quarta-feira, 2 de maio de 2012

Viva a sabedoria...



A Cabeça Feita, de Edgar Morin (Sobre a Universidade)
A Universidade, conserva, memoriza, integra, ritualiza uma herança cultural de saberes, ideias, valores, regenera essa herança ao reexaminá-la, atualizá-la, transmiti-la: gera saberes , ideias e valores que passam, então, a fazer parte da herança. Assim ela é conservadora, regeneradora, geradora. A esse título, a Universidade tem uma missão e uma função transeculares, que vão do passado ao futuro, passando pelo presente; conservou uma missão transnacional, apesar da tendência ao fechamento nacionalista das nações modernas. Dispõe de uma autonomia que lhe permite executar essa missão.
Segundo os dois sentidos do termo "conservação", o caráter conservador da Universidade pode ser vital ou estéril. A conservação é vital quando significa salvaguarda e preservação, pois só se pode preparar um futuro salvando um passado, e estamos em um século onde múltiplas e poderosas forças de desintegração cultural estão em atividade. Mas a conservação é estéril quando é dogmática, cristalizada, rígida. Assim, a Sorbonne do século XVII condenou todos os avanços científicos de sua época, e, até o século seguinte, grande parte da ciência moderna foi formada fora das universidades.
No século XIX, a Universidade soube responder ao desafio do desenvolvimento das ciências, ao realizar sua grande transformação, a partir da reforma que Humboldt introduziu em Berlim, em 1809. Tornou-se laica, quando instituiu sua liberdade interna frente à religião e ao poder; abriu-se à grande problematização, surgida com o Renascimento, que interroga o mundo, a natureza, a vida, o homem, Deus. A Universidade tornou-se, de fato, o espaço da problematização característica da cultura europeia moderna; está mais profundamente inserida em sua missão transecular e transnacional, e aberta às culturas extra-europeias.



Pensamento e Linguagem, de L.S. Vigotski
O fato mais importante revelado pelo estudo genético do pensamento e da fala é que a relação entre ambos passa por várias mudanças. O progresso da fala não é paralelo ao progresso do pensamento. As curvas de crescimento de ambos cruzam-se muitas vezes; podem atingir o mesmo ponto e correr lado a lado, e até mesmo fundir-se por algum tempo, mas acabam se separando novamente. Isso se aplica tanto à filogenia como à ontogenia.

Nos animais a fala e o pensamento têm origens diferentes e seguem cursos diferentes no seu desenvolvimento. Este fato é confirmado por estudos recentes que Koehler, Yerkes e outros realizaram com macacos antropóides. As experiências de Koehler provaram que o aparecimento de um intelecto embrionário nos animais - isto é, do pensamento no sentido próprio do termo - não está, de forma alguma, relacionado com a fala. As "invenções" desses macacos, ao fazerem e utilizarem instrumentos, ou ao encontrarem formas alternativas para a solução de problemas, apesar de serem, sem duvida, um pensamento rudimentar, pertencem a uma fase pré-linguística da evolução do pensamento.

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