Ó,
negligente Musa, que desculpas me darás
Por
faltares com a verdade tingindo-a com a beleza?
Do
belo e da verdade depende o meu amor;
E
tu, também, para te tornares digna.
Responde,
Musa: não me dirás, alegremente,
“A
verdade não precisa de tom por ter sua própria cor,
Nem
a verdade, de lápis para desenhá-la;
Mas
o bom é o melhor, se jamais for corrompido?”–
Por
ele não precisar de elogios, te entorpecerás?
Não
desculpes o silêncio; por depender de ti
Para
fazê-lo viver além da dourada tumba,
E
ser aclamado longamente no porvir.
Assim,
cumpre teu ofício, Musa; te ensinarei como
Fazê-lo
parecer profundo então como se parece agora.
http://sonetosdeshakespeare.blogspot.com.br/2009/07/soneto-101-o-negligente-musa-que.html
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