'Não reconhecia o valor
dele', diz filho sobre pai que pagou por roubos
Servente de pedreiro procurou vítimas do filho para pagar
dívida.
Doadora ligou para vítima e pagou quantia que pedreiro quis
ressarcir.
Servente de pedreiro abraça o filho, que está preso em Jales.
O pai que assumiu o prejuízo que o filho causou a assaltar uma
farmácia e um posto de combustíveis em Jales (SP) reencontrou nesta
quinta-feira (24), pela primeira vez depois que foi preso, o filho, em visita a
cadeia da cidade. O jovem de 18 anos diz que está arrependido e que não
esperava que o pai fosse até os locais dos crimes quitar as dívidas com os
comerciantes. “Até então não reconhecia o valor que meu pai tinha, porque a
atitude que ele teve eu não esperava isso. Agora estou reconhecendo de como o
meu pai é guerreiro”, diz o jovem.
Na última semana, quando o jovem foi preso, o servente de
pedreiro Dorivaldo Porfírio de Lima procurou os donos dos estabelecimentos para
pagar a quantia que o filho teria roubado. Os dois não se viam há mais de 15
dias. Dorivaldo afirma que nunca tinha ficado tanto tempo longe do filho. Nesta
quinta-feira, ele acordou cedo para ver o caçula. “A gente não conseguia dormir
direito, só pensando que ele estava em um lugar que não deveria estar”, afirma
o pai.
O abraço foi apertado e cheio de emoção. Dorivaldo disse que
perdoa o filho, mas quer que ele se livre das drogas e volte a trabalhar. “Ele
mesmo admitiu o que fez foi errado, que não é certo, e já é difícil admitir
isso. Então agora é quando sair da cadeia é trabalhar e correr atrás da vida”,
afirma Lima.
Entenda o caso
Bruno foi flagrado no começo do mês com outro rapaz assaltando
um posto de combustíveis, logo depois a dupla roubou uma farmácia. Os dois
foram identificados pelas câmeras de segurança e presos. Assim que soube dos
assaltos, Dorivaldo voltou aos locais dos crimes e se comprometeu a quitar as
dívidas. Como ganha pouco, parcelou o valor em várias vezes.
A atitude do pai ganhou repercussão e comoveu muita gente. João
Durval Tesar, dono da farmácia assaltada, diz que o telefone não parava de
tocar, pessoas de longe querendo ajudar o servente a pagar a dívida do filho.
“Foi muita gente ligando, de várias cidades querendo saber da situação
financeira do pai, e achou o gesto dele de hombridade, honesta”, afirma.
Além da farmácia, anônimos quiseram pagar a dívida de R$ 900 com
o posto de combustível. Uma doadora da cidade de Blumenau (SC) ligou para o
dono do posto e pagou a quantia que o filho do pedreiro tinha roubado. “Ela me
ligou um dia perguntando se a história que tinha visto na televisão era
verdadeira e eu disse que sim, que tinha até as duplicatas da dívida. Dois dias
depois ela me ligou dizendo que depositou o dinheiro na minha conta. Ela se
sensibilizou com a história e, para mim, foi uma atitude muito generosa”,
afirma.
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