quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Entendendo...

Seres humanos: Produtores e produtos do conhecimento
O conhecimento pode ser transmitido através das gerações, por meio dos processos de socialização e de interação social. Dessa interação com o mundo ao seu redor, o homem produz e reproduz conhecimento e informação.
 
O conhecimento pode ser transmitido através das gerações, por meio dos processos de socialização e de interação social.

Assim como outros animais, o homem também reproduziu meios de convivência em comunidade, além de ter desenvolvido formas de sobrevivência e defesa. Contudo, fez isso da forma mais complexa possível, produzindo sociedades, valores, costumes, enfim, produzindo cultura. 

Se por um lado existem habilidades humanas que podem ser dadas por instinto, há outras que requerem treino, aprendizado, assimilação de um conhecimento. Estas, certamente, não poderão prescindir de um processo de educação, seja ele sistemático (como se vê na escola), seja ele menos formal, promovido pelos pais, familiares, meio social e cultural no qual o indivíduo está inserido.

As culturas humanas criaram formas específicas de interagir com a natureza para que os homens suprissem suas próprias necessidades, assim como para que pudessem interagir entre si. Dessa forma, este aprendizado é transmitido através das gerações, por meio dos processos de socialização e de interação social. Isso significa dizer que uma condição de isolamento total de qualquer um de nós, desde o nascimento, impediria o desenvolvimento de características consideradas de fato humanas.

No isolamento, apenas as reações mais instintivas estariam garantidas. Esse é o caso do personagem de “O enigma de Kaspar Hauser”, um filme do alemão Werner Herzog, produzido na década de 1970. Essa obra cinematográfica conta a história de um homem que desde seu nascimento até boa parte da sua vida adulta esteve isolado, enfrentando as mais diversas dificuldades em um tardio processo de socialização. 

Ao ser socializado, sai de uma situação de alienação total da realidade a sua volta, tornando-se alguém com pontos de vista críticos em relação ao próprio contexto em que estava inserido. Em outras palavras, se antes não conhecia ou assimilava os códigos da sociedade (ou qualquer tipo de saber ou conhecimento que lhe tornaria de fato um ser social), passa a compreendê-los, a ponto de ter uma opinião sobre eles. 

Uma das principais dificuldades enfrentadas por Kaspar Hauser era sua falta de habilidade em poder se comunicar com o mundo a sua volta. Isso nos faz pensar na enorme importância da linguagem, assim como nos sistemas de símbolos como um todo. Os símbolos e as interações são importantes para a transmissão do conhecimento através da comunicação.

O homem tenta dominar o mundo que o rodeia desenvolvendo habilidades, atribuindo significado e sentido para as coisas, além de dominar as noções de tempo e de espaço tão fundamentais para a organização de sua vida. Nesse sentido, criam-se culturas humanas as quais, grosso modo, consistem em sistemas de pensamento, de costumes, de conhecimentos e saberes específicos para a organização da vida, e que variam e se modificam entre as sociedades.

Dessa interação com o mundo ao seu redor, o homem produz e reproduz conhecimento e informação, exercício esse que permitiu o nascimento da ciência como produto do pensamento humano, fruto dessa ânsia por saber, por querer explicar, conhecer, dominar, querer transformar. Podemos dizer que o conhecimento produzido pelo homem começa a ser uma ferramenta para vida, para vencer obstáculos. 

Mas como produzimos esse conhecimento ao longo dos séculos? Embora produzida pelos homens, a ciência sempre está a seu favor? Essa produção teria obedecido aos mesmos critérios desde sempre? Informação e conhecimento são a mesma coisa? Considerando as consequências à vida moderna de um desenvolvimento tão acelerado da ciência, bem como o agravamento de alguns problemas sociais na sociedade capitalista, podemos ou não reavaliar os rumos da produção do pensamento humano e os desejos de domínio da natureza? Vale a reflexão.

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