Sem vaga
para a mãe com câncer, mulher dá tapa na cara de prefeito
Mulher diz ter sido ofendida após pedir atendimento em
Dumont (SP).
Idosa teve internação negada após 12 horas de espera,
alega filha.
Janete, de 48 anos, disse ter agredido prefeito após
pedir atendimento para sua mãe com câncer.
Janete disse ter agredido prefeito após pedir
atendimento para a mãe.
Uma mulher agrediu, com um tapa na cara, o prefeito de
Dumont (SP), Adelino da Silva Carneiro (PSD), na tarde de terça-feira (31),
alegando ter sido ofendida pelo chefe do Executivo por reivindicar melhor
atendimento para a mãe com câncer. Janete Dutra, de 48 anos, afirma que Maria
de Lourdes Oloco Camargo, de 78 anos, ficou por mais de 12 horas sem receber
atendimento e que foi tratada com descaso. Em nota, a Prefeitura informou que a
agressão ao prefeito não teve justificativa e que o atendimento foi oferecido à
paciente. Segundo a Polícia Civil, a mulher e o prefeito registraram boletim de
ocorrência e ainda serão ouvidos.
Janete relata que foi até a Prefeitura na terça-feira
depois que o caso de sua mãe, com câncer de laringe há três anos e problemas
pulmonares há quatro anos, foi encarado, segundo ela, com descaso pela unidade
mista de saúde da cidade. Ao cobrar melhor atendimento, ela alega ter sido
recebida com ofensas pelo prefeito. “Ele me atendeu na varanda da Prefeitura. Depois
da conversa, eu já estava indo embora quando ele me chamou de vagabunda.
Perguntei: 'o que você falou?'. Ele disse de novo: 'vagabunda!'. Aí eu dei um
tapa na cara dele. Ele ameaçou vir pra cima de mim, armou o braço, mas umas
pessoas que estavam trabalhando lá seguraram e o trancaram lá dentro”, diz
Janete, que após o ocorrido registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil
contra o chefe do Executivo por agressão verbal.
A moradora afirma que procurou falar com o prefeito
como última tentativa de conseguir internação para sua mãe com câncer na
unidade mista de saúde de Dumont. De acordo com ela, a busca começou no sábado
(26), quando Maria de Lourdes teria ficado 12 horas esperando até ter o
atendimento negado porque seu estado de saúde foi considerado terminal. “Minha
mãe não acordava, expelia uma secreção muito forte. Ela precisava de
atendimento. (...) Fui perguntar como funcionava para conseguir uma vaga em um
dos leitos e me disseram que minha mãe não foi internada porque ela não
aguentaria até segunda-feira (28).”
No início desta semana, Janete conta que, por um apelo
da família, a secretária de Saúde, Crisley Roberta Alves, e um médico visitaram
sua mãe em casa, mas, mais uma vez, trataram o caso como sem solução e não
ofereceram nenhuma assistência. “Eles chegaram na minha casa e o médico agachou
ao lado da minha mãe e perguntou se ela estava acordada. Depois começou a dizer
que ela estava cansada, que estava muito doente e que ela iria descansar em
breve do outro lado, que algo muito bonito esperava por ela. Depois que ele
soube que ela luta contra o câncer há três anos, me deu os parabéns e disse que
ela tinha superado as expectativas. Depois, deu as costas e foi embora”, afirma
Janete.
A filha alega que pediu ajuda à secretária, mas esta
teria a aconselhado a não dar mais soro, nem levá-la ao hospital, pois não
havia mais o que fazer. “Minha mãe está em uma situação irreversível. Eu sei
disso, os atendimentos que fazemos são paliativos. O que quero é amenizar a dor
e seu sofrimento. (...) Hoje minha mãe deu resposta muito boa, abrindo o olho,
conseguiu se sentar. Queria que vissem como minha mãe melhorou."
Prefeitura
Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de
Dumont informou que o atendimento à paciente Maria de Lourdes foi realizado
normalmente e que Adelino da Silva Carneiro foi agredido sem justificativa. A
administração municipal alega que, em
nenhum momento, o prefeito tentou revidar a agressão. A Prefeitura informou
ainda que “tomará as medidas cabíveis contra a agressora”.
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