Seres
humanos: Produtores e produtos do conhecimento
O conhecimento pode ser transmitido através das
gerações, por meio dos processos de socialização e de interação social. Dessa
interação com o mundo ao seu redor, o homem produz e reproduz conhecimento e
informação.
O conhecimento pode ser transmitido através das
gerações, por meio dos processos de socialização e de interação social.
Assim como outros animais, o homem também reproduziu
meios de convivência em comunidade, além de ter desenvolvido formas de
sobrevivência e defesa. Contudo, fez isso da forma mais complexa possível,
produzindo sociedades, valores, costumes, enfim, produzindo cultura.
Se por um
lado existem habilidades humanas que podem ser dadas por instinto, há outras
que requerem treino, aprendizado, assimilação de um conhecimento. Estas,
certamente, não poderão prescindir de um processo de educação, seja ele
sistemático (como se vê na escola), seja ele menos formal, promovido pelos
pais, familiares, meio social e cultural no qual o indivíduo está inserido.
As culturas humanas criaram formas específicas de
interagir com a natureza para que os homens suprissem suas próprias
necessidades, assim como para que pudessem interagir entre si. Dessa forma,
este aprendizado é transmitido através das gerações, por meio dos processos de
socialização e de interação social. Isso significa dizer que uma condição de
isolamento total de qualquer um de nós, desde o nascimento, impediria o
desenvolvimento de características consideradas de fato humanas.
No isolamento, apenas as reações mais instintivas
estariam garantidas. Esse é o caso do personagem de “O enigma de Kaspar
Hauser”, um filme do alemão Werner Herzog, produzido na década de 1970. Essa
obra cinematográfica conta a história de um homem que desde seu nascimento até
boa parte da sua vida adulta esteve isolado, enfrentando as mais diversas
dificuldades em um tardio processo de socialização.
Ao ser socializado, sai de
uma situação de alienação total da realidade a sua volta, tornando-se alguém
com pontos de vista críticos em relação ao próprio contexto em que estava
inserido. Em outras palavras, se antes não conhecia ou assimilava os códigos da
sociedade (ou qualquer tipo de saber ou conhecimento que lhe tornaria de fato
um ser social), passa a compreendê-los, a ponto de ter uma opinião sobre eles.
Uma das principais dificuldades enfrentadas por Kaspar Hauser era sua falta de
habilidade em poder se comunicar com o mundo a sua volta. Isso nos faz pensar
na enorme importância da linguagem, assim como nos sistemas de símbolos como um
todo. Os símbolos e as interações são importantes para a transmissão do conhecimento
através da comunicação.
O homem tenta dominar o mundo que o rodeia
desenvolvendo habilidades, atribuindo significado e sentido para as coisas,
além de dominar as noções de tempo e de espaço tão fundamentais para a
organização de sua vida. Nesse sentido, criam-se culturas humanas as quais,
grosso modo, consistem em sistemas de pensamento, de costumes, de conhecimentos
e saberes específicos para a organização da vida, e que variam e se modificam
entre as sociedades.
Dessa interação com o mundo ao seu redor, o homem
produz e reproduz conhecimento e informação, exercício esse que permitiu o
nascimento da ciência como produto do pensamento humano, fruto dessa ânsia por
saber, por querer explicar, conhecer, dominar, querer transformar. Podemos
dizer que o conhecimento produzido pelo homem começa a ser uma ferramenta para
vida, para vencer obstáculos.
Mas como produzimos esse conhecimento ao longo
dos séculos? Embora produzida pelos homens, a ciência sempre está a seu favor?
Essa produção teria obedecido aos mesmos critérios desde sempre? Informação e
conhecimento são a mesma coisa? Considerando as consequências à vida moderna de
um desenvolvimento tão acelerado da ciência, bem como o agravamento de alguns
problemas sociais na sociedade capitalista, podemos ou não reavaliar os rumos
da produção do pensamento humano e os desejos de domínio da natureza? Vale a
reflexão.
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