Depoimento
sobre parto natural: “Você se sente como um bicho, mesmo”
Carolina Misrahi, de 28 anos, conta como foi o nascimento de Lucas, hoje
com três meses
“Há seis
anos, quando tive a minha primeira filha, fiz cesárea e, para mim, foi uma
experiência sem emoção e até um pouco traumática. Por isso, quando engravidei
do Lucas no ano passado, decidi que teria um parto natural e humanizado. Foi
uma experiência mágica. No começo, fui vetada por já ter feito uma cesárea, mas
fui descobrindo com outras mães que era possível e fui em frente. E encontrei
uma obstetra que me daria o parto que eu queria.
Carolina com Lucas: parto natural depois de cesárea
Todo mundo vivia dizendo que eu era louca de querer
o parto natural, mas eu sabia que se eu pedisse desesperadamente por uma
anestesia na hora do parto, poderia tomá-la. Mesmo assim, minha determinação
era maior do que tudo.
Com 35 semanas de gestação minha bolsa rompeu. Fiquei preocupada porque o meu filho nasceria prematuro, mas assim que liguei para a médica e para a doula que nos acompanhava fiquei mais tranquila. Enquanto toda a família dizia para irmos ao hospital, eu esperava a doula vir à minha casa enquanto arrumava a mala. As contrações já davam as caras.
Quatro horas depois, fomos para o hospital. Porém, quando todos os familiares chegaram antes mesmo do parto, as contrações pararam e eu estava ficando agoniada com tanta gente ao redor. Minha mãe pedia para me darem soro para aumentar a dilatação, minha sogra perguntava para a doula se ela era médica... Então o meu marido pediu para que todos fossem embora. Mesmo contrariados e preocupados, foram. Mas eu queria que o meu corpo trabalhasse por si só e eles achavam que eu estava enlouquecendo.
Com 35 semanas de gestação minha bolsa rompeu. Fiquei preocupada porque o meu filho nasceria prematuro, mas assim que liguei para a médica e para a doula que nos acompanhava fiquei mais tranquila. Enquanto toda a família dizia para irmos ao hospital, eu esperava a doula vir à minha casa enquanto arrumava a mala. As contrações já davam as caras.
Quatro horas depois, fomos para o hospital. Porém, quando todos os familiares chegaram antes mesmo do parto, as contrações pararam e eu estava ficando agoniada com tanta gente ao redor. Minha mãe pedia para me darem soro para aumentar a dilatação, minha sogra perguntava para a doula se ela era médica... Então o meu marido pediu para que todos fossem embora. Mesmo contrariados e preocupados, foram. Mas eu queria que o meu corpo trabalhasse por si só e eles achavam que eu estava enlouquecendo.
Eu queria que o meu corpo trabalhasse por si só e
eles achavam que eu estava enlouquecendo.
Às 23h30, comecei a ter algumas dores de sete em
sete minutos. Pensei: “Ih, tá começando!”. E então elas começaram a ficar muito
fortes e eu perdi a noção de quanto em quanto tempo elas aconteciam. Nisso, a
médica e a doula tinham ido embora e meu marido ligou para que elas
retornassem. Quando a doula chegou, me ajudava e dizia para não rejeitar a dor,
que ela iria me dilatar para o Lucas nascer. E eu fui colocando isso na cabeça.
Eu planejava que iria colocar na cabeça pensamentos como o mar, as montanhas, minha filha e minha mãe, mas na hora a dor é tão sobrenatural que você se sente como um bicho, mesmo. É tão inexplicável que parece que te fará transcender: realmente, iria sair um bebê de dentro de mim.
E a ideia do parto humanizado é fazer o que você quiser: com isso, a melhor posição em que eu me sentia, naquele momento, era deitada no chão do banheiro. As enfermeiras que entravam no quarto estranhavam e depois diziam umas para as outras: “ah, é paciente de parto natural”. Meu marido me contou depois.
As dores chegaram a um grau que eu achava que alguma coisa ia dar errado, e foi quando a minha médica sugeriu que descêssemos às salas de parto normal do hospital. Descemos no período que seria entre uma contração e outra, mas antes de chegar à sala de parto eu tive uma contração que fez com que eu me jogasse no chão do elevador de dor e arrancasse a camisola.
