Psicólogo
revela fórmula para manter um casamento feliz
Com 20 anos de experiência clínica, Luiz
Alberto Hanns lança livro em que desvenda "A Equação do Casamento".
Entenda e veja, ainda, os sete pecados capitais da vida a dois
Viver a dois é uma arte. Saber lidar com os
desafios de estar casado hoje em dia é o que o psicólogo Luiz Alberto Hanns
propõe no livro “A Equação do Casamento - O Que Pode (ou Não) Ser Mudado na Sua
Relação” (Editora Paralela), uma coletânea dos temas de conflito e
convergências do casamento compilados ao longo de seus 20 anos de experiência
clínica.
1: Esperar do outro o que ele não pode dar. A responsabilidade de
ser feliz é de cada um.
2: Não pedir desculpas. É preciso manter a conexão emocional e a
empatia com o(a) parceiro(a).
3: Não se comunicar. Combine uma conversa periódica para dar espaço
à comunicação do que se sente falta no relacionamento.
4: Zombar do parceiro e fazer comparações com outras pessoas em
público é um dos deslizes mais comuns. Evite.
5: Antipatizar, fazer intrigas ou falar mal de parentes e amigos do
cônjuge. “Tem que ser agregador nas relações familiares e sociais”, recomenda
Luiz Alberto Hanns.
6: Atribuir intenções negativas ao outro torna a comunicação
destrutiva. Sem atacar o companheiro, o ideal é ser claro e objetivo em relação
ao que incomoda.
7: Adotar uma postura passiva-agressiva. Não seja frio e distante,
há modos de ficar quieto e esperar a tempestade passar sem se fechar. Enfrente
a situação.
Palestrante com os cursos mais disputados na
Casa do Saber, centro de debates em São Paulo, o autor, que atualmente ministra
uma série de encontros sobre o tema iniciada no final do mês passado, sugere
que cada um monte a sua própria equação do casamento, com base em negociações e
ajustes de desejos próprios e do(a) companheiro(a).
Enxergar as fortalezas e
vulnerabilidades da relação e entender o que pode ou não fazer você feliz no
casamento depende de seis fatores.
Parcial na maioria dos casamentos, a
compatibilidade psicológica é o primeiro deles. “É muito raro existir um casal
totalmente compatível”, analisa Luiz. Um tipo de desencontro muito comum é um
cônjuge ser perfeccionista e o outro, bagunceiro. “Diferentemente das uniões do
século 20, em que as pessoas se conformavam com seus status, no casamento
contemporâneo as pessoas se incomodam mais e precisam aprender a negociar com as
diferenças”, avalia.
Saber lidar com divergências sem ter de brigar
é do que trata o segundo fator, que são as competências do convívio a dois. Daí
a importância de seguir uma etiqueta de casamento e convívio, que preserva o
casal e estabelece a conexão com o parceiro. Hanns acredita que manter boas
maneiras propicia o aumento da taxa de satisfação e, consequentemente, a
redução na de divórcio.
A varinha de condão de uma relação moderna,
que ajuda a ajustar as complementaridades, são os graus de consenso, o terceiro
fator. “A maioria dos casais tem um grau médio de consenso. A principal
divergência diz respeito a direitos e deveres de gênero e educação de filhos”,
aponta. Aliás, este é o grande motivo dos conflitos matrimoniais, pois a
maioria dos casais tem altas expectativas em relação a gostos e interesses em
comum.
Renato
Parada
O autor Luiz Hanns explica qual é a fórmula
para ter um casamento feliz.
De novo, na época dos nossos avós não era bem
assim. No casamento patriarcal os casais eram mestres em se conformar com seus
modelos de vida. “Eles não eram mais felizes do que nós, apenas eram mais
satisfeitos com o modo que viviam”, explica. Os usos e costumes eram mais
claramente estabelecidos e o casamento era indissolúvel. “Hoje qualquer
briguinha é motivo para pedir a separação. Isso porque as pessoas se incomodam muito
mais”.
“Nossos avós não eram mais felizes do que
nós, apenas eram mais satisfeitos com o modo que viviam".
O ponto quatro é a vida sexual, que pode ser
incrementada para não se tornar uma tumba matrimonial. “As competências do
convívio a dois não garantem o tesão, mas ajudam a manter o que existe e não
destruí-lo”, relaciona o terapeuta. A conexão emocional pode ajudar muito com
as assimetrias sexuais. Talvez porque ao longo do casamento as pessoas não
vivam na cama: há filhos, zeladorias domésticas, lazer. Portanto, não basta que
apenas a cama seja boa.
O quinto fator é o estresse. São os filhos
problemáticos, desemprego, problemas financeiros e até parentes invasivos. Como
frustrações externas são comuns na vida moderna, Hanns alerta que as pessoas estão
mais e mais nervosas. “Elas tendem a se tornar agressivas, intolerantes e
associar o parceiro a zeladorias chatas e o amante a momentos gostosos e
leves”.
Logo, quanto mais o casal tiver fontes de
gratificações externas, como vida social divertida, sucesso no trabalho, vida
familiar gratificante, melhores são as chances de não sobrecarregar a relação
com as frustrações. “Casais harmônicos que têm tudo podem sucumbir e se separar
se forem submetidos a um excesso de estresse”, diz.
O sexto fator tende a manter o casal mais
unido. Trata-se das vantagens de estar casado. “Este ajuda o casal a tolerar
mais, em prol do valor que se atribui a estar casado”, explica. As razões são
diversas: seja porque são dependentes do cônjuge ou porque têm medo de viver sozinhos.
Para avaliar o casamento e descobrir se ele é ótimo, médio ou insuportável,
some todos os fatores. Ao descobrir o peso de cada um deles, o casal saberá o
que poderá ou não ser mudado em sua relação, desde resgatar uma união em crise
a lidar com um caso de infidelidade, passando pelo ajuste da sintonia sexual.
Erros e soluções
Para superar as divergências, Hanns aconselha
ouvir o outro e construir um caminho junto ao cônjuge, aquele que contemple o
consenso. “É preciso entrar no conflito de maneira leal”, recomenda.
Portanto, não se pode usar uma comunicação
destrutiva, atribuindo intenções negativas ao outro. “É importante ser
específico ao dizer como se sente e ater-se ao mérito da questão”.
Um grande erro que pode marcar o resto do
casamento é antipatizar, fazer intrigas ou falar mal de parentes e amigos do
cônjuge. “Tem que ser agregador nas relações familiares e sociais”, Hanns
pontua.
Zombar do parceiro e fazer comparações com
outras pessoas em público também é um dos pecados do casamento. “Faça piadas
sobre si mesmo e fale sempre a partir da própria experiência”, recomenda.
Não há problema em errar. Mas é fundamental
aprender a pedir desculpas, manter a conexão emocional e a empatia com o
parceiro. De tempos em tempos, o especialista aconselha o casal a instituir uma
conversa em que cada um possa dizer ao outro do que sente falta, puxando sempre
pelo lado positivo. “Manter o contato e a abertura para entender as
necessidades do companheiro é importantíssimo”, diz Hanns, que finaliza: “Acima
de tudo, não se pode querer do outro o que ele não pode dar”.
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