MST faz bloqueios simultâneos em rodovias pelo país; Anhanguera
é fechada em SP
No segundo dia
de ações do “Abril Vermelho”, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) realizaram “trancaços” simultâneos em várias rodovias e
estradas vicinais do país nesta terça-feira (17).
O
movimento cobra punição aos responsáveis pelo Massacre de Eldorado do Carajás
(PA), que hoje completa 16 anos.
As vias foram
bloqueadas por volta das 9h, por 21 minutos, em referência às 21 vítimas do
massacre, segundo contabilização do movimento --para a polícia paraense, foram
19 mortos.
Em São Paulo,
os manifestantes bloquearam a rodovia Anhanguera no km 27, na chegada à
capital. Segundo o movimento, a mesma rodovia foi bloqueada em Hortolândia e em
Ribeirão Preto. Também houve “trancaços” na rodovia Marechal Rondon e no Pontal
do Paranapanema.
Sem-terra
realizam manifestações pelo país. O bloqueio no km 27 da Anhanguera começou por
volta de 8h15. Cerca de 400 manifestantes fizeram um ato, com faixas e
alegorias, para lembrar as vítimas do massacre. A escola de samba Unidos da
Lona Preta, ligada ao MST, também se apresentou enquanto a rodovia ficou
bloqueada. Os ativistas distribuíram aos motoristas alimentos produzidos na
Comuna Irmã Alberta, que fica perto da Anhanguera.
O bloqueio
provocou longas filas de congestionamento, o que irritou alguns motoristas e
motociclistas. Não houve, entretanto, registro de violência. Também na manhã de
hoje o MST realizou ocupações de fazendas em diversos Estados. As ações exigem que as vítimas do massacre
sejam indenizadas pelas sequelas e mutilações sofridas, já que, segundo o
movimento, a maior parte dos sobreviventes ainda não recebe indenização.
Dos 154
policiais militares indiciados pelo massacre na época, apenas dois foram
condenados: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria. Ambos foram
condenados no Tribunal do Júri, mas recorreram em instâncias superiores e
respondem em liberdade. O último recurso aguarda julgamento no STF (Supremo
Tribunal Federal).
Segundo dia de
manifestações. Ontem (17), o MST realizou ações 46 ocupações de terra e prédios
públicos em 17 Estados e também no Distrito Federal, onde 1.500 de
manifestantes ocuparam o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para
exigir que o governo federal cumpra as promessas que fez ao sem-terra em agosto
do ano passado. O ministro Pepe Vargas declarou que só conversará com o
movimento quando o prédio for desocupado.
Reforma
agrária. Dados do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) apontam que o número de
desapropriações de terra para fins de reforma agrária no primeiro ano do
governo Dilma Rousseff foi o menor dos últimos 16 anos. Segundo o MST, o
Ministério do Planejamento decidiu, em abril, cortar 60% dos recursos do Incra,
o que, segundo o movimento, impedirá novas desapropriações e investimentos em
programas de assistência técnica e de educação nos assentamentos. Os sem-terra
querem que o orçamento do Incra seja reposto e pedem uma audiência com a presidente
Dilma Rousseff. O MST reivindica ainda um plano emergencial para assentar 186
mil famílias acampadas pelo país e a criação de um programa de desenvolvimento
dos assentamentos, com investimentos em habitação rural, educação, saúde e
crédito agrícola.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/04/17/mst-faz-bloqueios-simultaneos-em-rodovias-pelo-pais-anhanguera-e-fechada-em-sp.htm
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