Traduza-se black bloc para português:
bandido
Centro de São
Paulo, noite de sexta-feira (25/10): mais depredação e muito mais violência.
Em junho,
quando as ruas ferveram, eles eram chamados de “minoria de vândalos”.
Infiltravam-se nos protestos e, do meio para o final, transformavam pacíficas
manifestações em surtos de desordem. Eles eram poucos. Mas foram ganhando a
adesão de uma legião de desocupados. Gente que enxergou na algazarra uma
oportunidade para realizar saques e pequenos furtos.
A violência
foi ganhando ares de rotina. Eles investiam contra policiais e jornalistas,
incendiavam ônibus, depredavam estações de metrô, atacavam agências bancárias,
destruíam caixas eletrônicos, estilhaçavam vitrines de lojas, lançavam coquetéis
molotov em prédios públicos… Aos pouquinhos, foram migrando dos rodapés de
página para as manchetes.
Com o passar
dos dias, verificou-se que eles macaqueavam ativistas europeus e americanos.
Imitavam-nos nas vestes, no gestual e nos métodos. Ganharam apelido chique:
black blocs. E a destruição passou a ser justificada como “protesto consciente
de inspiração anarquista”. Supremo paradoxo: disfarçados de inimigos do
capitalismo, estudantes bem-nascidos tornaram-se um estorvo para a gente
simples das cidades.
Exaltados
pela imprensa dita alternativa, do tipo Ninja, eles ganharam a cena.
Intimidada, a polícia assistiu, por vezes passivamente, ao recrudescimento da
violência. Amedrontada, a rapaziada pacífica voltou para casa. O ronco do
asfalto virou lamúria. Numa visita às ruas de São Paulo, os pesquisadores do
Datafolha acabam de verificar que 95% dos paulistanos não suporta mais a
anarquia.
Já passou da
hora de definir melhor as coisas. Está nas ruas uma estudantada corpulenta, de
cara coberta e violenta. Esse grupelho adquiriu o vício orgânico de tramar
contra o sossego alheio. Vândalos? É muito pouco! Black Blocs? O escambau!
Traduza-se para o português: bandidos, eis o que são.
Num instante
em que a sociedade se escandaliza com os PMs que torturaram e mataram Amarildo
numa unidade pseudopacificadora da favela do Rio, convém abrir os olhos para as
atrocidades cometidas pela bandidagem que faz Bakunin revirar no túmulo. Repare
nas duas cenas que se seguem:
Cena 1: A
selvageria
“Pega,
peeega, peeeeeega!” Estamos no centro de São Paulo, no meio de mais uma
manifestação promovida pelo Movimento Passe Livre, cujo objetivo declarado é o
de zerar as tarifas de ônibus, metrô e trem. É sexta-feira (25/10), 20h20.
Selvagens com
os rostos cobertos cercam o coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi.
Passam a agredi-lo com pauladas e pontapés. Imprensado contra uma pilastra, o
soldado cai.
“Eu me
recordo que eu fui projetado ao solo a partir de uma pancada na cabeça que eu
levei”, Reynaldo contaria depois. No solo, ele ainda tenta proteger a cabeça
com as mãos. Inútil. Intensificam-se os golpes.
Zonzo,
Reynaldo se levanta. É empurrado pelas costas. À sua direita, um dos agressores
o atinge com uma chapa metálica bem na cabeça. Ele corre. Os algozes o
perseguem. “Na segunda onda de agressões, eu já estava perdendo um pouco a
lucidez”, diria depois da surra. Foi então que, empunhando o revólver, um
soldado metido em roupas civis resgata o coronel Reynaldo, livrando-o dos seus
torturadores.
Cena 2: A
sensatez
Já sob a
proteção de seus soldados, o coronel Reynaldo faz cara de dor. Antes de se
enfiar no banco traseiro da viatura policial que o levaria para o hospital, ele
pronuncia uma derradeira ordem. Em meio à insensatez, o coronel diz algo
sensato: “Não deixa a tropa perder a cabeça!”
Reynaldo
passou a noite no hospital. No dia seguinte, com um dos braços na tipoia, ele
contabilizou os prejuízos: “Eu tenho os dois omoplatas fraturados: um,
integralmente; outro, parcialmente. Tenho lesões na perna, no abdômen, e tenho
duas lesões na cabeça.”
Tardiamente,
as polícias do Rio e de São Paulo começam a lidar com a tribo dos sem-rosto de
maneira mais profissionalizada. Para evitar o moto-contínuo das prisões que
duram menos de uma noite, reúnem provas que permitirão aos juízes impor aos
criminosos penas compatíveis com os seus crimes.
Até Dilma
Rousseff já acordou: “Agredir e depredar não fazem parte da liberdade de
manifestação. Pelo contrário”, ela escreveu no Twitter. “Presto minha
solidariedade ao coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, agredido covardemente por
um grupo de black blocs em SP”, acrescentou. Alvíssaras!
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