quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Loucura... Loucura...

‘Travesseironautas’ passam 21 dias na cama pelo bem da ciência
Experiência estuda os efeitos da permanência prolongada em ambiente de microgravidade no corpo humano
Cientistas testaram dieta e rotina de exercícios que pode diminuir a perda óssea e muscular.
Quantidade de oxigênio utilizada pelos voluntários foi medida para examinar as ligações entre dieta, respiração e consumo de energia.

‘Travesseironautas’ com roupas especiais para monitorar a quantidade de oxigênio consumida e de dióxido de carbono liberado em uma experiência que os obrigou a passar 21 dias na cama
Foto: ESA / Divulgação
‘Travesseironautas’ com roupas especiais para monitorar a quantidade de oxigênio consumida e de dióxido de carbono liberado em uma experiência que os obrigou a passar 21 dias na cama ESA / Divulgação.
TOLOUSE, FRANÇA - Os efeitos da microgravidade no corpo de astronautas e como lidar com eles da melhor maneira possível fez com que 12 voluntários passassem 21 dias na cama, sem levantar nem para ir ao banheiro. A experiência da Agência Espacial Europeia (ESA) foi a terceira e última desse ano. Os cientistas testaram uma combinação de dietas e exercícios para tentar chegar a uma melhor equação de como reduzir a perda óssea e muscular de viagens de longo prazo ao espaço.
O estudo recriou alguns aspectos do voo espacial, por isso os voluntários ficaram os 21 dias com o pé para cima e a cabeça abaixo da linha do corpo. Descansar e ser pago para isso pode até parecer uma boa proposta, mas os participantes afirmaram que lidar com a monotonia, testes constantes e uma dieta rigorosa sem poder levantar, esticar o corpo, tomar ar fresco ou um simples banho foi um desafio e tanto.
- Os primeiros dias de cada sessão foram os piores - disse Marc Marenco, um dos voluntário do programa, ao site da ESA. - O corpo precisa se adaptar e eu tive enxaquecas e dores nas costas.
Terceiro estudo de 21 dias realizado este ano no MEDES, centro de pesquisa clínica em Toulouse, França, a experiência utilizou uma dieta altamente proteica com uma rotina de exercícios que envolvia fazer agachamentos de cabeça para baixo entre placas vibrando. A respiração dos voluntários também foi monitorada, pois os pesquisadores queriam saber a quantidade de oxigênio que cada pessoa respira e quanto dióxido de carbono sai, como uma forma de estudar as ligações entre dieta, respiração e consumo de energia.
Após os dias de sacrifício pela ciência, os “travesseironautas“ (”pillownauts“ no termo em inglês), disseram sentir orgulho da contribuição que prestaram para a ciência da exploração espacial humana.
- Nós somos uma referência para muitos artigos e eu acho que os dados vão ajudar os cientistas a avançar mais um passo em sua pesquisa - afirmou o voluntário Daniel Fandino.
Assim como os astronautas de verdade, os “travesseironautas” tiveram que se readaptar à vida em pé, e fizeram alguns exames antes de serem liberados. Os dados da experiência, feita em conjunto com a CNES, agência espacial da França, ainda serão estudados, mas novos testes já estão marcados para 2015, com uma duração ainda maior: 60 dias.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/travesseironautas-passam-21-dias-na-cama-pelo-bem-da-ciencia-10499651#ixzz2ia8ZyOVu
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