nada se sabe, que a família deve seu nome.


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