O anarquismo da ciência segundo Feyerabend
Para o filósofo, a escolha pela ciência é estética.
Paul Feyerabend
representa a radicalização sobre os fundamentos da ciência. Ele postula que a
ciência é uma atividade metodologicamente anárquica e que é apenas um dos modos
de vida possíveis. Isto porque há vários fatores que determinam o desenvolvimento
científico, desde a metafísica até a política e a economia.
Segundo Feyerabend, a
ciência, assim como a religião, foi imposta pela cultura ocidental de forma
unilateral. No entanto, embora a religião não mais esteja vinculada ao Estado e
possa ser de livre escolha, a ciência ainda não conseguiu se dissociar (melhor
seria dizer que o Estado não conseguiu ainda se desvincular da ciência). Basta
imaginar, por exemplo, quantos projetos existem que teoricamente são viáveis,
do ponto de vista científico, como carros à água, hidrogênio, etc., mas que são
engavetados ou não se tornam uma realidade em razão de interesses de grupos
econômicos (petrolíferos, por exemplo) que financiam políticos para atuarem a
seu favor.
Para o filósofo, a
escolha pela ciência é estética, subjetiva, isto é, depende de uma aceitação
que ainda só é aderida massivamente por ter sido imposta como modo de vida
superior. A ciência, enquanto conhecimento, não deveria distinguir-se da não
ciência, ou seja, da metafísica, do mito, da poesia etc. Já que, para
Feyerabend, não há universalidade metodológica, o que decorre em um pluralismo
teórico, no qual as formas de vida e pensamento possam coexistir
democraticamente.
Feyerabend vê no
justificacionismo uma importante e necessária interação entre o contexto de
justificação e o contexto de descoberta, já que, isolados, são prejudiciais à
ciência. É uma tentativa de identificar o conhecimento empírico, não a partir
de prescrições (como para Popper) nem somente de descrições (como para Kuhn).
Visa, portanto, colocar as hipóteses em debate e votação como em uma sociedade
democrática, já que mito e ciência têm a mesma estrutura, evidenciando, assim,
que a separação é artificial.
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