Quando a dor passou e me levantei, tinha um segurança, algumas senhoras e uma criança me assistindo. Coloquei a camisola e nem deixei o segurança me ajudar – naquele momento, se me soltassem no meio do mato, tenho certeza que eu sairia correndo sem parar. A dor era tanta que, em determinado momento, eu comecei a vomitar e, por isso, a minha médica me deu um "anestésico" para que eu tivesse forças novamente. Mas não era uma anestesia, era para eu ter forças para empurrar o bebê na hora que dilatasse por completo.
Já eram três da manhã. Quando deu cinco horas da manhã, chegava a hora do Lucas sair. No primeiro empurrão ele já coroou, mas tive que fazer muita força em diferentes posições para que ele, finalmente, viesse ao mundo às 7h14. Foi uma força do além que eu fiz. Nessa hora eu já não estava mais preocupada com a dor, que tinha virado uma constante.
O Lucas nasceu e veio diretamente para mim, quando a placenta ainda estava dentro de mim. Todos na sala ficaram em silêncio. Eu olhava para ele em um ambiente escurinho e pensava: “ele nasceu na hora que quis”. E me deu até o instinto de lambê-lo quando ele estava ali comigo, todo sujo ainda – mas é lógico que não o fiz.
Depois de umas duas horas a pediatra que estava conosco o pegou para pesar, limpar, cumprir todo o procedimento. Depois dessa experiência, fiquei me sentindo mais mulher. Passaria novamente por isso, sem dúvida. Acho que é algo pelo qual toda mulher deveria passar”.
Eu planejava que iria colocar na cabeça pensamentos como o mar, as montanhas, minha filha e minha mãe, mas na hora a dor é tão sobrenatural que você se sente como um bicho, mesmo. É tão inexplicável que parece que te fará transcender: realmente, iria sair um bebê de dentro de mim.
E a ideia do parto humanizado é fazer o que você quiser: com isso, a melhor posição em que eu me sentia, naquele momento, era deitada no chão do banheiro. As enfermeiras que entravam no quarto estranhavam e depois diziam umas para as outras: “ah, é paciente de parto natural”. Meu marido me contou depois.
As dores chegaram a um grau que eu achava que alguma coisa ia dar errado, e foi quando a minha médica sugeriu que descêssemos às salas de parto normal do hospital. Descemos no período que seria entre uma contração e outra, mas antes de chegar à sala de parto eu tive uma contração que fez com que eu me jogasse no chão do elevador de dor e arrancasse a camisola.
Quando a dor passou e me levantei, tinha um segurança, algumas senhoras e uma criança me assistindo. Coloquei a camisola e nem deixei o segurança me ajudar – naquele momento, se me soltassem no meio do mato, tenho certeza que eu sairia correndo sem parar. A dor era tanta que, em determinado momento, eu comecei a vomitar e, por isso, a minha médica me deu um "anestésico" para que eu tivesse forças novamente. Mas não era uma anestesia, era para eu ter forças para empurrar o bebê na hora que dilatasse por completo.
Já eram três da manhã. Quando deu cinco horas da manhã, chegava a hora do Lucas sair. No primeiro empurrão ele já coroou, mas tive que fazer muita força em diferentes posições para que ele, finalmente, viesse ao mundo às 7h14. Foi uma força do além que eu fiz. Nessa hora eu já não estava mais preocupada com a dor, que tinha virado uma constante.
O Lucas nasceu e veio diretamente para mim, quando a placenta ainda estava dentro de mim. Todos na sala ficaram em silêncio. Eu olhava para ele em um ambiente escurinho e pensava: “ele nasceu na hora que quis”. E me deu até o instinto de lambê-lo quando ele estava ali comigo, todo sujo ainda – mas é lógico que não o fiz.
Depois de umas duas horas a pediatra que estava conosco o pegou para pesar, limpar, cumprir todo o procedimento. Depois dessa experiência, fiquei me sentindo mais mulher. Passaria novamente por isso, sem dúvida. Acho que é algo pelo qual toda mulher deveria passar”.
http://delas.ig.com.br/filhos/2012-05-08/depoimento-sobre-parto-natural-voce-se-sente-como-um-bicho-mesmo.html
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