quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Arte...

Música de Protesto
Green Day: Grupo que protesta a invasão norte-americana no Iraque.

A música para a maioria das pessoas é uma forma de expressar sentimentos, desejos, frustrações, conceito que não está muito longe da realidade, pois durante muito tempo a música foi utilizada como forma de “abrir os olhos da humanidade” para as questões que afligiam o mundo, como a guerra, a discriminação, a opressão, etc.

Para muitos músicos, a canção não deve falar de coisas banais, mas sim, explorar letras na tentativa de mudar a realidade cruel em que grande parte do mundo vive, é buscar através da música a liberdade para a humanidade. A música com referência ideológica existe há muito tempo, mas foi a partir da década de 1960 que a música, como forma de protesto, ganhou popularidade, em especial com as bandas britânicas Beatles e Rolling Stones, com a expressividade do rock. Levantando diversas questões como, por exemplo, discussões em favor da liberdade de expressão, pelo fim das guerras e do desarmamento nuclear, idealizando um mundo de “paz e amor”, com músicas como; “Revolution” (Beatles) e “We Love You” (Rolling Stones). Durante a Guerra do Vietnã, outras bandas entraram na onda de protestos. Em 1964, no Brasil, a repressão e a censura instauradas pelo regime militar deram origem a movimentos musicais que viam na música uma forma de criticar o governo e de chamar a população para lutar contra a ditadura. Os grandes nomes desse período foram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, entre outros. Usando na letra de suas músicas metáforas e ambiguidades, títulos como: “É Proibido Proibir”, “Que as Crianças Cantem Livres” e “Para Não Dizer que Não Falei das Flores” fizeram sucesso na época e até hoje ainda fazem.
Foram diversas as canções que falavam da maneira insana que o regime controlava e tratava a população. Já nos anos 70, surgiu o famoso movimento punk rock, representados por bandas como o The Ramones, Sex Pistols e The Clash, esses faziam criticas à Guerra Fria, ao nacionalismo e à monarquia britânica.

Nesse mesmo período surgiu o reggae, na Jamaica, que trazia em suas letras mensagens de protesto e conscientização quanto aos problemas da época. Nos anos 80 e 90, surgiram as principais referências musicais da atualidade. Uma das principais bandas foi a irlandesesa U2, fazendo sucesso com a música “Sunday Bloody Sunday”, letra que trazia o desabafo e a indignação dos cantores contra a intolerância religiosa entre protestantes e católicos que resultou na morte de dezenas de pessoas, fato ocorrido em 1972, em Derry, na Irlanda do Norte. Além do U2, muitas outras bandas se engajaram em causas humanitárias e ambientalistas como, por exemplo, a banda australiana Midnight Oil. Já no Brasil os anos 80 marcaram o surgimento dos principais nomes do rock nacional, em especial as bandas nascidas em Brasília e São Paulo como Legião Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Titãs. Cada uma trazendo seu próprio estilo e suas indignações contra os problemas e a enganação da sociedade. Na música “Geração Coca-Cola” do grupo Legião Urbana, é possível ver a indignação contra a soberania norte-americana sobre o Brasil e os demais países:

(Composição: Renato Russo/ Fê Lemos)

“Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis.

Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser

Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola”

E foi com esse tipo de letra que essas bandas fizeram e ainda fazem sucesso entre os jovens. Onde todos têm o sonho de fazer a revolução, de mudar a realidade do mundo. Hoje, existem muitos grupos de referência mundial, que fazem sucesso com suas letras de protesto, como a estadunidense Green Day com a música “American Idiot” (Idiota Americano) que manifesta sua oposição à presença militar dos EUA no Iraque:

“Não quero ser um idiota americano.
Uma nação governada pela mídia.
Informações da idade da histeria.
Está chamando um idiota americano.
Bem-vindo a um novo tipo de tensão.
Por toda a “alien-nação”,
Onde tudo não é feito para ser certo.
A televisão sonha com amanhã.
Nós não somos o que pretendemos seguir.
E isso é o suficiente para discutir.”

Essas bandas atuais e de caráter revolucionário demonstram o quanto a música ainda é um forte instrumento de manifestação contra o avanço do desenvolvimento desordenado no planeta, autoritarismo e intolerância. A música de protesto há muito tempo deixou de ser exclusiva de alguns grupos, ultrapassando a esfera do rock e atingindo outros estilos, hoje o Rap é um dos ritmos mais conceituados da atualidade, apresentando letras de protesto contra as desigualdades sociais, raciais e religiosas.

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