O mais bisonho governo da
história merece um Ministério das Respostas Imbecis
Inventado
pelo grande Millôr Fernandes, o Ministério das Perguntas Cretinas
transformou-se numa evidência luminosa de que existe vida inteligente no
Brasil. Três exemplos pescados no oceano de interrogações geniais: “Marmelada
falsificada é marmelada?”; “Um desmaio pode acontecer em junho?”; “Quando o
Disney faz um desenho ruim é um desenho desanimado?”
Qualquer
entrevista concedida por um dos 39 integrantes do mais populoso e bisonho
primeiro escalão da história reitera que não existe vida inteligente no governo
Dilma Rousseff. Que tal aumentar a multidão para 40 e criar o Ministério das
Respostas Imbecis, encarregado de selecionar e divulgar mensalmente os
melhores-piores momentos da turma escalada por Dilma para servir à nação?
A
coletânea de novembro, por exemplo, seria enriquecida pela resposta recitada
pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diante do grupo de jornalistas
à caça de explicações convincentes para a maluquice divulgada pelo Globo: por
que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) andou investigando em 2003 e
2004, os dois primeiros anos do governo Lula, diplomatas do Irã, do Iraque e da
Rússia, além de salas vazias alugadas pela embaixada americana em Brasília?
Resposta
de Cardozo: “Quando você acha que existem espiões de potências estrangeiras
atuando no Brasil você faz o quê? Deixa espionarem? Não, você faz a contraespionagem”.
Em
2003 e 2004, só sherloques de chanchada podem ter enxergado em Brasília espiões
russos (que seguiam em ação fora do país apenas nos filmes de James Bond),
iraquianos (todos empenhados em sobreviver aos ataques aéreos americanos) e
iranianos (que preferiam vigiar Israel em vez de perder tempo procurando
informações que o amigo Lula não se recusaria a fornecer pessoalmente). Até um
José Eduardo Cardoso sabe disso.
Deve-se
deduzir, portanto, que o ministro da Justiça, ao recitar a explicação, pensava
nos Estados Unidos ─ mais precisamente,
nas bisbilhotices aqui promovidas pela NSA dos ianques. Ocorre que o governo
brasileiro só soube delas neste ano. Se a espionagem seria descoberta em 2013,
como qualificar de “contraespionagem” o que houve em 2003 e 2004? Ou a Abin
dispõe de um Departamento de Videntes ou Cardozo derrapou no besteirol.
Admita-se
que George W. Bush, eleito em 2000, tenha resolvido espionar a potência
emergente sul-americano. Nessa hipótese, o maior dos governantes desde Tomé de
Souza dispensaria os serviços da Abin para enquadrar o inimigo. Lula jura que,
sempre que acordava invocado, ligava para a Casa Branca e passava uma
descompostura no colega. Bastaria um telefonema, portanto, para que o
imperialismo ianque nunca mais tentasse desvendar os segredos do Brasil
Maravilha.
Tudo
somado, como entender a história da contraespionagem? Se reincidir em
explicações, Cardozo só conseguirá abreviar o nascimento do Ministério das
Respostas Imbecis.
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